Capítulo 48
Em certo momento da festa, a música pulsante do DJ foi substituída por música ao vivo. Pedro, Vinicius e Renato estavam no palco improvisado na praia, Bernardo fazia uma participação no show daquela noite. Ele, assim como o irmão, tocava guitarra. Porém, em sua própria banda ele era o baterista.
O pequeno palco era rodeado de luzes de Natal e tochas flamejantes nos quatro cantos. Pedro mandou um beijo pra Clara e então começou a falar no microfone.
- Boa noite, luau do Fred! – Pedro cumprimentou e a praia gritou em resposta – Somos a GreenFox, hoje com a ilustríssima participação de Bernardo Castelli, também conhecido como meu irmão caçula, baterista da Effys – Pedro apresentou Bernardo, que deu um tchauzinho tímido.
Clara estava com seu grupinho na lateral do palco. A frente era tomada por amigas-desconhecidas-de-Fred que pareciam estar gostando demais do vocalista da banda.
- Vamos fazer um sonzinho aqui agora. Quem quiser pedir alguma coisa, é só se aproximar – Pedro piscou, fazendo suas mais novas fãs suspirarem e começaram a tocar.
A primeira música era de autoria própria e Clara ficou surpresa por ver que bastante gente ali cantava junto com Pedro. Ela teria de se acostumar com o assédio ao namorado, até porque achava lindo a paixão que Pedro tinha pela música.
E ele estava sexy demais em cima daquele palco. Não usava camisa e um colar de flores pendia em seu pescoço. A guitarra parecia ser o adereço certo a ele. Pedro interagia com o público na hora certa, mas sempre olhava para Clara. Vinicius e Renato também não perdiam a oportunidade de fazer alguma gracinha com a plateia. Eles tocaram vários covers a pedido, e finalizaram com mais uma música própria.
Assim que o show acabou, Pedro foi até Clara e a beijou.
- Gostou?
- Amei – Ela disse, sentindo seu coração bater no mesmo ritmo que o dele.
Pedro, então, foi dar atenção aos seus fãs e Clara foi com Rafael e sua namorada até a beira do mar. Eles sentaram-se na areia e esperaram até que o resto do pessoal juntassem-se a eles.Já passava das duas da manhã quando Fred cortou o bolo. O primeiro pedaço ele deu para sua mãe e sua avó, como era esperado.
A praia começou a esvaziar, apenas os amigos mais próximos ainda estavam por lá. O DJ tocava um rockabilly e Fred e Clara tentavam dançar seus passinhos na areia, mas era difícil, pois afundavam muito. Quando, finalmente, estavam todos esgotados, sentaram-se nos pufes. A maioria ali já havia bebido demais e Clara estava inclusa nesse grupo.
Ela foi ao banheiro e quando estava entrando, encontrou Aline, que estava saindo.
- Oi – Aline disse. Durante todo o luau, elas não se falaram. Estavam sempre na mesma rodinha, mas não trocaram uma palavra. – Como você ta?
Clara ergueu a sobrancelha.
- Pode parar com essa merda, eu não preciso disso. – Ela sentia o mundo a sua volta girar. Já estava se arrependendo de ter aceitado entrar na brincadeira com Rafael, pra ver quem virava mais latinhas de Budweiser em menos tempo. Mas ela ganhou, óbvio.
- Eu apenas te fiz um pergunta, Clara... Mas deixa pra lá – Aline fez menção de sair, mas Clara começou a falar.
- Deixar pra lá é o que você melhor sabe fazer, não é? É isso que você ta fazendo com a gente... - Uma pequena parte consciente de Clara sabia que ela deveria calar a boca pra não piorar as coisas.
- Clara, você também não me procurou!
- E não vou te procurar. Sabe por que? Porque eu não estou errada e você vai entender isso.
Aline sabia que Clara estava bêbada, já tinha presenciado a amiga naquele estado inúmeras vezes. E pela cara que Clara fazia, ela iria vomitar rapidinho.
Aline suspirou, revirando os olhos.
