Capítulo 10 Parte 2

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Correntes de ferro penduradas acima. Algemas com fechaduras estavam abertas. A imagem das costas de Christopher passou diante de meus olhos. Eu balancei minha cabeça.

Não. Não é o que você pensa. Não é possível.

O som de passos me assustou, e eu pulei, notando pela primeira vez uma abertura quase parecida com uma caverna na parede do fundo, percebendo que era de onde o cheiro de terra úmida veio. Em pânico, eu queria correr, cada filme de terror que eu já assisti passando diante dos meus olhos. Mas o terror paralisou as minhas pernas, e eu fiquei colada no local, observando, minhas mãos na minha garganta, minha boca aberta, segurando minha respiração.

Será que eu gritaria? Algum som viria se eu tentasse? Ou o medo me deixaria muda?

O som se aproximou, e um momento depois, Christopher apareceu na entrada do túnel. Eu gritei, e ele parou, sua camisa e cabelo molhados se agarrando a ele.

— Dulce?

Eu cobri meu rosto, só então percebendo o quão tensa eu estava, como estava com medo. Isso me fez rir um som estranho, quase maníaco.

— Eu pensei... — Eu dei uma respiração instável e enxuguei meus olhos.

Por que eu estava chorando? Porque agora?

— Parece que você viu um fantasma — disse ele.

— Eu pensei que você fosse um.

Ele deu um passo para a luz. Suas bochechas e a ponta de seu nariz estavam vermelhos de frio, o cheiro do túnel agarrado a ele.

— Nenhum fantasma.

Seu olhar caiu para o pilar, e quando ele se moveu mais para dentro do cômodo, eu tive a sensação de que ele teve o cuidado de deixar um amplo espaço entre nós.

— O que você está fazendo aqui?

Eu balancei minha cabeça.

— Eu estava olhando pela casa e vi a luz.

— Você não deveria estar aqui embaixo.

Ele se aproximou. Senti o cheiro de álcool em seu hálito.

— De onde você veio?

Ele apontou atrás dele.

— O túnel leva à capela.

— Você foi à capela? Agora? É noite, e está chovendo.

Ele andou até uma mesa, de costas para mim, quando ele respondeu.

— Eu não vi o túmulo de minha mãe em seis anos.

— Oh, Deus. — Fui até ele, levantando minha mão até seu ombro, mas parando antes de tocá-lo. — Eu sinto muito. — Eu notei o frasco que ele tinha enfiado no bolso de trás do jeans dele.

Christian olhou uns lençóis, mas os deixou. Quando ele se virou para mim, eu vi como seus olhos escureceram, quão intensamente seu olhar saltou de canto em canto, parando, inevitavelmente, voltando àquele pilar.

— Seu lugar não é aqui Dulce.

Sua voz era sombria e baixa, ele deu um passo em minha direção. Dei um para trás. Sua mão fria e úmida enrolou no meu braço e parou o meu progresso. Ele se aproximou, seu corpo úmido quase tocando o meu.

Desonroso - Adaptada Vondy (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora