Capítulo 27

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 Capítulo 27

A semana em Verona foi rápida e cheia de compromissos. Eles tiveram aula todos os dias, o dia todo. Por mais cansativo que fosse, Clara estava adorando tudo aquilo. Era melhor do que ela havia sonhado, estava aprendendo muita coisa e não via a hora de aplicar o aprendizado no The Licious.
A última tarefa foi um jantar na fazenda do Chef Millano para as autoridades de Verona. Deu tudo certo, a não ser por Natasha que, de tão nervosa que estava, teve que tomar um calmante e não participou do resultado final do jantar.
Assim que Clara botou os pés pra dentro do quarto, o celular começou a tocar. Ela atendeu sem nem olhar na tela.
- Alô?
- Clarinha! – Aquela voz familiar cantou do outro lado da linha.
- Tia Madalena!
- Oi, minha querida! Como você está? Muito bem, suponho. Já que fiquei sabendo que está na Itália, certo?
- Sim, tia. Vim fazer um curso de verão aqui.
- Bom, então é o destino. Eu também estou e gostaria de vê-la, pessoalmente.
- Pessoalmente? – As vezes Clara tinha mesmo que confirmar o que a tia estava dizendo...
- Sim. Estou em uma galeria de arte e estou vendo fotos suas. Belíssimas, devo dizer.
Clara pensou por um instante. Sabia que Gian tinha fotos dela expostas na galeria de arte da avó. Mas por algum motivo sempre achou que fosse em Roma.
- Podemos nos encontrar na galeria. O que acha?

Fazia tempo que Clara não via as fotos que Gian tirara dela... Gostava das fotos, só não sabia o efeito que elas poderiam lhe causar. De qualquer forma, decidiu ir.
- Sim, me passa o endereço.
Meia hora depois ela estava pronta e batendo na porta do quarto de Pedro. Levou um susto quando Mahavir, o indiano, atendeu.
- Desculpa! Estava procurando o Pedro!
O rapaz riu.
- Quarto ao lado, senhorita.
- Obrigada! – Clara abriu um sorriso amarelo e foi bater na porta ao lado.
- Ta aberta! – Ela ouvir Pedro dizer do lado de dentro e entrou.
Pedro estava sentado na cama. Estava sem camisa e tocava violão. Continuou dedilhando despreocupadamente quando Clara entrou. Ela não queria que ele parasse, era uma melodia muito suave. O olhos dele eram muito azuis e Clara estava indecisa entre olhar para seus olhos ou para suas várias tatuagens aparentes.
Pedro parou de tocar e abriu um sorriso. Clara engoliu em seco.
- Se arruma, vamos dar uma volta.
- Você por acaso sabe se eu quero dar uma volta contigo? – Pedro usou as palavras de Clara contra ela. Ele segurou o riso enquanto ela o encarava.
- Como recusar um convite seu, Clarinha?
Ele levantou e foi até a mala que estava aberta em cima de uma cadeira num canto do quarto. E sem cerimônia alguma, tirou a calça ficou apenas de boxer preta. A boca de Clara abriu e fechou várias vezes, mas ela não conseguiu dizer nada.
Pedro vestiu uma calça preta surrada, camiseta cinza e botas também pretas. Passou um perfume que, na opinião de Clara, era a coisa mais cheirosa do mundo e arrumou o cabelo claro daquele jeito bagunçado que só ele sabia fazer.
- Posso saber aonde vamos? – Ele perguntou, saindo do quarto com Clara.
- Minha tia está na cidade – Clara sorriu e Pedro retribuiu – Droga, só não sei como vamos chegar lá.
- Posso pedir um carro emprestado pro Chef.
- Sério?
- Não custa tentar... – Pedro deu de ombros.
Eles desceram as escadas e encontraram o Chef na varanda da casa.
Pedro se aproximou e Clara se manteve na porta. Se não desse certo, chamaria um táxi. Instantes depois Pedro voltou, sorridente e com uma chave em mãos.
- Eu sou muito convincente...
- O que você disse pra ele?
- Que queria levar minha garota pra conhecer a cidade.
- Eu não sou sua garota!
Pedro riu alto.
- Eu falei a verdade. Mas o Chef pensa que você é minha garota.
Clara revirou os olhos e eles entraram em uma enorme e antiga picape vermelha.    

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