Acordei cedo, sentindo-me desconfortável. Não por causa de René, claro. Estar nos seus braços, na sua cama, sentindo seu cheiro, jamais seria desconfortável. Pelo contrário, o movimento rítmico do seu peito subindo e descendo era melhor que qualquer travesseiro. Mas eu precisava ir ao banheiro urgentemente. Não devia ter tomado aquele copo d'água antes de deitar.
Levantei-me devagar, tendo o cuidado para não acordá-lo. René respirou fundo, parecendo despertar, mas apenas virou-se de lado. Senti meu corpo tremer com a temperatura baixa do quarto. Corri para o banheiro rapidinho. Tudo que eu queria era voltar para debaixo das cobertas e arrancar mais umas horinhas de sono abraçada com René.
Contudo, quando voltei para o quarto, ele estava sentado na cama de costas para mim, pés no chão e a cabeça baixa apoiada em uma das mãos. Alguma coisa não estava certa. Subi na cama novamente e me arrastei até ele, que virou-se surpreso ao me ver.
– Você parece preocupado. – Eu o abracei por trás e beijei sua bochecha. – Aconteceu alguma coisa?
René riu. Ele soltou meus braços, virando-se para pôr os pés em cima da cama novamente.
– Eu acordei e você não estava aqui... De novo.
– Eu só fui ao banheiro.
– É, eu devia ter pensado nisso. – Ele me beijou. – Fiquei com medo de você ter me deixado.
– Eu não vou te deixar. A não ser que você não me queira mais – falei fazendo biquinho.
René riu, puxando-me para um abraço de corpo todo e me dando vários beijinhos no rosto.
– Como alguém pode não querer esse biquinho lindo?
Ele pegou meu queixo e me deu um beijo rápido. E mais um. E mais outro. Até que o beijo foi se tornando mais longo e sensual. De fato, acordar ao lado dele todos os dias não me parecia tão mal. Aliás, eu conseguia ver como seria assustador não tê-lo mais ao meu lado uma manhã.
Para a nossa tristeza, o despertador tocou e tivemos que parar. Tínhamos mesmo?
– Só mais meia horinha... – pedi puxando o lençol para nos cobrir e aconchegando minha cabeça no travesseiro.
– Daqui a pouco Gael acorda – ele disse se levantando da cama sem dó nenhuma. – Ele tem um péssimo costume de acordar cedo.
Virei-me de bruços e fiquei vendo René se arrastando para um banho. Estava com preguiça de me levantar. Mas talvez não fosse má ideia tomar banho com ele. Espreguicei-me e fiz exatamente isso. René estava com os olhos fechados sob a água quente do chuveiro quando o abracei por trás. Ele não pareceu particularmente surpreso. Acho até que esperava por isso.
Por incrível que pareça, nós estávamos de fato tomando banho e não fazendo outras coisas. Claro que beijo e um toque ou outro mais indecentes não escaparam. Mas mantivemos o foco em cumprir a função principal de tomar um banho.
– Sabe, sempre achei que havia apresentado você um pouco cedo demais aos meus filhos. – Ele falou escovando os dentes, uma toalha enrolada no quadril enquanto eu ainda estava debaixo d'água. – Se você achar melhor ir embora antes que eles acordem, eu vou entender.
Eu desliguei o chuveiro e peguei uma toalha. Ele estava passando hidratante no rosto, muito casual. Eu entendi o que ele queria dizer, mas achei melhor brincar um pouquinho.
– Você está me expulsando?! – Fiz-me de rogada. – Eu achei que você me amava!
– Não! Quer dizer, é claro que amo! Não foi isso que eu quis dizer! – Era adorável vê-lo tropeçar nas próprias palavras.
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Meu Bom Professor
RomanceLia é uma aluna de jornalismo que está pouco interessada na cadeira eletiva de Crítica da Arte e o professor não pretende pegar leve com ela. Isso não seria problema se Lia não tivesse feito uma aposta com sua amiga Beatriz, afirmando que conseguiri...