Capítulo 17 Parte 1

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Dulce

Na manhã seguinte, quando acordei, Christopher não estava. Me perguntei se ele dormiu, quantas horas ele dormiu. Ontem à noite, depois de fazer amor comigo - e ele fez amor comigo - ele me lavou com tanta ternura, tão cuidadosamente, que me surpreendeu. Embora talvez não devesse ter surpreendido. Talvez a dualidade fosse o normal com ele. Talvez saber que ele tinha a capacidade de ser sensível faria a diferença, faria com que tolerá-lo quando ele fosse terrível suportável. Porque eu também sabia que ele seria terrível.

Ou talvez esse conhecimento só faria esses momentos muito mais duros.

Após a noite em Civitella in di Chiana, eu não sabia como eu seria capaz de ir em frente com o casamento. A noite de núpcias. Mas então ele me disse o porquê. Meu avô usou Cláu como um peão. Ele viu uma janela, minha fraqueza, e usou contra Christopher.

Eu precisava falar com meu avô. Eu precisava confrontá-lo e ouvir o seu lado da história, sobre o roubo, sobre seu acordo com Christopher. Mas eu não era tola o suficiente para pensar que ele me diria a verdade. Pelo menos não toda ela. Mas havia dois lados para cada história, e ele me criou. O homem nos deu abrigo, se não amor, por treze anos. Ele nos deu o melhor que o dinheiro podia comprar. Ele não podia nos odiar.

Ele vendeu você.

Literalmente.

Sim, ele vendeu. Mas se eu fosse honesta comigo mesma, o que ele sentia por mim não era o mesmo que ele sentia por Cláu. Talvez fosse porque ela era mais jovem. Talvez fosse a sua natureza, que ela forçasse alguma afeição, mesmo que pouca, dele?

Cláu de lado, porém, eu não poderia esquecer ou negar que ele foi contra mim. E se o que Christopher disse fosse verdade, que ele estava roubando de mim, de Cláu - ele tem que ser parado.

Mas ele ainda era meu avô.

Eu esfreguei meu pescoço, tentando aliviar a dor de cabeça que estava começando.

Outra coisa que estava martelando na minha cabeça por alguns dias. Desde o voo para a Itália. Eu tinha dezoito anos agora. Eu era casada. Com Christopher, eu era capaz de sustentar a minha irmã.

Eu poderia pedir e ganhar a guarda dela? Eu poderia trazer Cláu para viver conosco? Se meu avô não permitisse, o que eu achava que seria sua resposta, eu lutaria com ele no tribunal? Poderia? Quão público eu estaria disposta a ir - se o que Christopher disse for verdade? Quanto machucaria Cláu? Seu relacionamento com ele era diferente. Eles moram na mesma casa. Eu estive fora por quatro anos.

Mas havia outra pergunta também. Christopher permitiria?

Ele me deu esses dias com ela de presente. Ele sabia o quanto ela significava para mim. Mas, trazê-la aqui para viver conosco?

Será que Lina concordaria? Ela teria que deixar tudo para trás. Como ela se sentiria sobre deixar nosso avô sozinho? E eu poderia lançar dúvidas sobre sua fé no nosso avô, quando até eu não tinha certeza do que era verdade?

Era muito a se pensar. Saí da cama e me lembrei de quando Christopher estava me dando banho, alguém entrou no quarto para trocar os lençóis. Meu rosto se aqueceu com esse pensamento, de alguém - Gail, imagino - saber. É onde ele está agora? Mostrando para o meu avô?

Desonroso - Adaptada Vondy (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora