Capítulo 17 Parte 4 ( M 2/5

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Notavelmente, almoçamos sem uma menção de Christopher, do que aconteceu para nos trazer aqui. Cláu falou a maior parte do tempo, obviamente nervosa não querendo deixar o clima estranho. Mesmo que ela não soubesse todos os detalhes, sabia que o acordo do meu casamento foi feito entre o avô e Christopher.

Ao final de uma hora, ela se levantou para ir ao banheiro feminino.

— Vamos juntas? — Perguntou ela.

Teria sido mais fácil dizer sim. Enterrar minha cabeça na areia. Mas eu não podia fazer isso.

— Não, vá em frente.

Cláu sorriu e apertou meu ombro. Não importa o quê, ela não gostava de conflito. Talvez ela pensava que ele e eu conversaríamos nestes próximos minutos.

Eu o observei enquanto ele assistia ela ir. Ele então virou-se para mim.

— Como você está, Dulce? — Perguntou.

— Bem, considerando tudo.

— Eu quero que você saiba que eu reconheço que eu escolhi mal. — Ele me surpreendeu. — Eu deveria ter encontrado outra maneira.

— Uau. Você escolheu mal. — Eu balancei a cabeça. — Sim, você deveria ter encontrado outra maneira.

— Eu estou tentando corrigir isso.

— Corrigir como? Não é tarde demais para isso?

Ele não respondeu.

— Eu estou estendendo minha viagem, para que você possa passar mais tempo com sua irmã.

— Quão generoso de sua parte. — Eu não poderia dizer que eu sabia o porquê. Como uma tola, eu me senti muito envergonhada.

— Dulce...

— O que ele disse é verdade? Você está nos roubando?

Houve um flash de algo próximo à irritação nos olhos dele, mas ele mascarou rapidamente.

— Roubando você?

— E Cláu.

— Você sabe que o dinheiro está nos nomes de vocês, sempre estará. Eu casei com a família. Você duas nasceram nela.

— Você está nos roubando, então? Apenas me diga a verdade.

— Eu estou usando os fundos necessários para fornecer a vocês a melhor educação — ele respondeu bruscamente.

— E você? Você não está tomando qualquer coisa para si mesmo?

— Não seja ingrata, Dulce. Não se transforme nisso.

— Transformar-me? — Eu balancei minha cabeça.

Ele pegou o copo de vinho e tomou um gole. Ele mal o tocou durante todo o nosso almoço.

— Por que você me odeia, avô? O que foi que eu fiz para você?

Ele balançou sua cabeça.

— Eu não odeio você, Dulce.

— Você não me ama também. Não como Cláu.

— Seu ciúme não tem fundamento.

— É porque eu sou a razão pela qual minha mãe fugiu para se casar com meu pai? — Eu disparei. Era uma pergunta que eu me fazia por um longo tempo, que eu nunca tive a coragem de perguntar. Eu fiz as contas depois de encontrar cartas de minha mãe para minha avó. Ela e meu pai não estavam casados quando ela ficou grávida.

O rosto de meu avô endureceu. Ele inclinou a cabeça para o lado.

— Eu estou tentando corrigir minhas ações, Dulce. Tentando consertar o que eu fiz. Acredite ou não, eu não quero perder a minha neta do jeito que eu perdi a minha filha.

Eu hesitei, não sei o que eu esperava. Certamente não era isso.

— Você está procurando perdão, então? Você espera o meu? — Perguntei, tudo isso era ridículo.

Ele sorriu e balançou a cabeça. Ouvi sandálias de Cláu clicando no chão de mármore.

— Você não acha que eu sei que não mereço isso? — Perguntou. Um momento depois, ele colocou um sorriso no rosto, escondendo qualquer emoção que ele sentia, e ficou de pé para ajudar Cláu em seu assento.

Saímos de lá vinte minutos depois. Eu não falei mais do que algumas palavras uma vez que Cláu voltou para a mesa, minha mente cheia demais com o que o meu avô disse. Ele parecia arrependido, o que era estranho para ele. Todo esse tempo, ele lamentava o que aconteceu com a minha mãe? Será que ele se arrepende de perdê-la, porque ele não podia aceitar a sua escolha de marido?

Duas horas mais tarde, quando estávamos saindo da cidade Cláu percebeu que ela não tinha o seu telefone celular.

— Eu me pergunto se eu deixei no banheiro das mulheres no hotel quando eu lavei minhas mãos.

— Podemos voltar. São apenas alguns quarteirões.

— Meus pés estão me matando nestas sandálias — disse ela.

Tomei-lhe o braço, e nós voltamos para o hotel.

— Da próxima vez, use sapatos inteligentes. Não bonitos.

— Sim, sim.

Nós entramos no lobby do hotel, e Cláu foi verificar o banheiro. Ela saiu com um sorriso no rosto um minuto depois.

— Consegui.

— Você é sortuda. Vamos. — O meu avô disse que teria reuniões o resto do dia, então eu não esperava vê-lo e estava grata que eu não o vi. Mas então, enquanto saíamos do hotel, ouvi sua voz. Nós duas ouvimos e paramos. Ele estava falando com alguém, e o outro homem riu. Algo me disse para me esconder. Eu arrastei Cláu para um canto e sinalizei para que ela ficasse quieta. Do nosso esconderijo, vimos meu avô e o estranho homem que veio para o casamento na noite anterior entrarem no lobby. Ambos pareciam sérios e não muito amigáveis, mas quando o homem estendeu a mão e meu avô a sacudiu, senti um arrepio na espinha.

— Nós temos que ir — eu disse uma vez que os homens desapareceram.

— O que é isso? Quem era aquele? Ele esteve na sua casa na noite passada também.

Eu balancei minha cabeça, confusa, questionando minha lealdade. Meu avô acabou de apertar a mão do inimigo do meu marido.

Desonroso - Adaptada Vondy (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora