Capítulo 7 Parte 4

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Ela afastou o que restava da antiga cortina empoeirada, para olhar para o confessionário, e depois se virou para mim.

— Você sente isso, essa energia?

Eu coloquei minhas mãos nos bolsos e balancei a cabeça. Houve um tempo em que eu sentia. Mas isso era passado.

— Não mais. — Ela olhou para mim como se ela sentisse pena de mim. — Nós temos que ir.

— Se você deixar o passado de lado, talvez ele deixe você livre.

Suas palavras me assustaram, momentaneamente, me deixando mudo. Seu olhar me segurou, e por um instante, eu senti inveja da esperança que brilhou dentro daqueles olhos inocentes. Mas então a realidade me fez lembrar por que ela estava aqui.

— Quem disse que eu quero deixá-lo ir?

Dulce parecia fisicamente esgotada. Fiz um gesto para a porta.

— Vamos.

— Você vai repará-la? A capela?

— Não.

— Posso te fazer uma pergunta?

— Você está pedindo a minha permissão agora?

Ela encolheu os ombros.

— Suponho que estou.

— Eu não posso prometer que vou responder, mas você é livre para perguntar.

— Que tipo de coisas você acha que meu avô está envolvido? No avião, você disse uma coisa. Isso significa que há mais.

— Isso significa que você acredita em mim?

— Você tem que compreender como é difícil de entender. Ele criou Cláu e eu, ele pagou...

— Ele está vivendo de suas heranças. Vocês estão pagando por tudo.

Ela inclinou a cabeça, sacudindo-a uma vez. Eu deixei para lá. Levaria tempo para aceitar isso. Eu poderia dar-lhe isso. Droga, tempo era o que mais tínhamos.

— Não faça perguntas que você realmente não quer saber as respostas. Acredite ou não, não é você que eu quero machucar.

— Eu sou um dano colateral. Eu sei.

— Vamos.

Desta vez, ela veio sem resistência. Nós dirigimos em silêncio até que eu passei pelos portões de uma fazenda vizinha.

— Vamos lá — eu disse, desligando o motor e vendo cerca de seis crianças amontoadas no velho galpão Lambertini. A cadela deles teve filhotes recentemente.

— Onde estamos?

— Esta é a fazenda Lambertini. São eles que alugam a terra para suas vacas. Eu tenho alguns negócios com Lambertini. Você terá que esperar por mim.

Lambertini se levantou, limpando as mãos em uma toalha, o cachimbo pendurado em sua boca, o sorriso largo em seu rosto desgastado pelo tempo quando ele veio em nossa direção e estendeu a mão para apertar a minha.

— Christopher.

Ele me puxou para ele, me abraçando com um tapinha nas costas.

— É bom ver você em casa — Disse ele em italiano.

— É bom estar em casa, Sr. Lambertini.

Ele virou-se para Anastasia e estendeu a mão.

— Esta é Dulce, minha noiva.

Dulce sorriu e disse olá, quando ele tomou sua mão nas dele.

— São cachorros? — Perguntou ela.

— Por que você não vai vê-los enquanto eu tenho a minha reunião? — Eu disse a ela.

Ela concordou e saiu. Segui Lambertini para dentro, onde discutimos o negócio das fazendas antes que seu rosto ficasse sério. Ele me disse que viu alguns homens algumas semanas atrás. Imaginei que eram os homens de Moriarty, procurando-me, agora que eu estava de volta. Ele não sabia quem eles eram, mas pelo seu olhar, eles não foram exatamente amigáveis, o que apenas confirmou a minha suspeita.

Desonroso - Adaptada Vondy (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora