2 - O que deu em você?

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— Filha, o Brian está subindo. — minha mãe gritou da escada.

Me levanto rapidamente, me sento em minha penteadeira e arrumo meu cabelo. Ouço a madeira ranger e em seguida dois toques na porta.

— Oi. — me levanto e pulo em seus braços, beijando-o com toda a ferocidade que eu conseguia encontrar em mim. — Ei, calma. — ele me afasta. — O que deu em você?

— Eu tava com saudades. — fecho a porta e o empurro pra cama, subindo nele.

— Seus pais tão em casa. — o calo com um beijo.

— Eu não ligo.

— A porta tem que ficar aberta. — ele sai de baixo de mim e se levanta. Eu resmungo em protesto.

— Sempre que tu vem aqui eles estão em casa.

— Isso é mentira.

— Não é não. Ou eles estão aqui, ou tu fica sempre com receio de que eles vão chegar. — cruzo os braços.

— A gente tá brigando?

— Não! Eu só... eu só to um pouco frustrada.

— Com o que? — ele abre a porta e se senta ao meu lado.

— Com umas coisas que aconteceram hoje, mas nada de mais. — forço um sorriso.

— Tudo bem, então vamos descer?

— Claro. — digo falsamente, mas ele não percebe.

***

— Pode passar as batatas? — meu pai, ou "o pastor" para o resto da cidade, pergunta para Jonas e ele o alcança.

Jonas é o marido de Ellen, minha irmã. Os dois têm 23 anos e se casaram à dois meses, mesmo jovens, pareciam felizes e estavam sempre de mãos dadas por cima da mesa. Eu podia ver seu afeto por aquela pequena demonstração.

Por instinto olho para o lado e vejo Brian com sua cadeira à dez centímetros da minha, praticamente engolindo o pato feito por minha mãe. Para piorar a situação, podia ver meus pais trocando olhares, um em cada ponta da mesa.

— O Shawn veio hoje aqui. — simplesmente digo e Brian engasga ao meu lado.

— O Shawn? Que Shawn? O da nossa escola? — ele pergunta e toma um gole de água.

— Esse mesmo.

— Ah, sim. — meu pai pega a toalha de boca e a utiliza com a maior educação possível antes de prosseguir falando. — Eu o mandei vir.

— Só não entendi bem o por que. — continuo comendo tentando parecer indiferente ao assunto.

— Eu não tive tempo de te comunicar. Houve um... imprevisto com ele ontem à noite e hoje eu decidi que ele precisava de uma boa influência.

— E por que eu?

— Por que você é uma garota jovem, bonita e exemplar. É uma boa imagem e eu sei que precisava de ajuda com seu projeto.

— Ele vai te ajudar com o carro? — Brian pergunta com uma leve insegurança.

— Pelo jeito...

— Além disso, — meu pai prossegue. — eu devo esse favor à Sônia.

— Sônia?

— A tia dele. Ela foi uma grande amiga e já fez muito por mim. — minha mãe pigarreia. — Por mim e por sua mãe.

— A tia dele é a dona do Engenho?

— A construtora? — minha irmã se pronuncia.

— Isso mesmo. — minha mãe afirma.

— Eles devem ser ricos. — Jonas comenta. — Eu mandei meu currículo pra lá.

— Ela é, mas não tanto quanto o pai do garoto. Ele é um desses magnatas de cidade grande.

— O senhor o conhece, pai? — ele olha para minha mãe antes de responder.

— Eu o conheci.

— E por acaso sabe por que o Shawn veio pra cá?

— Na verdade sim, mas não é assunto do meu direito de contar.

— Então eu vou ter que conviver com o garoto por sei lá quanto tempo e não vou poder saber nada sobre ele? Isso não é nem um pouco justo. — protesto largando os talheres no prato.

— Modos, Sarah! — ele me repreende. — Tudo que tu quiser saber, pergunte à ele.

— É isso que eu vou fazer.

Ainda era segunda, amanhã eu o veria na escola e depois dela. Eu não iria fugir de minhas perguntas e como ele era um delinquente, provavelmente eu não iria conseguir conserta-lo em pouco tempo.

Acabamos a janta e eu levei Brian até a porta.

— Boa noite, B. Te amo. — eu passo meus braços pelo seu pescoço e o beijo.

Como tenho resposta, pego suas mãos que estavam em minha cintura e as desço à minha bunda.

— Sarah! — ele me repreende.

— A gente não precisa ser do jeito que eles querem que a gente seja.

— O que deu em você? — ele me encara. Ele estava brabo?

— Como assim o que deu em mim?

— Tu tá toda, sei lá, insaciável.

— Eu não... do que tu tá falando?

— A gente combinou. Só depois do casamento.

— Eu sei, mas isso não significa que a gente precise ficar só nos beijos. Muita coisa vem antes do sexo, sabia?

— Eu não vou discutir isso contigo. Vou pra casa, boa noite. — ele beija minha bochecha e me dá as costas.

Influence - [Shawn Mendes]Onde histórias criam vida. Descubra agora