Capítulo 9

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Capítulo 09

- Tá delicioso, Clara. Muito bom mesmo – Caio elogiou o jantar, dando mais uma garfada no peixe.
- Obrigada – Clara agradeceu, sorrindo abertamente. Ela adorava ouvir elogios sobre seu trabalho.
- Eu acho que o molho podia ficar mais suave... – Pedro deu de ombros. Clara o fuzilou com os olhos.
- O molho precisa ter sabor, Pedro – Ela argumentou com firmeza.
- Ih, vão começar... – Fred disse e deu um gole em seu vinho – Você estava falando de seu trabalho, Caio... – Fred relembrou o assunto anterior.
- Ah, sim – Caio empurrou o óculos pela ponte do nariz – Eu sou editor chefe em uma revista de entretenimento.
- Qual revista? – Aline perguntou.
- Millenium.
- Espera – Leandro manifestou-se – Você é o Caio Rabello da Millenium?
- Sim? – Caio respondeu, soando mais como uma pergunta.
Aline e Fred olhavam com interesse para Leandro.
- Mês passado vocês publicaram uma matéria sobre uma das minhas vinícolas – Leandro explicou.
- Sim! – Caio lembrou-se – Leandro Figueiredo!
- Eu mesmo – Leandro sorriu, levantando sua taça.
- Obrigado pelos vinhos que você mandou para a redação. Foram muitíssimo apreciados.
- O mundo realmente só tem sete pessoas... – Fred sussurrou e Aline riu.

- Agora eu vou marcar presença no seu restaurante – Renato disse para Clara. Ele e os outros rapazes se despediam.
- Então somos dois! – Vinicius concordou. Ele abraçou o amigo e os dois saíram em direção ao carro que estava estacionado em frente a casa.
- Parabéns, Chef Clara – Pedro disse. Ele encostou-se à porta e enfiou as mãos no bolso da calça. – Mais uma refeição maravilhosa.
-Talvez eu tenha tido alguma ajuda – Clara deu de ombros e sorriu.
- Hum, eu consegui te arrancar um sorriso sincero?! Foi isso mesmo?! – Pedro disse em tom de brincadeira e Clara revirou os olhos, mas não segurou o riso.
- Boa noite, Pedro – Ela apoiou se na porta.
Pedro aproximou-se e lhe beijou a bochecha.
- Até amanhã – Ele piscou e Clara mordeu o lábio.
Voltando ao deck, Clara percebeu como a amiga parecia bem. Aline e Caio conversavam animadamente com Leandro.
- Queria que ela ficasse sempre assim – Clara disse quando Fred voltou da adega.
- Eu também – Fred imitou o bico que Clara fazia – Mas eu tenho certeza que as coisas vão se resolver. Só precisamos acreditar.


Já em casa, o sorriso de Aline parecia não sair do rosto.
- Se divertiu hoje? – Clara perguntou, jogando-se no sofá com a amiga.
- Muito! Até esqueci dos meus problemas.
- Esse é nosso objetivo.
Antes que Aline pudesse responder, seu celular apitou. Ela pegou o aparelho e leu a mensagem:
Adorei a noite.
Talvez possamos repetir?
- Claro que sim! – Clara tentava pegar o celular para responder por Aline.
- Não, não. Calma! Clara, não sei se posso fazer isso.
- O que te impede?
- Eu... Eu não sei se to preparada pra me envolver com outra pessoa agora. Seria tudo muito complicado. – Aline baixou os olhos para a tela do celular e leu a mensagem novamente.
Clara suspirou.
- Eu te entendo. Sério. Mas vocês podem ser amigos, certo?
- Certo... – Aline hesitou. Ela ponderou por alguns instantes, mas respondeu à mensagem.
Também gostei.
Seria ótimo se repetíssemos (:
- Essa é minha garota! – Clara bateu palminhas, fazendo Aline rir.

