Quando tudo acontece

Capítulo 54

Capítulo 54

Depois da noite da pizza na casa da mãe de Pedro, a semana pareceu voar. O restaurante estava com tanto movimento que Clara acordava cedo e dormia tarde. O que era bom, porque assim ela não tinha tempo pra pensar nas besteiras que andava fazendo. Sexta-feira finalmente havia chegado e a noite seria dela e de Pedro. Eles mereciam isso. Pedro merecia isso. Clara andava estranha e distante e ele já estava percebendo. Não era justo com ele, não com tanta coisa muito mais importante acontecendo. Clara não podia se dar ao luxo de ser mais uma preocupação para ele.
Estavam no apartamento de Clara. O quarto estava iluminado apenas com algumas velas (elétricas) estrategicamente posicionadas no chão. Clara acendera alguns incensos e a música também ajuda a relaxar. Pedro estava deitado em sua cama de bruços, usando apenas uma boxer branca. Clara estava sentada sobre ele, espalhando óleo por suas costas. Os músculos estavam bem tensos por baixo da pele tatuada.
- Hum... Isso é tão bom... – Pedro disse. Ele tinha os olhos fechados e sentia todos os movimentos de Clara um sorriso tranquilo nos lábios.
- Então... Aquela Vanessa, hã? Você não me disse de onde se conhecem.
- A gente se conhece desde sempre, crescemos juntos. Ela foi minha primeira namoradinha... AI! – Pedro protestou quando Clara o apertou com mais força – Ciúme, Clarinha?
- Ciúme é pra gente idiota. Você sabe que eu não sinto isso, Castelli...
Pedro riu e continuou.
- Ela sempre foi vizinha da minha tia Nadira e quando soube da doença da minha mãe, pediu férias no trabalho.
- Então ela pretende ficar um tempo?
- Clara, eu não vou negar isso...
- Não to falando pra você negar nada.
- Ela é muito apegada à minha mãe.
- É, eu percebi.
Clara encerrou o assunto. Estava com ciúme sim, óbvio. Mas Pedro não precisava saber disso. A intimidade dos dois a incomodava, mas ela sabia que era besteira. Pedro estava com ela e ela não precisava se preocupar.
- Hum, você sabe que eu não gosto dessa história e você fumar, né? – Pedro quebrou o silêncio depois de um tempo. Clara deslizava as mãos por suas costas com o auxílio do óleo.
Ela suspirou. Já estava na metade do segundo maço aquela semana.
- Eu sei... Mas eu preciso extravasar de alguma forma.
- Eu entendo. Mas você poderia fazer algo que não te mate aos poucos.
- Pedro, estamos todos morrendo aos poucos. – Assim que as palavras saíram de sua boca, Clara se arrependeu. Aquele não era um bom momento pra ser pessimista.
- Eu sei, Clara. Mas você não precisa acelerar esse processo.
Ela ficou quieta e Pedro não pareceu se importar com isso. Clara massageava seu pescoço agora e ele soltava gemidos de satisfação.
- Eu to tão cansado, vou acabar dormindo...
- Pode dormir, depois você me compensa – Clara deu um beijinho na orelha de Pedro e ele riu.
Instantes depois, ele já estava ressonando. Clara limpou o excesso de óleo de suas costas com um lenço e então saiu de cima dele. Ela deitou ao seu lado, mexendo no cabelo que caia pelos olhos e adormeceu gradativamente.
Quando Clara acordou, Pedro não estava mais na cama. Ela foi até o banheiro para escovar os dentes e jogar uma água na cara e então o ouviu chama-la. Ela o encontrou no escritório do apartamento.
- Agora você pode extravasar de uma maneira mais saudável – Pedro disse, enquanto terminava de instalar o saco de areia no teto do cômodo.
Ela riu enquanto Pedro vinha até ela para lhe dar um beijo de bom dia.

Aline e Caio haviam marcado um jantar no sábado para anunciarem o noivado. Isso foi depois de muita insistência de Caio. Aline preferia deixar o fato apenas entre os dois por enquanto. Na verdade, estava com medo da reação de sua sogra. Porém, para sua enorme surpresa, Marieta estava muito satisfeita com a atitude de Caio. Aline ficou curiosa para saber porque a mulher havia mudado de ideia, mas achou melhor não procurar o motivo. Estava tudo maravilhoso daquele jeito.
Já estava quase dormindo, quando seu celular apitou. Ela pegou o aparelho e viu que era uma mensagem e Márcio.
Parabéns pelo noivado. Fico feliz por você.