Assim que chegamos, peguei meu notebook e pesquisei o tal de Haroldo Cavalcanti. Como esperado, não havia muitos com esse nome. Reduzi a pesquisa para os que morava nesta cidade e achei um homem de uma quarenta anos que era um tiozão das redes sociais. Muitas postagem, entre elas, uma que falava sobre a tal casa. Mas não era no que eu estava interessada. Afinal, Ingrid já o havia contatado e não descobriu nada. Peguei um papel e um lápis e comecei a construir sua árvore genealógica. Pai, mãe, irmãos foram fáceis de achar. Tios e primos foi um pouco mais difícil. Mas eu estava determinada.
Depois que construi a árvore com os parentes vivos mais próximos, estava na hora de começar a pesquisar os mais antigos. Isso, aqueles que não tinham redes sociais e aqueles que morreram antes da sua criação. Pesquisei cada integrante da família em alguns sites de busca de antecedentes. Por causa dos registros e certidões, foi possível chegar até a geração do início do século XX. Contudo, quem daquela miríade de nomes seria o tal artista?
Respirei fundo, frustrada. Levantei da cadeira, finalmente me dando conta de que já anoitecera e eu não havia comido nada desde manhã. Saí do meu quarto um pouco. Para minha infinita alegria, as meninas havia pedido comida chinesa.
– Pediram pra mim também?! – perguntei.
– Claro, besta! Do jeito que você estava empolgada no computador, imaginei que não ia ter saco para cozinhar nada – Carol disse, apontando para a tradicional caixinha e hashis.
Sentei a mesa para ter minha segunda refeição do dia.
– O que porra você estava fazendo no quarto o dia todo? – Débora perguntou. – Beatriz disse que vocês não tinham nenhum trabalho para amanhã.
– É o artigo. Estou tentando descobrir quem era o artista, ou a artista. Achei um monte de nomes que pode estar ligado a família, mas não sei quem é – falei.
– L.B. – Beatriz disse, chamando nossa atenção. – Seja quem for, assinou o quadro como L.B.
Deixei minha comida mal tocada em cima da mesa e voltei para o quarto mais um vez. Para a minha tristeza, havia algumas pessoas com essas iniciais. Voltei para a sala com os ombros caídos e ainda com fome.
– Sete pessoas com essas iniciais – falei ao me sentar na cadeira.
– Sete? Não é muito. Não dá pra pesquisar mais a fundo? – Débora perguntou.
– Sabe, eu acho que você só está perdendo tempo. Eu já terminei de escrever a crítica e o artigo. Vou levar próxima aula para a Professora Lima na próxima aula para ela dar uma olhada. Assim eu corrijo alguns erros antes da entrega final. Se eu fosse você faria o mesmo. Ainda estamos apostando, não é?
– Claro que estamos! E não se preocupe, eu não vou perder.
– Vocês ainda estão insistindo nisso?! Depois de tudo que essa maldita aposta aposta causou?! – Carol nos censurou.
– Exato – falei de boca cheia. – Depois de todo o estrago feito, seria um desperdício desistir agora – argumentei. – Respondendo a sua pergunta, Débora, sete pode parecer um número pequeno, mas obter informações sobre qualquer um deles é quase impossível. Então não tenho certeza se vou conseguir descobrir quem pintou os quadros.
– Não tem como descobrir qual dessas pessoas morou naquela casa? – Carol perguntou.
– Os papéis de antes da década de cinquenta foram perdidos em um incêndio – falei.
– Você podia procurar alguma coisa na biblioteca pública – Débora sugeriu. – Eles guardam umas coisas que você nem imagina.
– Ou você podia ser esperta e escrever a droga do trabalho ao invés de deixar tudo pra em cima da hora, que é o que vai acontecer se você continuar com essa bobagem – Beatriz disse.
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Meu Bom Professor
RomanceLia é uma aluna de jornalismo que está pouco interessada na cadeira eletiva de Crítica da Arte e o professor não pretende pegar leve com ela. Isso não seria problema se Lia não tivesse feito uma aposta com sua amiga Beatriz, afirmando que conseguiri...