– Lia? – Sinto um beijo em minha bochecha. – Lia. – Ele tirava alguma mechas do meu rosto. – Amélia.
Grunhi em reprovação, finalmente abrindo meus olhos. René riu. ele ainda estava nu, apesar de não tão suado. Notei a temperatura do quarto mais baixa. Um colcha nos cobria. Eu ainda estava de bruços. René ainda ao meu lado, bem pertinho.
– Por que você odeia seu nome? – A voz dele era baixa e grave, com um arranhado de quem havia acabado de acordar também.
– Por que você me acordou? – A minha era dengosa, com alguma falhas devido à preguiça que ainda tomava conta do meu corpo inteiro.
– Já é uma da tarde. Você não está com fome? – René acariciava meus cabelos.
– Eu só quero dormir – falei me virando de lado e me aninhado juntinho dele.
– Você já comeu hoje?
– Sim. Tomei um café.
– Nada sólido? Por isso que está fraquinha assim! – Ele me apertou em um abraço, dando vários beijinhos no meu rosto.
– Eu estou assim porque você acabou comigo. Isso sim.
– Isso quer dizer que está satisfeita?
– Por hoje sim. Sabe, você é muito bom pra um cara que só teve uma mulher.
Ele riu alto.
– Eu sou muito bom. Ponto. Admita.
– Ok. É verdade. Você é muito bom. Ponto. Mas ainda estou surpresa com isso.
– Você acha que só porque teve muitos parceiros tem mais experiência. Mas eu sou, o quê? Dez anos mais velho? Além disso, pessoas casadas fazem mais sexo. Sem falar que, quatorze anos com uma mulher só, você tem que se esforçar para mantê-la interessada. Ou você acha que eu ia deixar minha mulher insatisfeita?
– Depois de hoje, tenho certeza que não.
Puxei René para um beijo lento e profundo, tendo o cuidado de sentir todo o corpo dele encostado no meu, nossas pernas se entrelaçando, seus braços me envolvendo. Eu costumava correr logo após o sexo. Mas estava sendo tão bom acordar ao lado dele. Não pude deixar de desejar isso mais vezes. Na verdade, já estava desejando por isso agora mesmo.
– Achei que estivesse cansada – ele disse, sentindo minhas intenções.
– Acho que aguento mais uma rapidinha.
René me beijou de novo, colocando-se por cima de mim. Então ele parou repentinamente.
– Ouviu isso? – perguntou parecendo preocupado
– Isso o quê?
Parei para prestar atenção e ouvi... Risadas de crianças?
– René?! – a voz distante de uma mulher – Você está em casa?
Senti todo sangue sumir do meu rosto. De quem era essa voz? Ele não era viúvo?! O que os filhos dele estavam fazendo aqui?!
– Merda! É a minha sogra! Você precisa se esconder!
– Minhas roupas estão jogadas no chão lá fora. Ela já deve ter visto.
– Puta merda! O que eu faço agora?! – ele levantou rápido da cama, foi até a porta, se deu conta de que ainda estava nu, olhou para mim desesperado, colocou a mão na cabeça.
– Primeiro você coloca uma roupa! – mandei.
– René?! – escutamos a voz dela de novo, seus passos se aproximando.
René correu para colocar uma calça. Eu fiz o mesmo, já que apenas minha blusa e sutiã estavam lá fora. Perguntei-me se essa mulher estava querendo ver gente nua ou ela era só sem noção mesmo. Sorte (ou azar) a dela que só abriu a porta quando René já estava com calças. Ele se apressou em impedir que a porta se abrisse por completo e se pôs na frente da sogra, para que ela não me visse.
– Oi, Tereza! – A voz nervosa dele não disfarçava nenhum pouco. – Tudo bom com você?
– Quem está aí, René?! – Dona Tereza não me soava nenhum pouco contente.
Abri o guarda-roupa e vesti a primeira camisa que vi. Eu não sabia direito como reagir, mas não é como se eu pudesse me esconder debaixo da cama. Podia? Por que não pensei nisso antes?
– Olá! Dona Tereza, não é isso? – falei me aproximando da porta. René olhou para mim nervoso, mas abriu espaço sendo empurrado pela sogra. – Meu nome é Lia. Muito prazer! – Estendi a mão para cumprimentá-la.
Tereza era uma senhora baixinha e cheinha, devia ter seus quase sessenta anos mas parecia muito mais nova. Tinha cabelos loiros em um corte curto bem sério. Usava óculos largos demais para o rosto, estilo anos setenta, um jeans justo e uma camisa azul escura de botões com mangas compridas. Seus sapatos, com pouco salto, eram amarelos e de acessórios usava apenas uma correntinha dourada. Era o tipo de senhora que eu gostaria de me tornar, jamais deixava de lado o estilo.
Ela me olhou de cima a baixo. René estava sem camisa, eu estava com uma camisa dele e ambos estávamos descabelados. Não precisava ser um detetive para entender o que havia se passado aqui.
– Estou desapontada, René – ela me ignorou, quebrando meu coração. – Não achei que você seria o tipo de homem que traz esse tipo de mulher para casa.
– O nome dela é Lia – ele me defendeu sem saber que me ofendida mais o fato dela me ignorar do que me chamar de puta de forma indireta.
– Quem é Lia, papai? – Uma menina bem pequena aparece pela brecha da porta.
Ela estava com a farda da escola. Tinha cachinhos castanhos na altura do ombro, um pouco bagunçados, e bochechas vermelhas. Seus olhos arredondados me lembravam os de René.
– Saia daqui, amor. Seu pai está ocupado.
Ela tentou expulsar a criança, mas a menina entrou mesmo assim e logo atrás veio um menino menor ainda. Tinha o mesmo rosto da irmã, mas seus cabelos eram lisos e estavam cuidadosamente penteados de lado. René pegou os dois no braço, dando um cheirinho em cada um deles.
– Me dê eles aqui! – Tereza exigiu. – Isso não é ambiente para crianças!
Ela foi logo tentando tirar as crianças do braço de René mas ele recuou. Não disse nada. Nem repreendeu aquela mulher que já estava me dando nos nervos, nem se submeteu a ela. Ao invés disso, ajoelhou e pôs as crianças no chão.
– Papai vai ter uma conversa com vovó. Vocês podem esperar um pouquinho no quarto ou na sala? – pediu com toda delicadeza.
– Não! Eu quero saber quem é ela! – a menina insistiu, ignorando a ordem de René, vindo na minha direção.
Puta merda. Além da senhora eu tinha que lidar com crianças também?! Era pedir demais!
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Notei que eu meio que parei de conversar nos fins de capítulo... Sorry!!!
Bom, mas espero que vocês estejam gostando ainda mais agora que esse romance finalmente começou a desenrolar... Mas só começou, heim!! hehehe ♥️
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Meu Bom Professor
RomanceLia é uma aluna de jornalismo que está pouco interessada na cadeira eletiva de Crítica da Arte e o professor não pretende pegar leve com ela. Isso não seria problema se Lia não tivesse feito uma aposta com sua amiga Beatriz, afirmando que conseguiri...