Primeira noite no "cativeiro"

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Acordo com uma enorme dor de cabeça, que mal consigo abrir os olhos.

Onde estou? Não reconheço esse lugar e minhas lembranças estão confusas.

O ambiente só não está no total breu, por causa da luminosidade que vem da lua e bate em alguns móveis.

— Que bom que acordou. — Uma voz ressoa em meus ouvidos. — Já estava ficando preocupado. — A luz se acende, então posso ver o Jorge sentado em uma cadeira, olhando fixamente em minha direção.

Instantaneamente, tudo o que aconteceu pela manhã, cai sobre mim.

Sento na cama com dificuldade, ainda com a visão desfocada.

— Estou com dor de cabeça. — Sinto uma pontada. — Onde estamos? Por que está fazendo isso? — Questiono. — Eu quero ir embora.

Pegando uma bandeja na pequena mesa, se aproxima e senta ao meu lado.

— Uma pergunta de cada vez, minha linda. — Sorri. — Precisa se alimentar, assim não sentirá ficará bem.

— Não quero comer. Exijo que me deixe ir embora. — Elevo o tom, mas aí que a enxaqueca piora. — Ai! — Coloco a mão na testa.

Obviamente, é o produto inalei que está me causando esse mal-estar.

— Se estressar será pior. — Diz. — Respondendo... Esse é seu novo quarto. Tem tudo o que precisa e foi decorado pensando em você.

Ele só pode estar maluco.

— Não vou ficar aqui. — Sinto a irritação crescer dentro de mim. — Por que está fazendo isso? — Insisto na pergunta e sua mão se ergue para tocar meu rosto, porém a empurro para longe. — Não toca em mim.

— Te quero ao meu lado, Anne. É por isso que está aqui. — Explica, tranquilamente.

— Só pode estar de brincadeira comigo. — Ironizo. — Eu não quero nada com você.

— Ainda. — Me corrige. — Quando perceber que estando comigo, será a mulher mais realizada do mundo, mudará de ideia.

— Realizada?! — Solto um sorriso nervoso. — Com um cara que me sequestrou?!

— Digamos que... A trouxe sem seu total consentimento.

— O que é considerado um sequestro. — Rebato.

— Isso será bom para nós. Finalmente, estamos sozinhos e não há ninguém para nos atrapalhar. — Apoia as mãos nos joelhos e se levanta. — Bem, preciso resolver algumas coisas. Sei que acordou agora, mas é tarde. Coma e volte a deitar. Sentirá bem melhor amanhã. — Caminha até a porta. — Bons sonhos, linda. — Diz, antes de sair.

Isso não pode estar acontecendo. O Arthur e a Kate devem estar muito preocupados.

Olho ao redor, reparando em tudo e até que é bem bonito. A pintura clara e os quadros pendurados dão um ar harmonioso, apesar de ser totalmente o contrário. Os móveis são bem elegantes e parecem ter sido caros.

Levanto rapidamente e corro até a janela com uma certa esperança, mas obviamente há grades. Claro. Por acaso deixaria aberta?! Entro no banheiro e nem meu braço passa pelo basculhante. Nada aqui se parece com cativeiros que já vi em filmes e séries.

Que droga! Preciso voltar e encontrar o Arthur. Será que o Jorge fez alguma coisa com ele? Não, não pode ser. Por favor, que meu amor esteja em segurança.

Volto ao quarto, me aproximo da porta e forço a maçaneta.

— Jorge, me tira daqui. — Grito. — Você não tem o direito de fazer isso. — Bato na madeira, sentindo minha mão arder. — Quero sair daqui. — As lágrimas começam a escorrer. — Eu te odeio. — Desisto de implorar e deito na cama, repensando o que está acontecendo.

Por que me trouxe e o que está pensando em fazer? Sinto um aperto no peito ao imaginar que possa ter acontecido algo com o Arthur, a Kate e o Dominic. Sei que não está bem, porque jamais deixaria o Jorge invadir minha casa. Não, eles não podem ter se machucado, ou... Abraço o travesseio e começo a chorar compulsivamente.

Poucos minutos depois, ouço a porta ser destrancada e seu perfume forte empesteia o ambiente.

— Não gostei do seu comportamento. — Diz, em tom repreensivo. — Eu falava ao telefone com uma pessoa muito importante. — Como estou de costas para a entrada, não posso vê-lo.

— Não me interessa nem um pouco. — Respondo. — Queria que estive sorrindo?! — Ironizo.

Seus passos ressoam pelo chão e novamente senta ao meu lado.

— Sim. Não quero que fique abatida e essas lágrimas só servirão para isso. — Tenta acariciar meu rosto, mas desvio, novamente.

— Já falei para não me tocar. — Cerro os dentes.

Seus olhos azuis ficam mais escuros e sombrios.

— Não gosto que fale comigo nesse tom, está ouvindo?! — Se irrita. — Vejo que desobedeceu minha ordem e sequer tocou na comida. Ficará sem. — Pega a bandeja e se levanta. — Não quero vê-la assim pela manhã. Descanse e sem nenhuma gritaria. — Se afasta e sai.

Ouço a chave girar na fechadura e o silêncio volta a reinar.

Tenho que achar alguma maneira de fugir desse lugar.

Coloco a mão no pescoço e não sinto meu colar. Não acredito que esse maldito o pegou. Pelo menos, tenho o anel de noivado.

Arthur, como estará a essa hora? Gostaria tanto de acordar desse pesadelo e estar em seus braços.

Preciso de você, meu amor. 

Meu Professor 2Onde histórias criam vida. Descubra agora