Capítulo 1

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Dulce:

Natal de 2015

O Natal era a minha época favorita, e este ano, o dia vinte e cinco caiu em um sábado, e a minha escola, a Escola Preparatória St. Sebastian nos deu mais uma semana de folga. Este foi o meu último ano na escola particular. Por mais exaustivo e tenso que o estudo com as freiras pudesse ser, eu gostei. A antiga mansão era linda, sendo destinada a ser a moradia das meninas.

Os meninos moravam na vasta propriedade em uma segunda mansão mais moderna. Eu amava a propriedade, os densos bosques que cercavam a remota escola, e até mesmo o pequeno quarto que eu compartilhava com outra aluna.

A mansão do meu avô, embora linda, era muito diferente da escola. Dirigindo ao longo da familiar curva sinuosa, próxima a garagem, vendo a grande mansão de pedra branca aparecer, era sempre um momento agridoce para mim. Fazendo-me sentir falta dos meus pais, especialmente da minha mãe. Isso nunca parecia mudar.

Então, eu vi a minha irmã, Cláudia, espiando pela janela. Eu queria que Cláudia frequentasse a mesma escola que eu. Entretanto ela tinha um dom, tocar piano – e eu não tinha, então, ela foi matriculada em uma academia especial de música perto de nossa casa. Ela reclamava que seus pobres dedos estavam desgastados, mas eu sabia que ela adorava tocar.

Chegamos à porta da frente e paramos, atrás de um SUV que eu não reconheci.

— De quem é esse SUV? — Eu perguntei a Stephen, um homem que trabalhava para meu avô desde que Cláu e eu nos mudamos para sua casa.

— Christopher Uckermann. Ele chegou cedo esta manhã, apenas uma hora antes de eu sair para buscá-la.

Minha escola estava a cerca de duas horas de carro da casa do meu avô e, em todo Natal, o meu avô mandava Stephen me buscar. Apenas uma vez, minha irmã foi autorizada a vir junto com ele.

— Christopher Uckermann? — Eu não reconheci o nome.

— Parceiro de negócios.

Ele saiu do carro, seu olhar voltado para a casa mais sério do que esteve durante a nossa viagem de volta. Antes que eu pudesse perguntar se tudo estava bem, as cortinas se moveram, e Cláu desapareceu atrás da janela. Eu acho que ela estava correndo, vindo em nossa direção.

— Eu pego suas malas, Dulce. Sua irmã está esperando, entre. Ela estava chateada por não poder vir comigo. — Stephen sempre foi muito mais gentil do que meu avô. — Espero que ele não vá fazê-la estudar durante sua folga.

Ele abriu o porta-malas e descarregou as minhas duas malas, parecendo que sua mente estava em outro lugar. Olhei para o SUV e notei um homem sentado atrás do volante.

— Seu avô só quer o melhor para ambas.

Isso era difícil de acreditar às vezes.

A fumaça saía das chaminés. A porta da frente se abriu, e Cláu saiu correndo, parando a poucos passos da porta. Ela não usava sapatos, e estava ali abraçando a si mesma no ar gelado da manhã. Nós íamos ter neve no Natal.

— Clau! — Eu subi as escadas para encontrá-la, abraçando-a apertado. Seu nome completo era Cláudia Espinosa, mas nós sempre a chamamos de Clau.

— Finalmente! Esta casa é completamente chata sem você.

Nos afastamos, olhando uma para a outra. Cláu, que aos dezesseis anos era quase dois anos mais nova do que eu, agora estava quase da minha altura.

— Droga! — Eu balancei a cabeça, provocando.

— Você tem permissão para dizer isso? — Ela piscou.

Desonroso - Adaptada Vondy (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora