59 - Um mês.

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Shawn's POV

Eu já estava com a bunda quadrada de tanto tempo sentado nessa cadeira. Foi meia hora de espera, mais uma hora aqui, quinze minutos de intervalo e agora faz vinte minutos que o meu advogado tenta diminuir a minha "pena". Pelo menos esse é o tempo que aparenta ter passado.

Ele continuou e continuou tagarelando, sentindo-se o maioral naquele terno fino e ok, o cara é bom, mas a minha vontade era de mandar ele calar a boca e dizer pra o juiz que eu mereço tudo que ele tiver pra me oferecer.

Mas como eu fui instruído pelo meu pai, eu não deveria dar um pio, então tudo que eu faço é ficar aqui, parado, sem parecer desinteressado, mas só abrindo a boca quando pedem especificamente para eu falar alguma coisa e as palavras que saem são somente aquelas muito bem ensaiadas.

Nesse meio tempo eu só consigo imaginar o quão nervosa a minha tia e a minha namorada estão lá fora.

Sarah já deve estar cansada de balançar aquela perna nervosa e mastigar seu lábio todinho. Tudo que eu queria era abraçá-la agora, porque as coisas tão difíceis pra nós dois e definitivamente nosso tempo de mais cedo foi longe de ser suficiente.

Eu acordei com aquela maldita luz vindo da janela por nós não termos fechado as cortinas antes de dormir ou talvez tenha sido pelo meu despertador ter começado a tocar, mas não importa, somando os dois, mais o medo repentino que atingiu meu estômago por hoje ser o dia que eu vou descobrir meu destino quanto ao julgamento, fizeram com que eu despertasse rapidinho.

Me virei na cama e encontrei Sarah com o rosto adoravelmente amassado contra o travesseiro, vestindo aquela minha blusa que ela chama de pijama, mas que não costuma durar muito em seu corpo quando ela vem pra cama. Talvez ela tenha posto no meio da noite, por conta do frio, mas eu duvido que tenha ajudado muito.

Cobri seu ombro que estava com a manga caída já que a blusa é três vezes o seu tamanho e beijei a sua testa só para sentir seu rosto quente contra meus lábios, porque eu não tive intenção nenhuma de acorda-la, por ser sete da manhã e nós só precisarmos sair pelas nove horas, já que aquela reuniãozinha com o juiz está marcada para as dez.

Levantei um pouco zonzo, indo direto para a janela fechar as cortinas e só agora eu lembrei da quantidade de whiskey que eu tomei ontem. Talvez não seja nervosismo essa confusão que tá rolando no meu estômago.

Liguei o chuveiro só com a intuição de onde ficava cada coisa, porque meus olhos estavam dificultando o processo, simplesmente por não quererem manterem-se abertos.

Eu nem me prestei a acender a luz e já fui para de baixo daquela água quase fervendo, sentindo-a escorrer pelas minhas costas, mantendo meus olhos fechados e meus dois braços estendidos para os lados, tentando manter-me de pé com o apoio da parede e do box, até que eu ouvi a porta ser aberta e foi só eu olhar sobre meu ombro para ela que meu coração já acelerou um pouquinho, mas de uma maneira muito positiva.

A primeira sensação boa do dia.

Sarah não diz nada, apenas abre uma fresta da porta de vidro e me olha de cima a baixo o mais discretamente possível, mas é óbvio que eu percebi.

— Bom dia, meu bem. — ela desvia seu olhar até o meu quando eu me viro para ela e eu beijo seus lábios, então ela apenas engole em seco e fecha a porta.

Influence - [Shawn Mendes]Onde histórias criam vida. Descubra agora