Me ame

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Acordo e percebo que ainda está muito cedo para ir para o colégio, porém já ouço movimentos na casa. Ignoro o barulho vindo da cozinha e vou para o banheiro, abro a porta e vejo André fazendo xixi tranquilamente. Ele me olha e sorri.

- Bom dia, Alisson! Não sabia que acordava tão cedo. - falou tranquilamente.

- Oh Meu Deus! Desculpa... - viro de costa para ele - Não sabia que estava aqui dentro!

- Tranquila, lindinha. Não tem nada aqui que você já não tenha visto.

Sinto borboletas brava em meu estômago, mas ignoro elas. - É, mas xixi é um momento íntimo! Só você e o vaso.

Ele ri. Sua risada é gostosa. Me desmonta. Me faz ficar mole. Eu odeio a risada dele, odeio de verdade.

- Te odeio, André. - me viro e ele ainda está sorrindo enquanto abotoa a calça Jeans. - Sai que agora é a minha vez

Ele se aproxima de mim. - Odeia nada! Pode usar madame e eu te empresto minha escova de dente.

Aperto meu olhar para ele diante essa indireta. - Não quero sua escova de dente. Agora, saia! - o empurro banheiro a fora. Fecho a porta e tranco.

Sento no vaso refletindo sobre a vida enquanto fazia as necessidades. Depois de ter feito xixi e de muito pensar, vou para a pia, coloco a pasta em meu dedo quando vejo algo muito estranho: Uma escova de dente rosa, com um papel pregado nela como nos tempos dá pré escola, estava escrito Alisson.

Dou um surto de risadas e pego a escova.

Depois de ter feito minha higiene pessoal pego meu óleo e meu creme para dar um jeito no meu cabelo.

- Bom dia, Ali! Fiz um bolo delicioso de chocolate e alguns pães caseiros. Você quer? - Tânia pergunta se sentando no outro sofá enquanto arrumo meu cabelo.

- Não gosto de comer antes das nove. Na verdade, eu não gosto muito do café da manhã.

- Ali, o café da manhã é a refeição mais importante do dia.

- Não na minha casa! A refeição mais importante é o almoço. - ela sorri, mas não discute. Porém, acabo comendo um pouco do seu pão caseiro para não fazer desfeita. - Tânia, porque está de pé as cinco e meia?

- Eu estou indo trabalhar novamente! - respondeu com um sorriso ilustre.

- O que? Como assim? - pergunto mais do que animada.

- Já faz três dias que estou nesse trabalho.

- Está dando aula?

- Sim. Dou aula de português para o nono ano! Eu já estava com saudades... Trabalho só no período da manhã. Abracei meu tratamento, Ali! Depressão nunca mais...

- Você não parecia sofrer de depressão. - comento refletindo. Será que passei tanto tempo presa em mim que fui incapaz de olhar ao redor? Não fui capaz de enxergar as pessoas que tanto amo.

- Nunca parece não é? Enfim... Estou começando aos poucos conforme a ordem do psicólogo. Ele pediu para que eu volte para o trabalho aos poucos e com César me apoiando me sinto uma pessoa muito forte.

- Olha o que o amor não faz! - brinco. - Agora que minha amiga voltou a ser professora de português nem mando mais mensagens no chat.

Ela ri - Você não não tão ruim escrevendo, dá para o gasto. Tem que treinar para o Enem, filha! Venha aqui nos fins de semana e lhe darei aula de redação.

- Sei não... Já estudo a semana inteira!

- Não seja preguiçosa. - ela se levanta do sofá e olha em direção ao corredor dos quartos. Ela anda em direção ao quarto de André, ouço uma batida na porta dele e suponho que ela tenha entrado. Após alguns segundos sai de lá ainda xingando - Vou chegar atrasada porque você fica aí enrolando. Anda André. Já estou descendo. - pegou sua bolsa na mesa, me jogou um beijinho e se despediu.

Diário de uma VirgemOnde histórias criam vida. Descubra agora