Quando tudo acontece

Capítulo 11

Capítulo 11

Aline e Caio estavam parados em um sinal vermelho quando ela soltou uma risadinha.
- O que foi? – Caio olhou de esguelha para ela e voltou sua atenção para o trânsito quando o sinal abriu.
- Isso é estranho. Sabe... não dirigir meu carro – Aline deu de ombros.
- Bom, se você quiser dirigir... – Foi a vez de Caio dar de ombros e Aline balançou a cabeça. – Ta com fome?
Foi só então que Aline percebeu que, sim, estava com fome. Na verdade estava faminta.
- Sim – Ela disse e mordeu o lábio. – To com muita vontade de comer um hambúrguer enorme, com uma batata frita maior ainda e um milk-shake de morango – Aline tapou a boca com as mãos, antes que dissesse que também estava com vontade de comer manga com molho de soja.
- Certo – Caio riu. – Sei exatamente aonde te levar.
Minutos depois ele estacionou em frente à uma lanchonete com decoração totalmente retrô, que remetia aos anos 50 e em todas as paredes haviam pôsteres e letras de músicas de Elvis Presley.
Eles saltaram do carro e entraram na Elvis' Burguer.
- Que lindo! – Aline disse enquanto sentava-se à mesa que tinha bancos estofados vermelhos.
- Gostou? Espera só até você provar o hambúrguer!
Uma garçonete usando um vestido de bolinhas e patins veio os atender.
- Boa noite – Ela sorriu – Bem vindos ao Elvis' Burguer. Já querem fazer o pedido?
Aline tinha o menu em mãos e salivava enquanto escolhia o lanche, já que um parecia melhor que o outro.
- Meu Deus, não sei o que escolher! Parece ser tudo tão bom!
- E é! – A garçonete concordou com uma risadinha.
- Posso dar uma sugestão? – Caio perguntou e Aline abaixou o menu para encara-lo. Ela assentiu. – Peça o especial do Elvis. Você não vai se arrepender!
- Certo! – Aline concordou.
- Então, por favor, - Caio disse, virando-se para a garçonete – Dois especiais do Elvis, duas batatas grandes, um milk-shake de morango e outro de flocos.
- Saindo! – A garçonete disse enquanto anotava o pedido, ela virou-se e foi patinando até a cozinha.

A casa de Vinicius estava mais para um antigo galpão desativado. O pé direito era muito alto e quase não havia paredes para separarem os cômodos. Algumas das poucas paredes eram grafitadas e havia um pequeno estúdio improvisado ao fundo do lugar, separado por uma parede de vidro.
Clara pensou que, talvez, todos que estavam no show haviam sido convidados para a festa porque a casa estava lotada. Red Hot Chilli Peppers tocava no último volume nas caixas de som espalhadas pela casa. Leandro voltou da cozinha com uma Budweiser para ele e outra para Clara, enquanto Fred continuava na vodka com energético. Clara tentava a todo custo esquecer da pseudo-discussão que tivera com Gian minutos atrás, quando Pedro e Isabella entraram em seu campo de visão. Ele estava encostado em uma parede, apoiando um dos pés na mesma. Segurava uma garrafa de Budweiser pela metade e mordiscava a unha do dedão enquanto tentava não rir de algo que a garota lhe dizia. Por fim, Isabella jogou as mãos para cima e deu de ombros. Então Pedro a puxou para mais perto e a beijou. Clara virou-se de costas e terminou sua cerveja em um gole só.
- Uau, alguém está com sede – Fred brincou.
Clara ficou quieta. Ela poderia conversar sobre Gian mas, na verdade, queria conversar sobre a namorada de Pedro. Porém, sabia que se tocasse no assunto com Fred, ele jamais pararia de infernizá-la. Preferiu continuar quieta.
- Vou buscar mais uma – Ela forçou um sorriso e saiu em direção à cozinha.
Espremendo-se entre as pessoas que dançavam desajeitadamente, Clara finalmente conseguiu chegar à geladeira. Ela não conteve o riso. A geladeira de Vinicius estava repleta, completamente lotada, de cerveja e outras bebidas alcoólicas.
Ela pegou uma garrafa de cerveja e levou um susto quando, ao fechar a porta, viu que Pedro estava do seu lado.
- Que susto, garoto! – Clara virou-se para pegar o abridor e ouviu a risada de Pedro.
- Ta se divertindo? – Ele perguntou, depois que ela abriu a garrafa.
- Sim – Clara mentiu e tomou um gole.
- Onde está seu namorado? Gian, não é?
Clara balançou a cabeça.
- Ele não pode vir – Ela deu de ombros.
- Por que?
- O que é, hein? Vai me interrogar agora? – Clara saiu da cozinha e percebeu que Pedro vinha atrás dela.
- Ei, ei... Relaxa. Só queria saber se você estava bem.
Clara parou de andar de repente e virou-se para ele, quase trombando com Pedro.
- Por que eu não estaria?! – Ela forçou seu melhor sorriso e levantou a garrafa em sua direção – Viva!