42 - Quando foi que tudo começou a desabar?

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Na quarta-feira eu fiquei por casa, a aula foi cancelada, então mais uma vez — depois de fazer meu café da manhã e comê-lo lendo mais uma notícia que tornava meu pai um babaca — foquei no meu grupo de teatro.

— Oi, querida. — meu pai aparece na cozinha e eu me esforço ao máximo para sorrir ao me virar, já que eu não havia o visto desde ouvir sua conversa na madrugada.

— Oi, pai! Por que tu chegou tão cedo? — olho meu celular e noto que são onze da manhã.

— O que tu fazendo? — ele se aproxima.

— Cupcakes, quer? — finalizo a cobertura de um deles e o pego para comer. — A Olivia, o Froy e a Maia — a irmã de Daniel. — estão vindo, porque nós precisamos terminar o roteiro da peça e... Nossa, isso tá bom. — passo o dedo no glacê e me esqueço de prestar atenção em meu pai.

— Como assim? Não te avisaram?

— Avisaram o quê?

— Não tem mais peça de teatro.

O quê? Do que tu tá falando?

— As verbas foram redirecionadas por conta do incêndio, não tem mais clubes até o final do semestre, querida. — me apoio na pia e faço uma bandeja inteira de cupcakes cair no chão.

— Caralho! — me abaixo para pegar os doces.

— Sarah! Desde quando tu fala palavrão dentro dessa casa? — ele me repreende e eu rio.

— Elas foram redirecionadas ou cortadas?

— O que tu quer dizer? — cruzo os braços e decido enfrentá-lo.

— Tem um boato circulando de que o fogo foi causado por um corte de verbas da manutenção e...

— Não me venha com boatos, garota. — ele aumenta o tom e vira as costas para mim, como que se o que eu disse tivesse sido uma grande ofensa.

— Então tu não tem nada a ver com fogo?

— Não! Eu não... — eu o interrompo.

— Não tem nada a ver com o declínio do outro lado do rio? Não tem nada a ver com... — pego o jornal na bancada e o jogo a sua frente. — a reforma da igreja? — ele o amassa. — Me explica como falta dinheiro pra escola, mas sobre pro teu santuário?

— Eu espero que tu não esteja tentando insinuar alguma coisa, Sarah.

— Ah é? E se eu tiver? Tu vai mandar alguém pra me bater como tu fez com o Liam? — digo e sinto lágrimas escorrerem pelo meu rosto. — Não te preocupa, eu não vou dizer nada. — o ultrapasso e o noto estar em completo estado de choque. — Ainda. — sussurro, pego minha bolsa e trato de chegar o mais rápido possível na casa de Clary.

***

— Quando foi que tudo começou a desabar? — me jogo na cama da minha melhor amiga e ela se deita ao meu lado depois de eu ia ter recusado explicar o motivo de ter me levado até sua casa.

— Me convida pra fugir. — lhe olho e ela sorri. — Eu vou contigo.

— O que tu acha de Nova Iorque? Eu tenho uma problemas pra resolver com um cara que tá lá... — digo e ela ri.

— É, eu vou me encontrar na mesma situação em alguns meses...

— Problemas com a Lea?

— Olha, se eu passar pra jornalismo na NYU, vai ficar tudo ótimo.

— Eu sei que tu vai. — seguro seu rosto e ela sorri fraco. — Eu te amo, viu?

— É, eu sei. E eu também te amo, só que se eu for, eu vou ficar longe de ti e eu também não quero isso.

Influence - [Shawn Mendes]Onde histórias criam vida. Descubra agora