Capítulo 15

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René saiu primeiro do carro para abrir a porta para mim, já que só tinha um guarda-chuva. O prédio era pequeno e antigo, não havia porteiro. Entrávamos com chave mesmo. Também não havia elevador. Como morávamos no primeiro andar, não era uma grande inconveniência. O apartamento era grande se comparado com outros imóveis mais atuais.

Sabe quando você mora em um lugar e acha que está tudo em ordem, mas então chega uma visita e você se dá conta de que está uma puta bagunça? Pois é, foi assim que eu me senti quando abri a porta. Carol tem mania de deixar os tênis de exercício na porta de entrada. Beatriz deixa o pente cheio de cabelo em cima da mesa. Débora deixa a aura sombria dela em todo canto que passa! Sem falar na quantidade de papéis aleatórios que todas deixamos jogados pela casa; xérox, nota fiscal, papel de bala, boletos entre outras coisas. 

Já havia levado alguns colegas para fazer trabalho em grupo ali, mas eram só colegas, ninguém se importava. Quando é o professor gato que você está querendo pegar, aí a história é outra.

– Desculpe a bagunça. – Sim, eu falei isso mesmo. O clássico para receber as visitas inesperadas. – Quatro estudantes, primeira vez longe de casa... Sabe como é. – Eu estava genuinamente envergonhada.

– Não se preocupe. – Sua expressão até então tensa relaxou em um sorriso meigo. – Eu tenho dois filhos pequenos. Já esqueci até a cor do chão da minha casa.

Eu ri brevemente. Fechei a porta atrás de nós. Convidei-o para se sentar no sofá enquanto eu trocava de roupa no quarto. Eu estava muito nervosa. Geralmente era muito fácil. Eu deixava claro minhas intenções e a mágica acontecia. Homens não costumam negar sexo. Ainda mais com uma mulher linda como eu. Mas eu não sabia direito como prosseguir. Talvez fosse pela natureza condenável dessa situação. A faculdade proibia, Beatriz desaprovava e o fato dele ser casado e ter filhos também era censurável. 

Mas toda essa condenação e eu não cometeria nenhum crime? Isso só me deixava mais excitada. 

Imaginei se ele sentia o mesmo e por isso não tomava a iniciativa. Seria tão mais fácil se ele só me beijasse! Ao invés disso, René apenas sentou no sofá. Ainda considerei sentar no colo dele e começar a beijá-lo. Por algum motivo não conseguir me levar a fazer isso. Acabei indo para meu quarto para trocar de roupa mesmo. Coloquei uma blusa de manga comprida e jeans. Elegante, mas nada sexy. 

Hoje não era meu dia. Tinha que aceitar esse fato. Meu cabelo estava um lixo, então o prendi em um coque alto e bagunçado. Coloquei um batom também. Quem sabe não daria tempo para um delineado...

– Amélia – René chamou, dando duas batidas na porta. – Já está pronta?

Ele levou a sério isso de se certificar que eu não ia demorar. Ou ele estava esperando um convite para entrar no meu quarto? Peguei a jaqueta dele e abri a porta.

– Obrigada pela jaqueta – falei entregando-a para ele.

René pegou a jaqueta e sorriu.

– Seu cabelo fica bonito assim. – Ele colocou uma mecha solta atrás da minha orelha. Seu toque causou calafrio pelo corpo. Devia ser toda essa excitação contida. 

Sabe de uma coisa, eu não queria mais conter. 

Peguei sua nuca e o puxei para um beijo que eu ansiava há nem sei quanto tempo. Senti meu corpo entrar em combustão com apenas o toque dos nossos lábios. Parecia tão pouco para uma sensação tão intensa! 

Isso nunca havia acontecido comigo antes.

Sua mão acariciava muito levemente meu rosto, tocando-me apenas com as pontas dos dedos como se ele tivesse medo de encostar em mim. Já eu segurava em sua camisa com uma firmeza que fazia meus dedos doerem. Apesar disso,  nossos lábios quase não se mexiam. Era um contato leve e um movimento lento demais. Não havia língua, apenas lábios, sons, choque e uma calor que eu não sabia de onde vinha considerando o dia frio lá fora. 

Meu Bom ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora