Capítulo 57

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– Adivinha quem passou em crítica de arte? – Cheguei berrando no apartamento.

Nós havíamos entregado o trabalho havia três semanas. Como a professora Valéria estava sobrecarregada, imaginei que nossas notas só sairiam na útimo dia do prazo final de entrega dos professores. Porém, quando chegamos hoje na sala para uma fazer uma prova, Sandra estava avisando a todos que os resultados havia saído. Todos curiosos para saber não o próprio resultado, mas o meu.

Apostas haviam sido feitas, times Lia e Beatriz haviam sido formados, amizades desfeitas. Enquanto eu pegava o meu celular para olhar minha nota, o silêncio tomou conta da sala, todos os olhares em mim. Foram dois longos minutos de absoluta tensão. Acho que nunca na história da humanidade um grupo de trinta pessoas foi capaz de ficar tão parado e quieto por tanto tempo.

Quando anunciei minha média, um belo de um sete, quase meus tímpanos estouram. Gritaria, algazarra, briga e risos.

– Não foi justo! – Beatriz veio gritando atrás de mim como a má perdedora que é. – Ela passou com sete!

– Mas passei! – falei.

Até Beatriz, que geralmente era mais contida começou a proclamar a invalidez da aposta. Ninguém deu ouvidos, obviamente. Nem eu, que pulava nos braços de Bernardo enquanto cantava We Are The Champions, de Queen, em um tom alto demais para minhas cordas vocais.

– Parabéns, Lia! – Carol veio correndo para me abraçar. – Quando é que você vai pagar a aposta, Beatriz? – disse provocando, ainda com um braço sobre meu ombro.

– Nunca, por que não foi justo! – A face de Beatriz estava um bordô intenso. – Se René não tivesse dado um ponto extra na primeira prova, Lia não teria passado!

– Não lembro de vocês proibirem apelo sentimental para ganhar nota – Carol me defendeu.

– Ninguém se importa! – Débora estava sentado no sofá, estudando. Diferente de mim, ela havia ficado em recuperação em uma matéria. – Façam silêncio!

– Nós vamos amanhã! – Minha primeira sexta a noite como uma mulher livre do medo de ser a última sexta por muito tempo. – Você quer ir também, Déb?

– Não me chame de Déb. – Sua voz baixa acompanhada do seu olhar ameaçador me fez subir um arrepio na espinha. – Eu posso escolher a pessoa com ela ela vai ficar?

– Claro que não! Eu ganhei esse direito depois de tudo que passei.

– Ei, não ganhou direito nenhum! – Beatriz gritou, mas quem estava prestando atenção?

– Posso pelo menos sugerir? – Débora perguntou.

Olhei para cima por um instante. De fato, eu estive tão ocupada com a faculdade e com o artigo que não havia tido tempo de estudar a pessoa certa para ficar com nossa pequena Bambi. Então assenti. Toda a ajuda seria bem vinda. Além disso, do jeito que Débora estava se mostrando interessada, era bem capaz de ter alguém em mente.

– Tanto faz. – Beatriz jogou a bolsa com a qual havia chegado da faculdade sobre o ombro e levantou o queixo bem alto. – Vocês não podem me obrigar a ficar com ninguém.

– Como assim?! Você apostou! – Bati o pé no chão e apertei os punhos pronta para socar essa trairazinha de uma figa. – Se eu tivesse perdido eu teria que deixar de sair pelo resto do ano!

– É, Beatriz! Você tem que honrar seus compromissos! – Carol argumentou.

– Por isso mesmo! Eu tenho namorado, não posso traí-lo. Então não vou para balada nenhuma e muito menos ficar com qualquer menino estranho que vocês apontarem.

Meu Bom ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora