Capítulo 21 Parte 3

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— Pare! — Ela gritou. — O que você está fazendo?

— Diga a ele que eu não bati em você.

— O que?

— Diga a ele, porra.

— Saia de cima dele, Christopher!

— Afaste-se, Dulce! — Bruno ordenou.

Ele conseguiu tirar meu braço de sua garganta.

— Você vai se machucar.

— Não — ela disse me puxando, me afastando do meu irmão.

— Diga a ele — eu disse, meu olhar ainda preso no de Bruno, o dele no meu.

— Ele não me bateu. Ele não me bateu nenhuma vez, Bruno. Nem uma única vez.

Bruno virou-se para ela, seus olhos procurando seu rosto, talvez tentando descobrir se ela estava mentindo.

— Eu juro, Bruno. Christopher não vai me machucar.

Ela se empurrou entre nós, de pé em frente a mim como se ela fosse me proteger.

— Os hematomas em seu pescoço — disse Bruno.

— Outra coisa. Eu prometo, está bem?

Bruno olhou para o chão, depois passou a mão pelos cabelos, sacudindo a cabeça. Seu rosto quando ele olhou para mim mostrou apenas confusão.

— Vamos voltar. Gail já tem o jantar quase pronto — Dulce disse, pegando a minha mão em uma das dela e estendendo a mão para pegar a dele.

Bruno sacudiu a cabeça.

— Vão vocês dois. — Ele se afastou um passo, seu olhar parando no altar.

— Dulce — eu disse, olhando para ele enquanto eu falava. — Espere por mim lá fora. Já estou indo.

Ela hesitou.

— Vá. Sem mais brigas.

Ela concordou e nos deu um olhar ponderado antes de sair da capela.

— Desculpe — eu disse, dando um passo em direção a Bruno. — Você está certo. Eu estava tentando incitar você. Eu nem sei por quê.

Ele esfregou sua mão sobre a boca, no rosto, e sacudiu a cabeça.

— Sinto muito também. Eu não sei o que deu em mim. Eu não estou...

— É minha culpa. Esqueça. Se você precisa falar...

— Eu preciso de um tempo sozinho.

Eu balancei a cabeça e caminhei em direção à porta.

— Você vem para o jantar?

Ele caminhou até o banco da frente e se sentou.

— Vá em frente. Eu estarei lá mais tarde.

Por mais que eu quisesse ir até ele, forçá-lo a falar comigo, eu fiz minhas pernas me levarem em outra direção e me aproximei de Dulce, que ficou esperando nos degraus da igreja, os olhos arregalados de preocupação.

— Vamos — eu disse.

— O que aconteceu?

— Mais tarde. — Eu peguei a sua mão, e fomos para a casa. Me senti grato pela noite esconder meu rosto, porque Bruno estava certo ao se preocupar com Dulce. E ele nem sabia toda a história. Não sabia o que ainda estava por vir. E eu me odiava um pouco mais por isso todos os dias.

Desonroso - Adaptada Vondy (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora