Christopher
Eles acham que eu sou o monstro. A besta que roubaria a menina inocente, quando o tempo todo, eles são os animais. Ele é a besta que a vende para salvar seu pescoço decrépito.
Eu dei à Irmã Lucy uma piscadela quando saí. Do lado de fora, subi na minha moto, olhando para cima enquanto eu ligava o motor. Dois rostos olharam para fora pela janela de Dulce, mas nenhum deles pertencia a ela. Mudei de marcha, acelerei pelos jardins e saí para a cidade, precisando da longa viagem. A liberdade da velocidade. Do perigo.
O último foi uma das poucas coisas que clareou minha cabeça.
Dulce perdeu peso desde a última vez que a vi. Seu rosto parecia mais magro, seu uniforme mais folgado. Era esperado, apesar de tudo. Eu imaginei que ela estava mais do que um pouco ansiosa sobre o seu futuro.
Pelo menos eu não era um mentiroso, embora. Pelo menos eu estava mostrando quem eu era. Ela não iria a nenhum lugar pior do que a casa dela. Talvez até um pouco melhor. Comigo, ela sempre saberia a verdade. A vida comigo não seria fácil, mas teria honestidade.
Esperando mais uma semana. Então eu deixaria este lugar. Iria para casa.
Casa.
Porra.
O que era isso mesmo? Em que lugar estava isso? Poderia a vingança estar em casa?
Por causa desse acordo, era para ser. Eu passei os últimos seis anos da minha vida atrás das grades. Eu matei meu pai com minhas próprias mãos. Apesar da decisão ter sido revogada e o ato declarado como autodefesa, eu já sabia como seria.
Eu matei o homem que deveria nos proteger, que deveria ter dado a sua vida para proteger a minha mãe, meus irmãos. Eu. Eu matei meu próprio pai depois que ele nos destruiu, depois dele incendiar o único bem que nós tínhamos.
Entre a educação de Dulce e a minha, tivemos grandes valores familiares. Quase me fazia entender a escolha da vocação do meu irmão, Bruno. Quase.
Mas isso não era nem uma coisa nem outra.
Infelizmente para Fernando Espinosa, eu não apodreci na cadeia. E agora que a minha vida estava a salvo, eu destruiria a dele.
Veja, existe uma coisa que a prisão dá a um homem. Dá-lhe tempo. E nesse tempo, eu descobri as minhas prioridades. As coisas que importavam. Costumava ser a minha família para mim. Mas virou cinzas. Agora, a minha prioridade era punir aqueles que foram o catalisador para o que aconteceu. Para o fogo que destruiu qualquer coisa pela qual valia a pena viver.
Mas, mesmo com toda a pompa e circunstância de Fernando Espinosa, ele era um homem fraco. Um covarde. Ele tinha tudo, mas ofereceu sua neta. Talvez ele pensasse que eu nunca o enfrentaria. Ou talvez ele simplesmente não desse a mínima para ela.
Mas ele recebeu um golpe financeiro. Eu estaria tomando uma parte considerável da preciosa fortuna Steele, e eu determinaria o que aconteceria ou não com a vinícola.
Minha mente vagou de volta para Dulce. Ela era inocente. Eu sabia. E se eu tivesse alguma humanidade, eu teria tido pena dela. Por sua situação. Por toda a sua vida, pelo homem que estava usando-a, abusando da confiança como seu tutor e responsável legal. Dela e de sua irmã. E ela não fazia ideia disso.
Eu sabia que ele não só vivia do dinheiro que pertencia a ela e a sua irmã - O subsídio que recebe, não lhe permitiria ter o luxo que estava acostumado- mas também estava descaradamente roubando suas netas.
O que ele planejava fazer com esse dinheiro, eu não tinha ideia. O homem tinha que estar próximo dos setenta anos agora. Ele não viveria tempo suficiente para gastar esse dinheiro. Apesar de que cobras como ele parecem nunca morrer.
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Desonroso - Adaptada Vondy (Concluída)
FanfictionDulce promete se casar com Christopher em seu décimo oitavo aniversário para liquidar uma dívida antiga. Como seu avô deve muito dinheiro, ele usa Dulce como um peão sem valor. Ela fica mais do que irritada com a situação, mas ela segue com o arranj...