Capítulo 52

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Capítulo 52

- Eu apenas acho desnecessário... – Caio dizia.
Aline havia lhe contado que almoçaria com Márcio no dia seguinte. Ela mesma não queria, mas a verdade era que já estava cansada de ficar fugindo dele.
- Caio, infelizmente, não acho que o Márcio vá sair da minha vida algum dia.
- O que você que dizer com isso?
- Quero dizer que, infelizmente, ele é o pai da minha filha. E isso eu não posso negar.
- Ele te deu as costas quando você mais precisou...
- Eu sei, não esqueci. Mas o que posso fazer se, agora, ele parece arrependido? Eu não quero envolver advogados na nossa situação. O que o Márcio fez comigo não precisa, necessariamente, atrapalhar a relação dele com a filha.
Aline se surpreendeu com o que disse? Quando foi que ela ficara assim, tão madura.
- Ei... – Ela se aproximou de Caio, que terminava de lavar os pratos da pizza que haviam comido mais cedo. – Isso não significa que você não possa fazer parte da vida dela também, até porque você vai. É contigo que ela vai conviver.
- Se o Márcio permitir...
- Ele não faria isso.
Aline deixou Caio terminando de lavar os pratos e foi para o quarto. Márcio não faria isso, e mesmo que tentasse, as chances de ele conseguir eram quase nulas.
Ela estava passando hidratante na barriga, quando Caio entrou no quarto. Ele tirou a camisa e passou as mãos pelo cabelo, bagunçando-o ainda mais. Aline observou o corpo do namorado e engoliu a seco. Já tinha um bom tempo que eles não faziam muita coisa. Não por falta de vontade, jamais. Mas porque a barriga atrapalhava e nenhum dos dois queria uma posição desconfortável ou que pudesse machucar a bebê.
- Olha, desculpa... – Caio disse, enquanto tirava seu cinto. – Aquilo foi um pequeno ataque de ciúme, sabe... – Ele corou um pouco e começou a tirar a calça. – Eu confio em você, completamente. Apenas queria que ficasse longe desse, mas já entendi que não será sempre possível.
Aline não conseguia se concentrar totalmente nas palavras de Caio, sua boxer verde escura lhe chamava muito mais a atenção.
Nos últimos dias, ela havia pesquisado bastante sobre sexo na gravidez e chegou até a conversar com sua cunhada, Raquel, para saber se era mesmo possível. E, sim, era. Era apenas uma questão de encontrar uma posição confortável e pronto.
Porém, Caio era muito cuidadoso com ela e tinha medo de acabar machucando-a. Não que ele fosse masoquista ou que gostasse de selvageria, mas ele apenas era firme na pegada.
- Amor... – Aline foi até Caio e, ficando na pontas dos pés, ela o beijou. O beijou com vontade, com desejo.
Aline deslizou as mãos pelas costas de Caio e sentiu quando ele se arrepiou. Ela mordiscava seu lábio suavemente, enquanto as mãos desciam cada vez mais, indo até o elástico de sua boxer.
Caio desceu os beijos para seu pescoço, seu colo, até seus seios. Ah, eles estavam enormes e, se ela adorava finalmente ter peitões, Caio adorava mais ainda. Ela riu por pensar uma coisa dessas, mas agradeceu mentalmente. por seu pensamento fora de hora não ter arruinado o clima.
Aline sentia seu corpo todo arder, estava com tanta saudade de sentir aquela sensação que só Caio sabia lhe proporcionar e, naquela noite foi exatamente isso que ele fez.

Quando o despertador tocou, Aline acordou e desligou. O barulhinho irritante não pareceu incomodar Caio, que continuava dormindo calmamente. Aline passou os dedos por seus cabelos escuros e sorriu. Ela também estava cansada, foram dormir depois das três da manhã. Mas valeu muito a pena perder algumas horas de sono e ganhar algumas memórias maravilhosas. Só de pensar, Aline sentiu um arrepio gostoso lhe correr o corpo.
- Bom dia – Caio disse, com sua costumeira voz rouca pela manhã. O sorriso de Aline aumentou ainda mais. Ela se aninhou a ele, sentindo seus dedos deslizarem por suas costas.
- Ótimo dia!

