Capítulo 34

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Capítulo 34

Fred caiu na gargalhada quando Aline lhe contou sobre o almoço na casa dos pais.
- Miga, sua louca! – Ele disse, quando a crise de riso passou – Você vai mesmo levar o Caio?
- Com certeza! – Aline respondeu. Estava determinada – E, aliás, você e o Leandro vão também.
- Ótimo, eu adoro festa de criança! – Fred assentiu, já mandando uma mensagem para o namorado.
Ajudar Fred no restaurante foi uma excelente ideia: Aline se manteve ocupada a noite toda e, só quando Caio chegou para lhe buscar foi que ela lembrou que precisava contar sobre a viagem.
Durante todo o caminho para o apartamento de Caio, ela não parou de balançar a perna.
- Ta tudo bem? – Caio perguntou, pela terceira vez.
- Olha, eu preciso te contar uma coisa – Ela disse, enquanto ele estacionava seu ex carro em sua futura garagem.
Assim que saltaram do carro, Aline começou a falar. Caio ficou do outro lado do carro, prestando atenção a história da namorada.
- Me desculpa por te meter nessa encrenca. Mas meu pai me tira do sério!
- Ei... – Ele deu a volta no carro, parando em frente a ela – Ta tudo bem – Caio pegou suas mãos – Eu sabia que esse momento chegaria. Só não sabia que eu ia conhecer a família inteira no mesmo dia! – Ele riu e ela sentiu um pouco de sua preocupação se esvair – Mas eu quero passar por isso com você. Quero que eles saibam que você não ta sozinha. – Caio acariciou sua pequena barriguinha e dessa vez Aline sentiu-se derreter por inteiro.
- Eu ainda acho que você não existe! – Ela suspirou.
Caio se aproximou e lhe deu um beijo lento e apaixonado.
- Se eu não existisse, não poderia fazer isso – Ele sussurrou em seu ouvido, ao encerrar o beijo.

Aline estava tão nervosa com o fato de apresentar Caio à sua família na festa da sobrinha, que passou mal durante todo o vôo. Com certeza seu bebê também não se sentia confortável. Ela sentiu um alivio instantâneo ao chegarem a casa de Dante, estavam adiantados então ela teria tempo para se recompor.
- Você está bem? – Dante perguntou enquanto eles adentravam sua espaçosa sala de estar.
- Não muito... Será que eu posso deitar um pouco?
- Sim, eu te levo até o quarto – Raquel, sua cunhada, a pegou pela mão e subiu as escadas com ela.
Antes que um momento constrangedor pudesse se instalar na sala, Fred resolveu fazer as apresentações:
- Dante, esse é o Caio, o namorado da Li – Ele lançou um olhar de relance para Caio, que parecia estar totalmente bem com tal título.
- O famoso Caio – Dante sorriu ao apertar a mão do novo cunhado. – Seja bem vindo a família. Vamos lá para fora. – Ele disse, fazendo um gesto com a cabeça na direção do jardim.
No andar de cima, Aline estava deitada na cama do quarto do hóspedes. A medida que a festa se aproximava, sua ansiedade também aumentava.
- Relaxa, Aline. Estresse não faz bem para o bebê – Raquel lhe entregou um copo de água.
- Eu to tentando... – Aline suspirou – Onde estão as crianças?
- Estão na casa da minha irmã. Ela vai os trazer na hora, senão eu não conseguiria terminar de arrumar as coisas por aqui!
- E eu te atrasando! Desculpa, Raquel.
Antes que a cunhada pudesse responder, ouviram uma batida na porta e a mesma foi aberta.
- Olá – Caio disse, botando a cabeça pra dentro do quarto
- Bom, agora você está em boas mãos – Raquel sorriu para Caio – Vou descer e vejo vocês lá embaixo.
- Como você ta se sentindo? – Caio perguntou. Ele sentou ao lado de Aline na cama e ela lhe envolveu a cintura.
- To melhor... Um pouco ansiosa, apenas.
- Ei, olha aqui... – Caio se afastou um pouco, de modo que ela pudesse olhá-lo nos olhos. Ele ajeitou os óculos na ponte do nariz – Não importa o que aconteça hoje, o que a sua família pense, se o seu pai vai aceitar nosso relacionamento ou não, o que eu sinto por você não vai mudar. Entendeu?
E de repente era simples assim. Todas as inseguranças dela pareciam ter saído voando pela janela do quarto. Era incrível o que Caio causava nela, ele a acalmava de uma forma única. Aline assentiu e ele lhe beijou a testa. A campainha tocou e eles desceram, os convidados já estavam começando a chegar.

