Dulce
— O que você fez com o anel? — Eu perguntei quando entramos no carro. — Seu dedo...
— Vai curar.
— Porque você fez isso? Por quê?
— Eu pensei que seria um lembrete constante de você — disse ele com um sorriso de quem não disse tudo.
— Eu não entendo.
— O que você tem com o meu irmão?
— Nada. Você está com ciúmes?
— Não estou com ciúmes. Lembre-se, verdade. Eu quero a verdade, sempre.
— Bem, ele não é louco. Isso é uma coisa que temos em comum, eu acho.
— Ele é um tipo diferente de louco. Estou avisando agora para ter cuidado com ele. Você não conhece o meu irmão.
— E eu já gosto dele mais do que de você.
— Isso não é uma vergonha para você, então.
Silêncio.
Tirei os grampos que prendiam o véu sobre a minha cabeça e o dobrei no meu colo. Olhei para fora das janelas escuras, observando quando Lina e meu avô entraram em outro sedan. Lina olhou para o nosso carro e acenou. Eu acenei de volta, vendo que eles nos seguiram quando saímos.
Lina me ligou em pânico apenas alguns dias atrás. Ela me disse que o avô não a traria para o casamento. Algo o fez mudar de ideia. Fiquei imaginando o que.
O jantar seria servido na casa hoje à noite, e eu soube que teria mais gente na recepção do que aqueles reunidos na igreja. Mas fiquei surpresa ao encontrar mais de uma dúzia de carros estacionados na casa após a nossa chegada.
— Quem são todas essas pessoas?
— Primos. Parceiros de negócios. Pessoas das fazendas próximas. Pessoas que eu preciso ver, agora que estou de volta.
— Oh. — Eu olhei para a casa iluminada, vi pessoas se movendo para dentro. A área da piscina e a varanda dos fundos estavam iluminadas com velas e lanternas. Quando Christopher me ajudou a sair do carro, eu pude ver mesas para o jantar com bonitas toalhas de mesa brancas e peças centrais ornamentadas. Lírios negros. Como o meu buquê. Essa foi a minha única exigência, e eu estava determinada a deixar a minha marca. Deixá-lo saber como eu via essa união profana.
— Eu arranjei para sua irmã ficar conosco por alguns dias — disse Christian de repente.
— O que?
— Sua irmã. Eu sei que você quer passar mais tempo com ela.
— Mas meu avô...
— Seu avô é bem-vindo para sair quando ele quiser. Ela vai ficar. Eu arranjei isso — ele disse, me cortando. — Eu disse que não seria uma besta para você.
— Por quê?
— Por que não vou ser uma besta?
— Por que você faria isso por mim?
— Basta dizer obrigado — ele disse enquanto dobrava a esquina. Todas as cabeças se voltaram para nós.
— Obrigada.
Eu não tive a chance de dizer mais, porque fomos arrastados pela multidão, muitas pessoas que eu não conhecia vindo em nossa direção, nos parabenizando em italiano, beijando minha bochecha, nos entregando envelopes que eu não esperava. Como se isso fosse um casamento real.
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Desonroso - Adaptada Vondy (Concluída)
FanfictionDulce promete se casar com Christopher em seu décimo oitavo aniversário para liquidar uma dívida antiga. Como seu avô deve muito dinheiro, ele usa Dulce como um peão sem valor. Ela fica mais do que irritada com a situação, mas ela segue com o arranj...