Quando Aline chegou ao restaurante, Márcio já a aguardava. Ela ignorou o fato de que ele escolhera o mesmo restaurante em que a levou no primeiro encontro. Aquilo já estava ficando patético.
- Olá – Ela disse, sentando-se à mesa e desviando quando Márcio veio para beijá-la no rosto.
Márcio lançou um sorriso amarelo.
O garçom veio anotar o pedido e assim que saiu, Aline deu um pesado suspiro.
- Certo, pode falar... Qual o motivo desse almoço?
- Eu fiquei surpreso de você aceitar de primeira – Márcio sorriu.
- Você me vence pelo cansaço... – Assim que as palavras saíram de sua boca, Aline se arrependeu. Não queria que ele interpretasse a frase de forma errada.
Márcio juntou as mãos e apoiou o queixo nelas. Ele encarava Aline com os olhos apertados. A barba estava grande, ele não a fazia desde o término. Aline odiava admitir, mas ele estava um tanto charmoso. A camisa social preta com as mangas dobradas até os cotovelos acentuavam seus músculos firmes. O cabelo estava maior também, e mais cacheado.
- Você não sente mais nada por mim... – Márcio constatou.
- O mérito é todo seu. – Aline ergueu seu copo com suco de laranja e sorriu antes de tomar um gole.
Márcio balançou a cabeça, mordendo o lábio.
Logo o garçom trouxe seus pedidos. Enquanto almoçavam, Aline perguntou como estava a mãe de Márcio. Tinha certeza que a mulher estava por trás desse almoço.
- Foi ela quem pediu pra você vir almoçar comigo?
- Não... Na verdade, ela nem sabe desse almoço.
Na sobremesa, Aline se deliciava com uma taça de sorvete de abacaxi e outra de mousse de chocolate. Já Márcio parecia se deliciar com a visão.
- Quer parar de me encarar? Eu vou jogar essa colher na sua cara... – Aline ameaçou e Márcio riu, voltando sua atenção para seu pudim de leite condensado.
- Bom, eu te chamei aqui hoje pra te avisar que vou acionar meu advogado sobre nossa... situação. – Márcio disse.
Aline sentiu a garganta fechar.
- Eu imaginei que seria esse o motivo... Mas não acho que seja necessário.
- Ah, é? E por que? – Márcio parecia estar se divertindo com a situação. Aquele tom de deboche sempre irritara Aline, mas hoje estava especialmente irritante. Ela respirou fundo pra não perder a cabeça e não mudar de ideia.
- Eu tenho pensado muito nesses últimos dias e... Eu não quero ser a vilã da história, não quero privar você ou a sua família de ter contato com a bebê. Até porque, infelizmente, você é o pai dela e vai ser pro resto da vida. A gente pode não ter dado certo, mas isso não muda.
- Você sabe que mesmo assim eu posso ir em frente com a minha escolha, não é?
- E pra quê, hein, Márcio? Pra que você quer fazer isso? O que você ganha fazendo da minha vida um inferno?! – Aline se alterou, as pessoas ao redor olhavam para a mesa deles, querendo saber o que se passava ali – Já não basta tudo o que você me fez passar? Não basta ter quebrado meu coração e pulado em cima dos pedacinhos?! Por que você continua com essa merda?!
Márcio se assustou com a reação de Aline. Ele odiava escândalos.
- Aline, calma! – Ele pedia, os olhos arregalados. Agora, todos no restaurante os encaravam – Calma, por favor...
- Ta tudo bem aqui, senhora? – O garçom que os atendeu perguntou, ao se aproximar da mesa. – A senhora precisa de alguma coisa? – Ele olhava de Aline para Márcio.
Aline assentiu, ainda olhando para Márcio.
- Ta tudo bem, moço... – Ela disse, olhando para o garçom – Eu apenas me alterei com o babaca do meu ex. – Ela sorriu.
- Certo... Se precisar de alguma coisa, é só chamar – Ele olhou feio para Márcio.
- Ahn... A conta, por favor – Márcio pediu, super sem jeito.
Depois de pagarem a conta – Márcio fez questão de pegar tudo – foram para o estacionamento.
Mesmo em silêncio, o clima era pesado. Aline tentava se controlar, não queria passar mal. Mas, se tivesse alguma coisa em suas mãos, com certeza jogaria na cabeça de Márcio.
Ele a acompanhou até seu carro. Aline parou ao lado da porta e cruzou os braços.
- Me desculpa por isso... – Márcio coçou a nuca – Você ta bem?
- Eu to ótima. Estamos conversados, Márcio? – Aline o encarou.
- Sim, sim... Claro – Márcio tentou sorriu. Aline ignorou. Entrou no carro e saiu de perto dele o mais rápido que pode.
A paixão realmente nos deixa cegos. Era nisso que Aline pensava enquanto dirigia de volta para o escritório da revista. Quando ela estava com Márcio, não via seus defeitos, não mesmo. Por vezes ela se anulou pra fazer as vontades dele. Só de lembrar de sua ameaça, o sangue lhe fervia. Ele ainda tinha coragem de fazer joguinhos!
Márcio ainda ia receber uma lição e seria a vida que lhe daria esse tapa na cara.

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