Capítulo 9 Parte 5

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— Christopher?

Ele parecia surpreso.

— Sim. Sou eu.

— Você está bem?

— Eu estou do lado de fora.

— Lado de fora?

— Fora do seminário. As portas estão fechadas.

— Espere aí. Vou descer.

Nós encerramos a chamada, e eu voltei para a porta da frente, abrindo alguns minutos mais tarde. Bruno estava do outro lado vestindo a batina. Eu tive que olhar duas vezes. Era tão estranho, vendo meu irmão gêmeo vestido assim.

— Tem certeza de que quer fazer isso? — Perguntei. — Jogar sua vida fora.

— Baixe a voz e meça suas palavras aqui.

Ele me deixou entrar e trancou a porta. O segui para um quarto privado. Ele me ofereceu um assento, mas eu passeei por seu quarto.

— Você tem algo para beber?

Ele balançou a cabeça e tirou uma garrafa de uísque de um armário. Servindo-nos. Eu tomei o meu em um só gole. Apesar de levantar as sobrancelhas, ele me serviu mais e sentou-se. Eu permaneci de pé.

— O que está acontecendo?

— Eu sou como ele, não é? — Perguntei, sem saber o que eu estava fazendo aqui. Sentindo-me fraco por ter vindo.

Ele me estudou.

— Como nosso pai? — Eu balancei a cabeça uma vez. — Diga-me de que maneira você é como ele. Dê-me um exemplo, porra.

Eu sorri.

— Você tem permissão para dizer isso? O seu Deus não vai te atacar ou algo assim?

Ele me deu um olhar severo.

— Um exemplo.

Eu balancei a cabeça e engoli mais da minha bebida.

— Eu a assusto.

O olhar em seu rosto mudou, mas ele não chegou a sorrir.

— Bem, pare.

— Não é tão fácil.

— É exatamente assim tão fácil. O que você fez?

Porra.

— Nada — Eu murmurei, sem encontrar os olhos dele.

Ele ergueu as sobrancelhas.

— Ela está machucada? Fisicamente?

— Não.

— Mais uma vez, como você é igual ao nosso pai?

Bruno sabia sobre o abuso. Ele tinha me visto sofrê-lo. Ele era obrigado a assistir. Nosso pai era um homem manipulador, perverso e malvado.

Eu parei de andar de um lado para o outro.

— Eu não sinto por ele estar morto — Eu disse finalmente. — Eu só queria ter feito isso antes. Antes de nossa mãe...

— Isso não é culpa sua. Nada disso é culpa sua. Quando é que você vai meter isso nessa sua cabeça dura?

— Eu sabia o que ele estava fazendo com ela.

— Você descobriu tarde demais. Todos nós.

— Eu deveria ter sabido mais cedo. Eu deveria ter sabido quando ele parou comigo. — Meu pai só escolhia aqueles que ele poderia dominar. Ele nunca queria perder. E quando fiquei maior do que ele, ele me deixou em paz.

— Pare de se culpar. Ela não te culpou.

— Eu fui à fazenda Lambertini. Ele disse que alguns homens estiveram lá. Homens que tiveram negócios com nosso pai. Eu estou supondo que seja Moriarty.

— Chame a polícia. Deixe-os lidar com isso, Christopher.

— Eu vou resolver isso.

— Como você está fazendo com Dulce? Ferre com Christopher Uckermann e pague? É a mensagem que quer enviar?

— Eu não tenho escolha.

— Sim, você tem. Você pode escolher deixar o passado no passado. Deixe a polícia lidar com isso.

— Eu sou um assassino.

— Defesa pessoal. Nosso pai teria matado você. Isso era óbvio para todos, incluindo o juiz.

— Ainda assim, eu passei seis anos...

— E a decisão foi revogada. — Bruno esvaziou o copo. — Eu acho que você tem que descobrir o que quer, Christopher. Descobrir quem você é. Se você quer viver a vida que o nosso pai levou, ou enterrá-la. Faça o bem em vez disso. Você tem a terra. Você pode replantar, viver uma vida honesta.

Eu bufei com a menção de honesto.

— Isso deixaria nossa mãe orgulhosa — Acrescentou. — E seria a vingança final. Tomar de volta o que nosso pai roubou.

— A morte é o final, irmão.

— Você acha que eu não sei disso?

Eu esvaziei meu copo e o estudei. Eu acho que nunca pensei em meu irmão de luto, mas ele estava. Todos nós estávamos, Lucas também. Ainda. Seis malditos anos mais tarde.

— Eu tenho uma pergunta para você. — Ele esperou que eu perguntasse. — Por que você não está me dizendo para deixar Dulce livre?

Ele me estudou, seus olhos se estreitando um pouco, e pela primeira vez em muito tempo, vislumbrei o sangue Uckermann correndo em suas veias.

— Porque, por mais errado que seja o que está fazendo, eu acho que ela é boa para você.

Eu ri.

— O que isso faz de você, irmão, se não um cúmplice?

Ele se levantou e veio até mim, sorrindo.

— Em primeiro lugar, eu sou seu irmão — Ele disse. — Eu quero que você seja feliz. Finalmente. 

Desonroso - Adaptada Vondy (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora