Capítulo 7

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Capítulo 07

No dia seguinte, logo pela manhã, Aline e Clara encontraram Pedro e mais dois amigos em frente ao futuro ex prédio de Aline.
- Bom dia, meninas – Pedro sorriu ao ver as duas. Ele usava óculos escuro, o que só destaca seu cabelo loiro.
- Bom dia – As duas responderam. E Clara mordiscava o lábio inferior, o que costumava fazer quando estava desconfortável.
- Estes são Renato e Vinicius – Pedro os apresentou e os rapazes acenaram de onde estavam.
- Obrigada mesmo, gente – Aline agradeceu enquanto eles entravam no prédio.
- Não tem problema – Renato disse – Até porque vamos rangar na faixa mais tarde – Ele riu e bateu no ombro de Vicinius.
Aline riu da cara da amiga enquanto chamava o elevador.

Minutos depois os três rapazes estavam desmontando o guardarroupa de Aline com tamanha facilidade, que Clara ficou impressionada.
- Uau. Vocês já pensaram em trabalhar com isso? – Ela riu.
- Pode ser uma opção, caso a banda não dê certo – Vinicius tirou o cabelo suado da testa e deu de ombros.
- Banda? – Clara perguntou, interessada.
- Sim, temos uma banda – Vinicius respondeu, enquanto desparafusava uma prateleira.
- Você não me contou isso – Clara disse, virando-se para Pedro e no mesmo instante o rapaz tirou a blusa azul marinho que vestia. Clara engoliu em seco.
- Você nunca me perguntou – Pedro deu de ombros.
- Isso é porque o Pedro não leva a banda a sério – Renato se manifestou – Ele tem outro emprego, né? O Vini e eu não. Somos músicos em tempo integral.
- Ei! – Pedro fingiu uma pseudo irritação – Eu nunca disse que não levava a banda a sério.
Clara aproveitou que os rapazes começaram uma pequena discussão a respeito da tal banda e saiu do quarto. Não achava que seria muito bom para sua sanidade ficar em um cômodo pequeno com Pedro sem camisa.
Encontrou a amiga debruçada na varanda da sala. Assim que se aproximou, percebeu que Aline chorava silenciosamente. Clara apenas a abraçou e Aline chorou abertamente.
- Não era pra ser assim – Aline sussurrava, em meio às lágrimas. – Isso não é justo.
- Não mesmo – Clara alisava o cabelo da amiga – Mas a vida não é justa.
- O que eu fiz de errado, Clara? Eu sempre fui a namorada perfeita!
- Ei, quem disse que a culpa disso tudo é sua? Não é mesmo. Pode parar de pensar assim. O Márcio é um idiota e você não precisa dele.
- Eu perdi tudo – Aline disse, piscando com força e deixando as lágrimas rolarem.
- Não, você não perdeu tudo. Você só precisa de um recomeço.
Antes que Aline pudesse responder, Pedro apareceu na sala.
- Vamos levar o guardarroupa pra caminhonete.
Aline não virou-se, de modo que o rapaz não podia ver seu rosto.
- Ta tudo bem? – Ele perguntou, sem emitir som.
- Vai ficar – Clara respondeu do mesmo jeito e Pedro assentiu.
As duas ficaram na varanda em silêncio, apenas sentindo a brisa leve da manhã. Aos poucos Aline foi se acalmando e o choro parou.
Minutos depois, os rapazes voltaram. Renato e Vinicius foram direto para o outro cômodo, enquanto Pedro foi até elas.
- Ei... – Ele chamou – Só pra adoçar o dia de vocês. – Ele entregou um barra de chocolate pra cada e pra Aline uma margarida pequena.
- Obrigada! – Ela disse, imediatamente abrindo o chocolate.
Clara apenas sorriu e assentiu para o rapaz que lhe devolveu um sorriso apaixonante.
E então, antes que Aline pudesse pensar, o apartamento estava todo vazio. Os rapazes haviam desmontado e levado pra caminhonete todos os móveis, e as aguardavam lá embaixo.
- Ta pronta? – Clara perguntou, segurando a mão da amiga.
Aline respirou fundo. Ela olhou para suas mãos entrelaçadas e depois para o rosto da amiga.
- To sim.
Na verdade ela não estava. Em menos de uma semana perdera todas as coisas das quais tinha certeza em sua vida. Aline já ouvira histórias tristes sobre pessoas que perderam o namorado ou namorada, o emprego, a casa. Mas nunca conheceu ninguém que havia perdido tudo isso ao mesmo tempo. E além de tudo não tinha o apoio do pai. Então, não. Ela não estava nenhum pouco pronta.
Mas não podia desistir. Tinha que tentar, senão por ela, pelo seu bebê. Clara estava certa, precisava de um recomeço. Aline respirou fundo e segurou o choro.
Ela trancou o apartamento e chamou o elevador. 

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