- TIA LIIIII!
Aline teve as pernas agarradas por dois pares de mãozinhas.
- Oi, meus pequenos! – Ela se abaixou e os sobrinhos lhe encheram de beijinhos. Letícia, a aniversariante, estava fazendo 4 anos; e Lucas, de 2 aninhos.
- Gostou do meu vestido, tia? – Letícia girou, mostrando o vestido azul – Eu sou a Rainha Elsa!
- Você ta linda, Lelê! – Aline disse e pegou Lucas no colo – E você é o Olaf? – Ela fez cócegas no sobrinho e ele riu. Quando o colocou de volta ao chão, viu que os pais entravam no jardim onde acontecia a festa. Aline engoliu em seco e procurou Caio e viu que ele conversava com Dante e Leandro perto da mesa de bebidas.
- Vovó! – Lucas avistou a mãe de Aline e saiu correndo com a irmã. Aline foi para perto de Caio e entrelaçou seus dedos com os dele. Caio seguiu seu olhar e viu para onde Aline olhava tão fixamente. Seu pai estava com Letícia no colo e caminhava em direção a eles.
- Quem quer? – Fred perguntou. Ele havia acabado de pegar alguns mini hot-dog mas, quando sentiu o momento tenso que se aproximava, resolveu dar espaço à família – Melhor pegar mais... – Ele olhou significativamente para Leandro e os dois sumiram por entre os convidados.
- Oi,pai! – Dante o cumprimentou quando ele se aproximou e abraçou a mãe que vinha logo atrás, com Lucas nos braços.
Antes que ela perdesse a coragem, antes que seu pai fizesse algum comentário ácido, Aline resolveu acabar logo com aquilo:
- Mãe, pai – Ela chamou e todos olharam para ela – Este é o Caio, meu namorado.
Sua mãe olhou para o rapaz e abriu um largo sorriso.
- Muito prazer, Caio – Sua mãe disse – Eu sou Isadora.
- Encantado – Caio sorriu depois de lhe beijar o rosto.
- Você é o namorado da tia Li? – Letícia perguntou, ela estava parada em frente a Caio, a cabeça tombada para o lado tentando olhá-lo nos olhos, mas ele era tão alto para ela!
- Sou sim – Ele se abaixou para ficar da altura da garotinha – E você deve ser a Rainha Elsa, certo?
- Só hoje – Ela piscou, encantada com os olhos dele – Mas meu nome é Letícia – Ela abriu um largo sorriso, mostrando que faltava um dentinho na parte de baixo.
- Feliz aniversário, princesa Letícia – Caio lhe devolveu o sorriso e a garotinha corou.
Ela se aproximou da tia e puxou sua perna, Aline abaixou-se e Letícia tentou sussurrar:
- Tia, ele parece um príncipe!
A mãe e o irmão de Aline soltaram uma alta gargalhada e Letícia riu, olhando para Caio. Ela lhe deu um tchauzinho e, pegando a mão do irmão, saiu para brincar com as outras crianças.
- Espero mesmo que a minha neta esteja certa – O pai de Aline se pronunciou pela primeira vez.
Caio o encarou e lhe estendeu a mão.
- Caio Rabello, senhor.
O pai de Aline hesitou por um instante, mas apertou a mão do rapaz
- Arthur Loretto - E fez um gesto com a cabeça para que os dois fossem para um canto menos cheio do jardim. Aline olhou para a mãe e depois para o irmão e então foi atrás de Caio.
- Sei que vocês pensam que eu sou velho e ultrapassado – Ele fez uma pausa e olhou diretamente para Aline, que engoliu em seco – Mas não se trata disso. Se trata de um pai preocupado com a filha. Quando a Aline contou que estava grávida, eu fiquei feliz. Fiquei sim, é meu sonho poder ver meus netos. Mas quando ela disse que o pai da criança não estava com ela, eu fiquei preocupado. Preocupado com a minha filha. Que ela talvez não tivesse toda a assistência necessária, que não tivesse o mesmo que mãe teve. E então você apareceu, e foi rápido. Sim, foi rápido.
- Senhor... – Caio tentou interromper, mas Arthur não deixou.
- Por favor, vou terminar. Vocês sabem qual a vantagem de ser velho e ultrapassado? – Arthur encarou a filha – Eu tenho experiência. E posso dizer com certeza que nunca vi minha filhar olhar para o outro do jeito que ela olha para você. – Este agora era o termo com o qual o pai se referia à Márcio: "o outro" – Mas o mais importante: ele nunca olhou para ela da forma como você olha, rapaz.
Aline sentiu os olhos encherem de lágrimas. Seu pai estava mesmo falando todas aquelas coisas?
- E é por isso que eu espero que minha neta esteja certa, e que você seja o príncipe que minha princesa merece.
Caio engoliu em seco e apertou os dedos de Aline entre os seus.
- Eu jamais brincaria com os sentimentos dela ou de qualquer outra pessoa a ponto de querer tal envolvimento, Arthur – Caio disse, firme – Você tem a minha palavra.
Por um momento Aline sentiu-se em um filme medieval, onde o mocinho pede a mão da donzela ao pai e teve de reprimir o riso.
- Ótimo, ótimo... – O pai resmungou e deu uns tapinhas nas costas de Caio, já voltando para a festa. Mas Aline o deteve e o abraçou, sem precisar usar palavras para expressar o amor que sentia pelo pai naquele momento.

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