Capítulo 33

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Capítulo 33

Aquelas semanas na Itália haviam sido incríveis, muito mais do que Clara imaginara. E como havia sonhado com aquela viagem! Naqueles dias ela aprendeu que, às vezes, a vida real é tão boa quanto os sonhos. Ela aprendeu sobre ela mesma, e não apenas na área profissional.
Eles aproveitaram o resto do dia na fazenda. Pedro mostrando que também era um excelente fotógrafo, registrando todas as belezas da propriedade do Chef Millano. Mas a ansiedade era tanta que, a noite, decidiram arrumar suas coisas e pegar o próximo avião de volta ao Brasil. Despediram-se do Chef. Clara agradeceu inúmeras vezes pela oportunidade e fez o Chef prometer que iria ao The Licious quando fosse à São Paulo. Pedro agradeceu novamente por tê-lo deixado usar a picape e o Chef lhe deu uma piscadela quando percebeu que, finalmente, Clara e Pedro estavam de mãos dadas.
Pedro manteve sua mão entrelaçada à de Clara todo o tempo e ela quase não sentiu medo enquanto estavam voando. Outra coisa rondava seus pensamentos: Gian. Desde o catastrófico encontro na galeria de arte, ele vinha tentando falar com ela. Duas ligações e quatro mensagens eram um recorde para ele. Ele devia estar mesmo desesperado.
Clara sabia que teria que conversar com ele, e queria fazer aquilo o mais rápido possível. Não apenas para consumar sua paixão com Pedro, ela riu sozinha quando o pensamento lhe veio a mente. Era óbvio que a atração física entre os dois era algo quase palpável, mas sentia que havia muito mais ali do que desejo. Assim, ela sabia que quando conversasse com Gian estaria encerrando uma era em sua vida. Uma era da qual ela não se orgulhava, uma era da qual haviam muitos momentos doloridos. Sabia que estaria se libertando e esse era o primeiro passo para conseguir o perdão que ela vinha buscando há tanto tempo: o perdão que só ela mesmo poderia lhe dar.
Por anos Clara vinha se culpando por várias coisas. A morte dos pais e de Samuel, o relacionamento com Gian. Ela sentia que, de alguma forma, todas as coisas ruins que aconteciam em sua vida eram culpa dela e que ela merecia aquilo. Havia se apaixonado por Gian por todos os motivos errados. Estava carente e solitária e um dia chegou mesmo a acreditar que a mísera parcela de atenção que Gian lhe dava era o suficiente.
E de todos os clichês do mundo, lá estava Clara vivendo o maior deles: um amor digno de livros.
Ela não precisava de alguém para lhe completar, ela era boa o bastante. Ela precisava de alguém para complementar, para somar com ela. E Pedro era esse cara.
Ele estava dormindo com a cabeça encostada na pequena janela do avião. A boca meio entreaberta, a respiração tranquila. Clara sorriu, acariciando sua mão com o polegar, bem lentamente. Só de olhar para ele sentia o coração aquecer. Sorriu involuntariamente ao imaginar a cara de Aline e Fred quando soubessem da tal novidade. 

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