Capítulo 52

53 3 4
                                    


Quando René fechou a porta atrás de si, eu comecei a deferir apenas tapas fracos em seu ombro e peito, fazendo-o se encolher.

– Você pode parar, por favor?! – pediu irritado.

Eu parei. Minha intenção não era a de machucá-lo. Eu só estava muito puta. Saí andando para longe dele, sem saber pra onde.

– Lia, espera! – Ele veio atrás de mim e pegou na minha mão.

– O que você quer?! Quer pedir para ser meu professor de novo e me dar uma nota ainda mais baixa?! Seria uma boa vingança!

– Não, eu...

– Quer me ver implorar mais uma vez e trocar pontos por favores sexuais? É isso?!

– Se me lembro bem, foi você quem quis me levar para a cama só pra conseguir nota! Então pare de jogar a culpa em mim!

– Adoraria que você tivesse esse pensamento antes de entrar na sala. Mas não! Você tinha começar a falar merda e agora nós dois vamos ser expulsos! Espero que esteja contente! Porque eu estou simplesmente eufórica! – ironizei.

– Você não falou comigo! O que custava dizer qual era esse plano?!

– Eu pedi pra você confiar em mim! Além disso, seja honesto, você teria aceitado que eu recebesse toda a culpa para depois tentar me sair?

Ele suspirou. Passou a mão no nuca, frustrado, desviando o olhar.

– Não – respondeu simplista.

– Tá vendo! É disso que eu tô falando! Você é muito... Muito... Arg! – Saí andando para longe dele antes que eu cometesse um crime.

– Pra onde você vai? Ainda temos que esperar a decisão. – Escutei René falar enquanto eu me distanciava.

– Tomar um café! – falei pra ver se ele parava de me encher.

De qualquer forma, acabei indo para a lanchonete da faculdade para pegar um café. Pensei em pedir para a viagem, mas eu não estava tão a fim de olhar na cara de René enquanto esperávamos ser convidados para entrar. Além disso, eu estava me sentindo um pouco envergonhada pela coisas que eu havia dito dentro e fora da sala de reunião. A raiva e vergonha deixaram meu café mais amargo. Acabei nem tomando tudo. Meu estômago ainda estava estranho, de qualquer forma.

Criei coragem e voltei. René estava sentado em um banco comprido ao lado da porta onde era decidido nosso destino. Eu não quis sentar. Ficar muito perto dele piorava meu enjoo. Preferi ficar encostada na parede, de frente para a porta. Tentei, juro que tentei, não olhar para ele. Não queria conversar mais, pois sabia que acabaria falando mais besteira. Nós dois falaríamos. Contudo, sua mera presença era como ressaca do mar, puxava meu olhar sem que eu me desse conta até estar me afogando em seus olhos. O pior era que ele me olhava de volta. E nem tentava disfarçar.

– Para de olhar! – mandei, falando baixo como se tivesse mais alguém por perto.

– Eu não posso mais olhar para você agora? – ele disse.

Pronto. Era o que me faltava. Ter uma discussão infantil com um homem com dois filhos! Acho que ele estava passando tempo demais com as crianças. Fui eu que comecei com essa infantilidade? Sim, mas isso já era esperado de mim. E por isso eu daria continuidade.

– Não! Não pode mais! Então pare! – falei.

Ele deu uma risadinha cínica, mas olhou para o outro lado. A carga energética que havia ali ficou dez vezes mais pesada. Viu? Era por isso que eu não queria falar mais. Só sai besteira quando eu estou com raiva!

Meu Bom ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora