Notavelmente, almoçamos sem uma menção de Christopher, do que aconteceu para nos trazer aqui. Cláu falou a maior parte do tempo, obviamente nervosa não querendo deixar o clima estranho. Mesmo que ela não soubesse todos os detalhes, sabia que o acordo do meu casamento foi feito entre o avô e Christopher.
Ao final de uma hora, ela se levantou para ir ao banheiro feminino.
— Vamos juntas? — Perguntou ela.
Teria sido mais fácil dizer sim. Enterrar minha cabeça na areia. Mas eu não podia fazer isso.
— Não, vá em frente.
Cláu sorriu e apertou meu ombro. Não importa o quê, ela não gostava de conflito. Talvez ela pensava que ele e eu conversaríamos nestes próximos minutos.
Eu o observei enquanto ele assistia ela ir. Ele então virou-se para mim.
— Como você está, Dulce? — Perguntou.
— Bem, considerando tudo.
— Eu quero que você saiba que eu reconheço que eu escolhi mal. — Ele me surpreendeu. — Eu deveria ter encontrado outra maneira.
— Uau. Você escolheu mal. — Eu balancei a cabeça. — Sim, você deveria ter encontrado outra maneira.
— Eu estou tentando corrigir isso.
— Corrigir como? Não é tarde demais para isso?
Ele não respondeu.
— Eu estou estendendo minha viagem, para que você possa passar mais tempo com sua irmã.
— Quão generoso de sua parte. — Eu não poderia dizer que eu sabia o porquê. Como uma tola, eu me senti muito envergonhada.
— Dulce...
— O que ele disse é verdade? Você está nos roubando?
Houve um flash de algo próximo à irritação nos olhos dele, mas ele mascarou rapidamente.
— Roubando você?
— E Cláu.
— Você sabe que o dinheiro está nos nomes de vocês, sempre estará. Eu casei com a família. Você duas nasceram nela.
— Você está nos roubando, então? Apenas me diga a verdade.
— Eu estou usando os fundos necessários para fornecer a vocês a melhor educação — ele respondeu bruscamente.
— E você? Você não está tomando qualquer coisa para si mesmo?
— Não seja ingrata, Dulce. Não se transforme nisso.
— Transformar-me? — Eu balancei minha cabeça.
Ele pegou o copo de vinho e tomou um gole. Ele mal o tocou durante todo o nosso almoço.
— Por que você me odeia, avô? O que foi que eu fiz para você?
Ele balançou sua cabeça.
— Eu não odeio você, Dulce.
— Você não me ama também. Não como Cláu.
— Seu ciúme não tem fundamento.
— É porque eu sou a razão pela qual minha mãe fugiu para se casar com meu pai? — Eu disparei. Era uma pergunta que eu me fazia por um longo tempo, que eu nunca tive a coragem de perguntar. Eu fiz as contas depois de encontrar cartas de minha mãe para minha avó. Ela e meu pai não estavam casados quando ela ficou grávida.
O rosto de meu avô endureceu. Ele inclinou a cabeça para o lado.
— Eu estou tentando corrigir minhas ações, Dulce. Tentando consertar o que eu fiz. Acredite ou não, eu não quero perder a minha neta do jeito que eu perdi a minha filha.
Eu hesitei, não sei o que eu esperava. Certamente não era isso.
— Você está procurando perdão, então? Você espera o meu? — Perguntei, tudo isso era ridículo.
Ele sorriu e balançou a cabeça. Ouvi sandálias de Cláu clicando no chão de mármore.
— Você não acha que eu sei que não mereço isso? — Perguntou. Um momento depois, ele colocou um sorriso no rosto, escondendo qualquer emoção que ele sentia, e ficou de pé para ajudar Cláu em seu assento.
Saímos de lá vinte minutos depois. Eu não falei mais do que algumas palavras uma vez que Cláu voltou para a mesa, minha mente cheia demais com o que o meu avô disse. Ele parecia arrependido, o que era estranho para ele. Todo esse tempo, ele lamentava o que aconteceu com a minha mãe? Será que ele se arrepende de perdê-la, porque ele não podia aceitar a sua escolha de marido?
Duas horas mais tarde, quando estávamos saindo da cidade Cláu percebeu que ela não tinha o seu telefone celular.
— Eu me pergunto se eu deixei no banheiro das mulheres no hotel quando eu lavei minhas mãos.
— Podemos voltar. São apenas alguns quarteirões.
— Meus pés estão me matando nestas sandálias — disse ela.
Tomei-lhe o braço, e nós voltamos para o hotel.
— Da próxima vez, use sapatos inteligentes. Não bonitos.
— Sim, sim.
Nós entramos no lobby do hotel, e Cláu foi verificar o banheiro. Ela saiu com um sorriso no rosto um minuto depois.
— Consegui.
— Você é sortuda. Vamos. — O meu avô disse que teria reuniões o resto do dia, então eu não esperava vê-lo e estava grata que eu não o vi. Mas então, enquanto saíamos do hotel, ouvi sua voz. Nós duas ouvimos e paramos. Ele estava falando com alguém, e o outro homem riu. Algo me disse para me esconder. Eu arrastei Cláu para um canto e sinalizei para que ela ficasse quieta. Do nosso esconderijo, vimos meu avô e o estranho homem que veio para o casamento na noite anterior entrarem no lobby. Ambos pareciam sérios e não muito amigáveis, mas quando o homem estendeu a mão e meu avô a sacudiu, senti um arrepio na espinha.
— Nós temos que ir — eu disse uma vez que os homens desapareceram.
— O que é isso? Quem era aquele? Ele esteve na sua casa na noite passada também.
Eu balancei minha cabeça, confusa, questionando minha lealdade. Meu avô acabou de apertar a mão do inimigo do meu marido.
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Desonroso - Adaptada Vondy (Concluída)
FanfictionDulce promete se casar com Christopher em seu décimo oitavo aniversário para liquidar uma dívida antiga. Como seu avô deve muito dinheiro, ele usa Dulce como um peão sem valor. Ela fica mais do que irritada com a situação, mas ela segue com o arranj...