Capítulo 55

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Faltava alguns dias para finalmente entregar o artigo. Na verdade, essas últimas semanas haviam sido um caos. Trabalhos para entregar em cima de provas a estudar. Eu não tive tempo nem de dormir direito. Não havia visto ou ouvido falar em René, nem procurei saber dele. Por causa de todo o drama daqueles dias, eu estava super atrasada em tudo. Beatriz estava super tranquila, com tudo em dias, Carol já havia começado a planejar sua empresa e Débora... Não faço a menor ideia do que acontecia na vida dela, mas ela me parecia bem. Só eu que estava um caco.

Porém, um caco feliz. Eu havia conseguido uma quantidade substancial de informações sobre Lucélia Bragança. Eu estava orgulhosa de mim mesma. Mostrei algumas coisas para a professora Valéria. Ela não pareceu particularmente interessada, mas não me desincentivou. Eu ainda precisava de ajuda para estruturar o artigo, mas preferi não puxar muito dela. Do nada ela teve que pegar esse bonde andando, com trabalhos previamente decididos e aulas já planejadas para dar. Ela devia estar se desdobrando neste fim de período também.

No fim da aula, a professora Valéria convidou os alunos da segunda chamada para entregar as notas. Eu consegui um dez, para a tristeza de Beatriz. A professora devia estar tão exausta que não se deu ao trabalhos de corrigir minuciosamente. Digo, depois de tudo o que estudei, esperava uma nota boa. Mas não um dez. Eu é que não vou reclamar.

Eu arrumava minhas coisas para sair da sala, muito feliz. Beatriz meio puta da vida, tendo que escutar Sandra e Bernardo tirar onda com a cara dela por que ela ia perder a aposta quase de certeza.

– Ei! Vocês ficaram sabendo?! – Sandra se aproximou sorrateiramente.

– Depende. Sabendo de que? – Martina perguntou.

– Se for sobre Beatriz perder a aposta, tipo, todo mundo já está contando com isso – Bernardo disse, fazendo eu e Martina rir.

– Não, não. Sobre o motivo de René ter sido afastado por um tempo. – Eu gelei ao escutar Sandra dizer isso.

Olhei para Beatriz. Ela parou um segundo, mas continuou guardando as coisas na bolsa, sem demonstrar reação alguma.

– Ele não tinha tido uma crise de estresse? – Bernardo disse.

– Se teve alguma crise eu não sei, mas porque vocês acham que ele começou a dar aula nas outras classes exceto a nossa? – Sandra perguntou.

Beatriz foi a última a terminar de guardar as coisas. Andamos junto com o grupo, saindo da sala. Eu não podia dizer se ela estava tão tensa quanto eu escutando aquela conversa

– Deve ter sido pra diminuir a carga de aulas. – Eu quis abraçar Martina por ter dito isso. – Ouvi dizer que ele estava com muitas turmas. – Eu também já havia escutado essas suposições.

– Pois é, mas o que dizem por aí é que ele se envolveu com uma aluna. E ela é da nossa turma, obviamente.

– Sério?! Você sabe quem é? – Bernardo disse.

Não havia fila no Café, então fizemos nossos pedidos rápido. Todo mundo muito curioso para continuar com a fofoca.

– Ninguém sabe – Sandra disse. – Mas eu acho que era...

– Não era – falei, interrompendo a conversa antes de dizerem o nome de outra menina e me encher de ciúmes – Eu era a aluna. Podemos parar com a fofoquinha agora?

Nossos pedidos chegaram. Todo mundo ficou muito chocado olhando para mim como se um terceiro olho houvesse crescido no meio da minha testa. Cheguei a tocar na minha testa para ter certeza de que não foi isso mesmo que aconteceu. Mas não. Apenas não esperavam isso de mim. Como se atrevem a não esperar uma coisa dessas vindo de mim?! Fiquei levemente ofendida.

Meu Bom ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora