Capítulo 28

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Capítulo 28

A noite estava bem agradável. As estrelas e a Lua no céu deixavam as ruas iluminadas. Clara fazia ondas com a mão pra fora da janela, sentindo a brisa tocar sua pele enquanto Pedro dirigia para o centro de Verona.
Ela olhou pra ele. Adorava o jeito dele. Adorava o jeito com ele fazia tudo, como ele parecia saber de tudo. Sentia-se segura perto dele. Ele só não precisava saber disso.
Com a ajuda do GPS eles logo chegaram à galeria. Era um prédio baixo, de apenas um andar. As paredes eram brancas e todas estavam com alguma obra. Pedro e Clara mal conseguiram dar uma olhada na primeira obra e tia Madalena apareceu:
- Clarinha! – Tia Madalena a chamou. Era uma mulher alta, os cabelos curtos eram loiro natural, mas estavam tingidos de roxo. Os brincos nas orelhas balançavam quando ela se movia. Devia estar beirando os 50 e era linda, Clara tinha muito dela. Menos a altura.
- Tia! – Clara se adiantou até a mulher e a abraçou. Uma abraço cheio de carinho e saudade. – Tia, esse é o Pedro – Clara o apresentou. Tia Madalena descaradamente o olhou de cima a baixo.
- Ele trabalha comigo no restaurante, estamos fazendo o curso juntos – Clara disse para ajudar Pedro que, por mais incrível que pareça, tinha corado com a olhada de Tia Madalena.
- Encantada! – Ela disse quando Pedro lhe beijou a mão.
- Vocês são tão parecidas! – Pedro disse, olhando de uma para a outra.
- Sim... – Tia Madalena abraçou Clara pelo ombro – Beleza é coisa de família aqui. – Ela deu um beijo na bochecha da sobrinha – Vamos ver as fotos da Clara?
- Fotos da Clara? – Pedro perguntou.
- Ah, sim. Clarinha é a musa inspiradora. – Tia Madalena respondeu – Tem fotos expostas nesta galeria.
- Uau!
Agora foi a vez de Clara corar.
Eles caminhavam por entre as pessoas, vez ou outra paravam para admirar alguma obra.
- Nossa, tá tão cheio. – Clara comentou.
- Sim, parece que o seu fotografo está aqui – Tia Madalena disse. Clara não estava gostando daquilo. Uma sensação estranha tomou conta de seu estômago. – Espero que você possa apresentá-lo pra mim, ele é realmente muito bom.
Estavam quase chegando à ala onde estavam expostas as fotos de Clara. As pessoas que saiam e lá olhavam para ela e cochichavam.
Clara passou pelo pórtico abobadado e ficou imóvel. A ala também tinha o teto abobadado. As paredes brancas estavam forradas com fotos dela, todas em preto e branco.
- Minha sobrinha é muito fotogênica, não? – Tia Madalena se gabou para Pedro.
- Completamente... – Foi tudo o que ele conseguiu dizer. Estava parado em frente a uma tela em que Clara estava de costas, com os braços abertos, uma forte luz branca vinha em sua direção. Usava apenas um calcinha preta, a tatuagem de asas nas omoplatas se destacavam.
Foi então que Clara ouviu aquela voz. E todos os outros sons sumiram. Virou lentamente a cabeça em direção a conversa em italiano.
- O nome da mostra é Chiarezza, que seria Claridade em português...
Seus olhares se encontraram e Gian ficou branco, perdeu a fala. As pessoas que estavam ao se redor seguiram seu olhar. Algumas reconheceram Clara. Entre elas, Betina. A esposa de Gian.
- Clara! – A mulher exclamou e caminhou em direção a Clara. Era esguia, o que fazia com que o seu macacão comprido vinho arroxeado lhe caísse muito bem. O cabeço comprido e castanho caia em ondas modeladas pelos ombros. – Que surpresa agradável! – Ela sorriu e beijou o rosto de Clara que, assim como Gian, também estava imóvel.
Betina levou Clara até a rodinha de jornalistas que conversavam com Gian e a apresentou a todos. Tia Madalena e Pedro continuavam onde estavam, Clara fez um gesto e eles se aproximaram.
Um lampejo de reconhecimento passou pelo rosto de Pedro. Ele olhou para Clara e ela apenas balançou a cabeça discretamente. Falaria com ele mais tarde.
- Ahn... – Clara limpou a garganta. Sentia os olhos de Gian fixos nela – Esta é minha tia, Madalena. E este é Pedro, meu namorado – Clara os apresentou e agradeceu mentalmente por Pedro não falar nada. Tia Madalena abriu um sorrisinho cínico.
Os jornalistas fizeram mais algumas perguntas para Gian e Clara, mas não se demoraram muito. Assim que eles se afastaram, Betina começou a falar:
- Clara, não sabíamos que você estava na cidade! Se tivéssemos combinado não daria certo! – A mulher falava e gesticulava – Gian e eu íamos passar as férias na Grécia, mas eu estava com tanta saudade da Itália, e adoro Verona.
- Amor, precisamos ir... – Gian interrompeu a mulher, colocando a mão em suas costas.
- Mas já? Clara, apareça mais vezes. Vamos marcar um almoço em casa, sim? – Ela disse, olhando para Tia Madalena e Pedro.
- Obrigado por virem... – Gian agradeceu – Obrigado – Ele lançou um olhar cheio de significados para Clara e saiu com a mulher.
- Vamos jantar? – Pedro perguntou logo em seguida.
- Ah, querido. Eu adoraria – Tia Madalena disse – Mas vou viajar ainda esta noite. – Ela virou-se para Clara – Devo passar algum tempo na Turquia. Você está bem? Ta precisando de dinheiro? Alguma coisa?
- Não, tia. Ta tudo certo.
Tia Madalena segurou o rosto de Clara entre as mãos e colou suas testas.
- Eu prometo que entro em contato em breve, certo? Amo você!
- Também te amo, tia – Elas se abraçaram.
- Cuide da minha sobrinha, moço – Madalena abraçou Pedro e então deixou os dois sozinhos.
Clara olhou para Pedro, os olhos completamente marejados. Ela mordeu o lábio, tentando impedir as lágrimas de rolarem pelo seu rosto.
- Vamos sair daqui.

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