Capítulo 17

105 8 27
                                    


Olha eu escrevendo uma introdução ao capítulo!

Mentira, nem é uma introdução. Eu só vou colocar um vídeo hilário de Key & Peele que serviu de inspiração para a megera. O vídeo é em inglês e só tem legenda em inglês, infelizmente. Massssss...

◊ ◊ ◊ ◊ ◊

Eu estava sentada no sofá da sala, olhando para um televisão desligada. Balançava a perna incessantemente a espera da minha crucificação. Ao menos era assim que eu me sentia. Beatriz estava ao meu lado, roendo as unhas, encarando a mesma televisão desligada. Carol e Débora não estavam em casa.

Beatriz havia recebido uma mensagem da mãe informando que ela, o pai e o irmão já estavam chegando. Era onze horas. Eles sairiam de meio dia para almoçar. Beatriz ia me arrastar junto. Eu teria que prendê-los por duas horas no restaurante ou até receber uma mensagem de Débora informando que já podíamos voltar.

Beatriz não podia ficar sabendo, já que era uma péssima mentirosa, ainda mais quando a mãe estava por perto. Então eu estava sozinha nessa. Senti-me um agente duplo, levando tiros no lugar de Beatriz e acobertado criminosos a se infiltrar em nosso território.

A campainha tocou. Era hora da ação. Ou da minha execução, não tenho certeza ainda. Intempéries da vida de um agente duplo.

– Bom dia, mãe! – Beatriz pula do sofá e vai até a mãe com um sorriso.

– Coloque essas coisas na geladeira, Beatriz. – A megera entregou umas bolsas de plástico nas mãos da filha.

Nem um abraço, nem um "oi", nada. A megera entra já olhando em volta, julgando o estado do apartamento. Beatriz sempre chamava uma faxineira um dia antes da vinda da mãe. O resto de nós nos esforçávamos para não bagunçar nem sujar nada por consideração a Bia.

– Essa mesa está um nojo. Não é porque vocês comem aqui que tem que ficar suja desse jeito. – Ela sempre achava alguma coisa para botar defeito.

A megera era um pouco parecida com Beatriz. Tinha longos cabelos castanhos, mas estavam sempre preso em um coque. Ela era bem mais voluptuosa e um pouco mais alta que a filha. Bom, talvez não fosse mais alta. Ela tinha uma postura bem ereta enquanto Beatriz sempre murchava quando ela estava por perto. A megera usava um vestido azul claro cuja saia ia até os joelhos e um salto baixo. Ela não parecia uma megera a primeira vista. 

De fato, ela nem sempre fora uma megera.

O pai e o irmão pequeno vieram atrás, carregando mais sacolas de supermercado para abastecer o estoque de Beatriz, como se ela fosse realmente comer tudo isso. A menina pesava menos de 50 quilos. 

Eu continuei sentada no sofá, agora com o celular na mão. Estava bem quietinha tentando evitar meu tormento.

– Você não viu que nós chegamos ou só está fingindo mesmo? – Estava demorando.

– Vi, sim – limitei-me a responder.

– E não vai nos cumprimentar? – ela insistiu.

A vontade de apontar o fato de ela não ter cumprimentado a própria filha era grande. Mas eu tinha que ser boazinha hoje.

– Bom dia, tia Marta! – falei me levantando do sofá com um sorriso obviamente falso. – Há quanto tempo!

Eu costumava chamar ela de tia quando ia para a casa de Beatriz durante o ensino fundamental. Éramos bem amigas nessa época, eu e Beatriz. Marta não era tão ruim, eu até gostava dela. Suponho que ela tenha mudado quando os rumores sobre mim começaram. Nenhuma mãe religiosa quer ver sua filha andando com uma vadia.

Meu Bom ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora