A quinta-feira não foi muito diferente da terça. Cheguei cedo, ele também. René tirou minhas dúvidas finais e agora eu tinha o fim de semana para estudar para essa maldita prova. Sentia-me confiante. Maria Beatriz que se cuidasse. Pois era sábado à noite e eu ainda estava estudando. Terceira semana presa em casa. Claro que eu não estudava apenas para essa matéria, mas era o que tomava a maior parte do meu tempo. E dona Beatriz, onde estava? No cinema com o namorado! Certeza que tiro uma nota maior que a dela.
Estava tão concentrada que tomei um puta susto quando alguém abre a porta do meu quarto violentamente.
– Amélia Nakayama! Te mandei uma mensagem há quase dez minutos e você ainda não respondeu! – Carol parecia furiosa e cansada.
Estava tão entretida com meus próprios problemas que não parei para prestar atenção na minha melhor amiga. Ela tinha bolsas escuras debaixo dos olhos, seu rosto e cabelo estavam bastante oleosos e ela parecia mais magra. Carol costumava ser muito organizada com tudo, mas às vezes tinha seus momentos de crise.
– Você passou o dia em casa e sabia que eu estava aqui. Por que não veio falar logo comigo? – perguntei devagarzinho. Estava com medo de despertar a fúria dela.
Carol olhou para o lado e cruzou os braços. Ele parecia mais perdida do que eu nas aulas de física sobre teoria da relatividade.
– Eu não pensei nessa possibilidade – respondeu finalmente.
Ela tinha seus momentos de crise, mas isso já estava ficando estranho.
– Ceci, você comeu hoje? – Eu estava começando a ficar preocupada.
– Talvez... – Ela não me olhava nos olhos. Nem para mentir para deixar a amiga despreocupada ela conseguia.
– Ok. – Eu levantei da minha cama. – Vamos arranjar alguma coisa pra você comer.
– Não! Espera! A mensagem! Você tem que ver a mensagem!
Suspirei, não adiantava argumentar quando ela estava assim. Peguei meu celular e vi a droga de mensagem. Era um link. Abri o link e alguma coisa começou a baixar no meu celular.
– Se isso for um vírus, eu juro que...
– Isso é o meu jogo! Finalmente pronto! – ela disse abrindo um sorriso assustadoramente grande.
Carol sentou-se na minha cama para depois deitar as costas. Os pés ainda no chão, um deles balançando empolgado, eu acho.
– É pra essa semana, o jogo? – perguntei.
– Para segunda. Agora você precisa jogar e depois responder um formulário dando sua opinião para a gente apresentar o trabalho.
Enquanto ela falava o jogo baixou e instalou. Não era muito pesado. Estava curiosa para saber como era. Só que eu precisava cuidar de Carol antes.
– A internet está ruim. Vamos comer alguma coisa enquanto a gente espera?
Não tinha nada decente para comer em casa e eu não queria pedir comida pois poderia demorar muito. Aproveitei a oportunidade e obriguei Carol a tomar banho para sairmos de casa. Não fomos longe, tinha uma mercado bem perto. Quando voltamos, prometi a ela que ia ficar jogando seu jogo para depois responder o formulário. Desde que ela fosse dormir.
– Sem despertador! – especifiquei. – Pode ir me passando seu celular.
– Tá, clama. Deixa eu só te enviar o link para o formulário e...
Ela passou um tempo digitando, o link chegou mas ela continuava com o celular na mão.
– Carol! – repreendi.
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Meu Bom Professor
RomanceLia é uma aluna de jornalismo que está pouco interessada na cadeira eletiva de Crítica da Arte e o professor não pretende pegar leve com ela. Isso não seria problema se Lia não tivesse feito uma aposta com sua amiga Beatriz, afirmando que conseguiri...