Capítulo 27 Parte 8

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Eu recuei, olhando para as janelas, vendo que uma estava aberta no lado mais próximo do fogo. É onde ela estava. Eu sabia.

Sem pensar, peguei a pedra mais próxima e atirei pela janela no andar de baixo, quebrando-a. Não me importando que cacos de vidro rasgassem minhas roupas e pele, subi para dentro, o som distante de sirenes me dando alguma esperança, mesmo quando o cheiro de gasolina enchia minhas narinas.

Ela ficaria bem.

Eu a encontraria. Eu chegaria a tempo.

Eu não a deixaria morrer.

Mas tudo que eu podia ver eram as imagens do pesadelo. Ouvi-la. Incapaz de alcançá-la. Abrir a porta apenas para descobrir que era tarde demais. Encontrar restos carbonizados...

— Dulce!

Eu tirei minha camisa para cobrir minha boca e nariz e corri para as escadas. A fumaça espessa tornava impossível ver.

— Dulce, onde você está?

Nada. Nada dela.

Mas um latido.

Fiquei no alto das escadas e olhei para o corredor na última porta. A mais longe de mim. Mais latidos. Era Charlie.

O corredor parecia crescer mais enquanto eu me movia, muito lentamente, mesmo enquanto eu me obrigava, lutando contra o pesadelo, os demônios que continuavam a repetir aquela cena, de novo e de novo e outra fodida vez.

— Dulce!

Algo caiu atrás de mim, uma viga caindo, o teto se abrindo para o céu. Sufocando, eu fui para frente, alcançando a porta. Os latidos de Charlie continuavam agora.

— Dulce. Eu estou aqui. — Eu toquei na maçaneta da porta. Queimou a minha mão. Envolvendo minha camisa em volta dela, eu a girei.

Desonroso - Adaptada Vondy (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora