Capítulo 28

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Subi as escadas, abri a porta do meu apartamento. Carol e Beatriz estavam sentadas à mesa, aparentemente esperando por mim.

– O que foi que eu fiz? – perguntei desconfiada.

– Nós que queremos saber. – Carol se levanta e me puxa pelo braço para eu sentar também. – O que foi que você fez?

– E com quem você fez? – Beatriz perguntou.

Uma armadilha muito bem plantada. Normalmente eu até gosto de comentar sobre essas coisas. contar os detalhes sórdidos e observar as reações de Beatriz era a melhor coisa. 

– Eu não fiz nada com ninguém – Infelizmente dessa vez não seria possível, então eu me levantei.

– Lia, você passou a noite fora – Carol se levantou também e me segurou pelo braço. – Dormiu na casa de quem?

Como explicar que passei a noite na casa de um homem hétero e solteiro, mas não fizemos nada? Digo, não foi por falta de tentativas da minha parte.

– Um amigo. Mas nada aconteceu – reforcei.

– Esse amigo pode se tornar mais que um amigo algum dia? – Beatriz só queria me ver em um relacionamento sério.

– Nem em um milhão de anos – respondi sincera, soltando-me do braço de Carol.

Eu estava cansada e frustrada. Precisava de um banho frio.

– Ele é gay – Carol deduziu logicamente.

– Eu não disse isso. – Parei no caminho só porque eu queria muito contar tudo, mesmo sem poder.

– Conta logo, Lia! – Beatriz exigiu, percebendo minha hesitação.

Suspirei pesado. Voltei a me sentar, assim como Carol. Passei um segundo pensando em como eu poderia compartilhar essa minha nova experiência sem que eu revelasse demais.

– Depois que eu saí da balada, vi que meu celular estava descarregado. Eu ia voltar para pedir o seu celular, Carol, mas eu fiz o favor de rasgar a fitinha de pulso e não me deixaram entrar. – Até aí, tudo verdade. – Um conhecido meu, estava passando pelo local. Ele me viu e resolveu me ajudar. Eu acabei dormindo no carro, então ele me levou pra casa dele.

– Espera – Carol me interrompeu. – Quem é esse conhecido e o que ele fez com você depois que você desmaiou bêbada?

Ela parecia preocupada e, depois do que disse, a expressão de Beatriz se transformou em puro terror.

– Amiga! Você tem que denunciar! – ela disse, pegando na minha mão.

– Ok! Podem parar! Nada aconteceu! Eu gostaria muito que algo tivesse acontecido, mas não foi o caso.

As duas se entreolharam sorrindo antes de olhar para mim novamente. Por que eu sempre falava demais?

– Então você queria que algo tivesse acontecido? – Carol insinuou.

– Conte-nos mais sobre isso – Beatriz incentivou.

– Vocês sabem que eu estou subindo pelas paredes ultimamente, então nem me venham. É claro que eu queria ter tido uma foda gostosa, mas tive que me contentar com a foda ruim que tive na boate – falei me levantando, deixando a menina cristã muito chocada e a nerd muito frustrada.

– A propósito, como foi a volta pra casa, Carol? Aquele seu namorado, qual o nome dele mesmo? Não importa. Ele parecia bem bêbado.

– O Caio? Ele bateu o carro – eu tive uma pequena parada cardíaca quando ela disse isso –, mas ele tá bem. Só que perdeu a carteira.

Meu Bom ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora