— Christopher?
Ele parecia surpreso.
— Sim. Sou eu.
— Você está bem?
— Eu estou do lado de fora.
— Lado de fora?
— Fora do seminário. As portas estão fechadas.
— Espere aí. Vou descer.
Nós encerramos a chamada, e eu voltei para a porta da frente, abrindo alguns minutos mais tarde. Bruno estava do outro lado vestindo a batina. Eu tive que olhar duas vezes. Era tão estranho, vendo meu irmão gêmeo vestido assim.
— Tem certeza de que quer fazer isso? — Perguntei. — Jogar sua vida fora.
— Baixe a voz e meça suas palavras aqui.
Ele me deixou entrar e trancou a porta. O segui para um quarto privado. Ele me ofereceu um assento, mas eu passeei por seu quarto.
— Você tem algo para beber?
Ele balançou a cabeça e tirou uma garrafa de uísque de um armário. Servindo-nos. Eu tomei o meu em um só gole. Apesar de levantar as sobrancelhas, ele me serviu mais e sentou-se. Eu permaneci de pé.
— O que está acontecendo?
— Eu sou como ele, não é? — Perguntei, sem saber o que eu estava fazendo aqui. Sentindo-me fraco por ter vindo.
Ele me estudou.
— Como nosso pai? — Eu balancei a cabeça uma vez. — Diga-me de que maneira você é como ele. Dê-me um exemplo, porra.
Eu sorri.
— Você tem permissão para dizer isso? O seu Deus não vai te atacar ou algo assim?
Ele me deu um olhar severo.
— Um exemplo.
Eu balancei a cabeça e engoli mais da minha bebida.
— Eu a assusto.
O olhar em seu rosto mudou, mas ele não chegou a sorrir.
— Bem, pare.
— Não é tão fácil.
— É exatamente assim tão fácil. O que você fez?
Porra.
— Nada — Eu murmurei, sem encontrar os olhos dele.
Ele ergueu as sobrancelhas.
— Ela está machucada? Fisicamente?
— Não.
— Mais uma vez, como você é igual ao nosso pai?
Bruno sabia sobre o abuso. Ele tinha me visto sofrê-lo. Ele era obrigado a assistir. Nosso pai era um homem manipulador, perverso e malvado.
Eu parei de andar de um lado para o outro.
— Eu não sinto por ele estar morto — Eu disse finalmente. — Eu só queria ter feito isso antes. Antes de nossa mãe...
— Isso não é culpa sua. Nada disso é culpa sua. Quando é que você vai meter isso nessa sua cabeça dura?
— Eu sabia o que ele estava fazendo com ela.
— Você descobriu tarde demais. Todos nós.
— Eu deveria ter sabido mais cedo. Eu deveria ter sabido quando ele parou comigo. — Meu pai só escolhia aqueles que ele poderia dominar. Ele nunca queria perder. E quando fiquei maior do que ele, ele me deixou em paz.
— Pare de se culpar. Ela não te culpou.
— Eu fui à fazenda Lambertini. Ele disse que alguns homens estiveram lá. Homens que tiveram negócios com nosso pai. Eu estou supondo que seja Moriarty.
— Chame a polícia. Deixe-os lidar com isso, Christopher.
— Eu vou resolver isso.
— Como você está fazendo com Dulce? Ferre com Christopher Uckermann e pague? É a mensagem que quer enviar?
— Eu não tenho escolha.
— Sim, você tem. Você pode escolher deixar o passado no passado. Deixe a polícia lidar com isso.
— Eu sou um assassino.
— Defesa pessoal. Nosso pai teria matado você. Isso era óbvio para todos, incluindo o juiz.
— Ainda assim, eu passei seis anos...
— E a decisão foi revogada. — Bruno esvaziou o copo. — Eu acho que você tem que descobrir o que quer, Christopher. Descobrir quem você é. Se você quer viver a vida que o nosso pai levou, ou enterrá-la. Faça o bem em vez disso. Você tem a terra. Você pode replantar, viver uma vida honesta.
Eu bufei com a menção de honesto.
— Isso deixaria nossa mãe orgulhosa — Acrescentou. — E seria a vingança final. Tomar de volta o que nosso pai roubou.
— A morte é o final, irmão.
— Você acha que eu não sei disso?
Eu esvaziei meu copo e o estudei. Eu acho que nunca pensei em meu irmão de luto, mas ele estava. Todos nós estávamos, Lucas também. Ainda. Seis malditos anos mais tarde.
— Eu tenho uma pergunta para você. — Ele esperou que eu perguntasse. — Por que você não está me dizendo para deixar Dulce livre?
Ele me estudou, seus olhos se estreitando um pouco, e pela primeira vez em muito tempo, vislumbrei o sangue Uckermann correndo em suas veias.
— Porque, por mais errado que seja o que está fazendo, eu acho que ela é boa para você.
Eu ri.
— O que isso faz de você, irmão, se não um cúmplice?
Ele se levantou e veio até mim, sorrindo.
— Em primeiro lugar, eu sou seu irmão — Ele disse. — Eu quero que você seja feliz. Finalmente.
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Desonroso - Adaptada Vondy (Concluída)
FanfictionDulce promete se casar com Christopher em seu décimo oitavo aniversário para liquidar uma dívida antiga. Como seu avô deve muito dinheiro, ele usa Dulce como um peão sem valor. Ela fica mais do que irritada com a situação, mas ela segue com o arranj...