— Vá.
— Não sem você.
— Aqui é o meu lugar.
Ele bebeu.
Fui até ele de novo, hesitante desta vez quando eu levantei a minha mão para tocar seu braço, o dorso de sua mão. Ele observou, observou o progresso do meu toque.
— Aqui não é o seu lugar, não é lugar de ninguém — eu disse. Ele só olhou para mim. — Vamos lá para cima comigo. Por favor.
— Você não me conhece. Você não sabe nada sobre mim. Você não tem uma porra de ideia do que eu sou capaz.
— Eu acho que posso conhecê-lo melhor do que você pensa. E você está certo. Há muita dor aqui. Você precisa subir comigo.
— Por quê? Por que você se importa? Quero dizer, olhe o que eu estou fazendo com você.
Eu não respondi. Eu não poderia já que nem eu sabia a resposta. Tudo que eu sabia era que eu não podia deixá-lo aqui sozinho. Agora não. Nunca.
— Está frio. — Peguei a mão dele e o arrastei, ou tentei, em direção à escada, mas era como tentar mover esse pilar. — Estou com frio. Leve-me lá para cima.
Ele não respondeu, apenas me observou. Eu não tinha certeza de quanto ele já bebeu. Ele não parecia bêbado, mas não era ele mesmo.
— Vamos, eu estou com frio.
Só então, o pelo de Charlie surgiu no topo da escada. Eu olhei para ele. Ele estava na beira da escada, ainda era muito pequeno e talvez estivesse com muito medo de dar esse primeiro salto. Quando me virei para Christopher, o encontrei me observando com um olhar estranho. Eu não pude saber que olhar era esse. Não consegui arriscar.
— Venha comigo, Christopher. — Desta vez, ele me deixou levá-lo. — Charlie vai se machucar se ele tentar descer. — Lentamente, fomos para cima, e Charlie arrodeou nossos tornozelos quando chegamos ao topo. Apaguei a luz e fechei a porta atrás de nós. Ele me deixou levá-lo pela casa e até o segundo andar. — Você está congelando — eu disse quando chegamos ao meu quarto.
Ele apenas ficou me olhando.
Abri a porta e o trouxe comigo, não tinha certeza se era a melhor ideia, não com aquele olhar estranho em seus olhos. Do banheiro, peguei uma toalha e sequei seu cabelo, ombros e peito e coloquei a toalha na cama. Sem saber o que estava fazendo, sem saber se eu deveria fazer realmente, comecei a abrir seu jeans, primeiro o botão, em seguida, o zíper. Ele ficou parado, e eu me ajoelhei para tirar os sapatos e as meias, então ele ficou descalço, sem camisa, calça jeans aberta, o cinza escuro de sua cueca visível.
Eu abaixei seu jeans, o tecido molhado aderindo em suas coxas. Engolindo seco, eu tentei novamente, e ele saiu dele.
— Dulce — ele disse quando eu me endireitei.
— Shh. — Eu puxei as cobertas. — Nós só vamos dormir. — Eu quis dizer isso. Nada aconteceria. Ainda não.
Sua testa franziu, e seus olhos tinham perdido um pouco daquele brilho estranho. Ele balançou a cabeça, e quando eu empurrei seu peito, ele se deitou na cama. Eu coloquei as cobertas sobre ele, observando como o músculo grosso de seus braços e ombros se agruparam quando se virou de lado.
Charlie tentou três vezes pular na cama. Eu o peguei e o coloquei nos pés de Christopher antes de pegar meu top e shorts e ir me trocar no banheiro. Christopher estava me observando quando voltei. Eu tirei as cobertas e subi na cama, virando-me de costas para ele, tomando cuidado para não o tocar. Mas, então, seu braço pesado cobriu minha cintura e me puxou para ele. Meu coração disparou e minha respiração engatou quando ele me segurou, seu grande corpo envolvendo o meu, seu braço relaxado, sua mão aberta em minha barriga, me segurando apertada contra ele.
Nenhum de nós falou, mas eu sabia que ele não dormiu logo.
Eventualmente, sua respiração se estabilizou, e eu fechei os olhos, meu corpo cansado demais para lutar contra a fadiga por mais tempo, seu corpo muito quente para que eu não me emaranhasse nele, não relaxasse sob ele.
— Nunca dormi segurando uma mulher assim. Nunca.
Pisquei algumas vezes, mas não falei.
— Eu nunca quis que elas ficassem — completou. Ele me apertou mais.
— Christopher...
— Durma, Dulce. Nada vai acontecer.
Abaixei minha mão e segurei a parte de trás da dele e fechei meus olhos e dormi, e quando eu acordei de manhã à luz do sol vinha através das cortinas, ele tinha ido embora, seu lado da cama estava frio.
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Desonroso - Adaptada Vondy (Concluída)
FanfictionDulce promete se casar com Christopher em seu décimo oitavo aniversário para liquidar uma dívida antiga. Como seu avô deve muito dinheiro, ele usa Dulce como um peão sem valor. Ela fica mais do que irritada com a situação, mas ela segue com o arranj...