No dia seguinte, Aline acordou cedo e logo correu para o banheiro e lá ficou por uns quinze minutos. Quando ela conseguiu sair, encontrou Clara sentada em uma das banquetas da cozinha.
- Quer um pouco de enjoo matinal? – Aline perguntou e tentou sorrir, mas não conseguiu.
- Eu passo – Clara fez careta e terminou seu café.
- Aonde você vai? – Aline perguntou, deitando-se no sofá.
- Vou buscar o Gian no aeroporto. Até mais tarde. Qualquer coisa, me liga! – Clara mandou um beijo no ar e saiu apressada.
Logo ela já estava na área de desembarque do aeroporto internacional de São Paulo. Clara roía a unha para tentar conter a ansiedade. Quando viu Gian passar pela porta do desembarque, seu coração disparou. Ele sorriu quando viu que a garota lhe esperava e ela se adiantou até ele.
- Que saudade! – Clara o abraçou pelo pescoço com força.
- Eu também – Gian envolvia sua cintura em um abraço firme.
Eles se demoraram um ou dois instantes a mais no abraço e então foram para o carro.
Assim que entrou, Gian começou a contar como tinha sido a exposição na Itália.
- Todos adoraram, Clara. Você foi um verdadeiro sucesso, meu amor – Gian aproveitou que Clara havia parado em um sinal vermelho e inclinou-se sobre o câmbio para lhe dar um selinho rápido. – Queria muito que você pudesse ter ido.
Gian começou a falar de sua próxima exposição, mas Clara já não estava mais ouvindo. Ela sempre ficava com o coração apertado quando ele dizia que queria que ela estivesse em suas exposições com ele. Antes que pudesse perceber, já estava entrando na rua aonde ficava o apartamento de Gian. Clara estacionou dois quarteirões antes.
- Obrigado por me buscar – Gian sorriu e acariciou o rosto da namorada. Ele nem reparara que ela estava quieta. – Eu te ligo assim que puder! – E, com um beijo apressado, Gian saiu do carro e pegou a sua mala, indo em direção ao prédio.
Clara suspirou e abaixou a cabeça no volante por uns instantes.

A semana passou rápido. Enquanto Clara estava ocupada no The Licious, Aline tentava se ocupar em casa. Fez o melhor que pode para organizar as suas coisas e tirar a aparência de desordem do escritório de Clara.
Aline havia acabado de sair de sua primeira consulta pré-natal. Clara se desculpou um milhão de vezes por não conseguir ir com a amiga, mas a consulta foi bem tranquila. Assim que saiu do consultório, Aline ligou para a mãe e contou que estava tudo bem e que seu netinho tinha já estava com quase três meses. Aline prometeu a mãe que iria visitá-la no domingo.
Quando entrou no The Licious, Clara foi ao seu encontro.
- Ai, me desculpa de novo. Mas me conta como foi!
- Foi bem tranquilo, ta tudo certo. E agora eu só preciso voltar mês que vem. E tomar as vitaminas necessárias, você sabe - Aline deu de ombros. Ela estava tentando se manter calma. Mas a verdade é que estava super ansiosa. Ouvir o coraçãozinho de seu bebê batendo tão rápido e forte lhe causou uma sensação que jamais havia sentido. Aquilo era real. Ele era real. No consultório, ela engolira o choro quando lembrou que estava sozinha ali. Era verdade que sua mãe se oferecera para ir com ela, e até ficou bem brava quando Aline recusou. Ela apenas precisava fazer aquilo sozinha. Não sabia qual seria sua reação. Antes do ultrassom, parecia estar adormecida. Estava deixando a maré levá-la. Agora já estava com outro pensamento. Ela não estava sozinha e nunca mais estaria.
Elas entraram no escritório de Fred e lá estava ele e Pedro.
- Oi, Aline – Pedro a cumprimentou – Que bom que você chegou. Eu tava convidando o Fred para ver a minha banda. Vamos tocar esse sábado no Tric. Queria que vocês duas fossem – Pedro sorriu e Aline percebeu que a amiga devolveu o sorriso. Clara não pode deixar de notar que Pedro estava orgulhoso por sua banda.
- Vamos sim! – Aline respondeu pelas duas.
- Ah... – Clara ia falar alguma coisa, mas desistiu.
- Certo, nos vemos lá – Pedro sorriu e saiu do escritório.
- Sem desculpas, Clara. Nós vamos.
- Mas o Gian...
- Leva o Gian, oras – Fred se manifestou.
- Isso, leva o Gian – Aline concordou.
- E você deveria levar o Caio – Fred disse. – Se falaram a semana toda e ele já deixou bem claro que quer sair com você de novo.
- Mas... – Aline começou, mas Clara a interrompeu.
- Sem "mas", Aline.

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