- Cala a boca e entra aqui – Ela empurrou Clara pra dentro do banheiro e antes mesmo que pudesse protestar e dizer algo, Clara desabou em frente a privada. Aline segurava seus cabelos enquanto ela botava todo o álcool que bebera pra fora. Aline prendeu a respiração, pois aquele cheiro a estava enjoando. Quando Clara terminou de vomitar, ela demorou para conseguir levantar. Aline a ajudava como podia, mas a barriga a limitava. Por fim, desistiu. Deixou Clara apoiada na parede.
- Espera ai, já volto!
E saiu apressada, voltando até a praia pra chamar Pedro. Ele ainda estava sentado sob a tenda. Também estava bêbado, mas eu estado era melhor que o de Clara.
- Pedro! – Aline o chamou e ele foi até ela. – Clara ta passando mal, eu não consigo levá-la pro quarto.
À simples menção do nome de sua amada, os olhos bêbados anuviados de Pedro recuperaram o foco. Ele seguiu Aline até o apartamento e quando abriram a porta do banheiro, encontraram Clara dormindo abraçada com a privada. Aline reprimiu o riso.
- Clara... – Pedro e levantou. Ela resmungou algo, mas não acordou. Aline limpou sua boca que ainda tinha vestígios de vomito e Pedro a carregou até o quarto onde eles passariam a noite. Enquanto Aline a ajeitava na cama, Pedro foi fazer um copo de água coma açúcar, para ajudar a amenizar os efeitos da ressaca que a namorada teria.
Ele voltou com a água gelada e açucarada e acordou Clara, para que ela tomasse. Ela o fez, relutante, e depois desabou num sono profundo.
- Droga, devia ter prestado atenção nela. – Pedro se reeprendeu.
- Relaxa, ela sempre passa mal – Aline deu de ombros e lembrou de todas as vezes que ela e Fred cuidaram de Clara.
Depois da morte de Samuel, as coisas ficaram bem sombrias pra ela. Eles não gostavam de lembrar dessa época, foi difícil para os três.
- Pedro, você se importa se eu dormir com ela hoje? – Aline pediu. Lembrar daquela época mexeu com algo dentro dela.
- Imagina, pode ficar. Me chama se precisar de qualquer coisa, ta? – Pedro deu um beijo na testa da namorada e saiu do quarto.
Aline se ajeitou na cama e estava quase dormindo quando Caio apareceu para lhe dar boa noite. Ele estava bem alterado, mas não chegava a estar bêbado.
Ele se despediram e logo Aline adormeceu também.Aline acordou no meio da noite. Podia ouvir as vozes do pessoal que ainda estava curtindo na praia. A madrugada estava abafada e Aline sentia os cabelos da nuca úmidos no travesseiro. Ela estava deitada de barriga pra cima, ultimamente só conseguia dormir assim. Então Clara, que até então estava de bruços, virou-se pra ela.
- Obrigada... – Ela sussurrou.
Ambas sabiam que aquela única palavra representava muito mais.
Aline segurou a mão de Clara e ficou ouvindo as ondas do mar e a amiga roncando.O dia seguinte foi cheio de ressaca para a maioria dos presentes no apartamento. Por isso eles passaram o dia apenas relaxando na piscina. O clima entre Aline e Clara estava bem melhor, embora elas ainda não tivessem realmente conversado para esclarecer as coisas.
Depois da madrugada cuidando de Clara, – Ela levantou para vomitar duas vezes – Aline realmente acreditava que exista uma esperança para elas, acredita que tudo voltaria ao normal. Mas conhecia a amiga e sabia que mais dia, menos dia, Clara iria querer conversar. Ela era do tipo de pessoa que gostava de esclarecer tudo, qualidade ou defeito, Aline não sabia. Mas era sua melhor amiga e a amizade delas valia toda as d.r.'s que pudessem ter.
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Quando tudo acontece
RomansAline e Clara são duas amigas que, aparentemente, têm uma boa vida. Aline tem o emprego perfeito, o apartamento perfeito e o namorado perfeito e Clara é uma chef de cozinha bem sucedida que vive para o trabalho e esconde alguns detalhes de seu passa...