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Depois que Justin conseguiu me acalmar ele me leva para a cozinha e me senta em uma das cadeiras.

Ele vai até a geladeira e pega diversas coisas.

— Aceita um lanche ? A muito tempo você não come.  — Concordo com ele.

— Obrigada.  — Abro um sorriso fraco.

— OK, me diga o que queres e eu farei.  — ele faz uns movimentos engraçados.

— Que não me deixe e que não me deixe desistir de tudo.  — Falo rindo mas fico séria.

Ele me olha e parece me enchergar não por fora e sim meu interior, meus medos, minhas inseguranças, meus segredos.

— Eu nunca deixarei você ir.  — ele segura minha mão.  — Se depender comerá para sempre meus megas sanduíches.  — Dou risada.

Enquanto Justin prepara nossos sanduíches ele me faz diversas perguntas e brincadeiras.

Sei que está fazendo para que não lembre de meu avô, o que ele não sabe é que meu avô faz parte de quem sou.

[…]

Depois que comemos Justin me leva para o lago atrás de casa, ele disse que pode ser bom para mim.

Está um pouco frio, ele joga seu casaco por meus ombros e me abraça de lado, coloco meus joelhos próximo ao meu peito assim consigo fazer um encosto.

— Quer conversar sobre?  — Ele pergunta enquanto olho para o lago.

Fico alguns minutos em silêncio apenas apreciando a brisa leve de inverno, vejo que já se formou a camada de gelo sobre o lago e daqui a alguns dias se poderá patinar sobre ele.

— Quando eu tinha 5 anos meu avô me trouxe aqui, eu não sabia patinar e nem queria saber estava morrendo de medo com aqueles patins nos pés. — Dou risada. 

— Esmeralda Montenegro com medo?  — Justin pergunta rindo.

— Pode rir a vontade,  mas naquele dia meu avô me apoiou disse que eu conseguia fazer qualquer coisa, e que eu não deveria ter medo e depois daquelas palavras eu respirei fundo e confiei nele e em mim,  e nunca mais tive medo hoje sou uma ótima patinadora graças ao meu avô.

— Ele sempre te apoiou né? — Respiro fundo.

— Ele me criou, tudo que sei devo a ele e muito mais graças a ele sei muita coisa.  — Lágrimas invadem minha vista.

— Ele foi um grande homem, estava na hora dele descansar sei que é difícil perder alguém tão próximo, mas não devemos ser egoísta.  — Absorvo suas palavras.

— Eu sei, só não entendo o porque, porque ele não pode ser eterno?  — Olho para o céu como se alguém pudesse me responder.

— Seus irmãos me contaram sobre sua avó, aquele que tem o mesmo nome que você, Esmeralda eles se amavam e agora estão juntos felizes e tranquilos pensem no amor deles também. — concordo com a cabeça.

— Você está certo, estou sendo egoísta, mas dói, dói muito é como se tivessem arrancado meu coração e pisado nele, ele me deixou e eu o odeio tanto, mas não consigo eu... Ahh... — Fecho meus olhos. — Eu quero fechar os olhos e quando abrir ele estiver sorrindo para mim e dizendo que estava me trollando eu não ligaria apenas o abraçaria.

— Eu sei, mas temos que conviver com a dor de perder alguém, posso ser sincero?  — aceno que sim.  — A dor não vai embora com o tempo, não, o tempo não leva a dor,  o tempo deixa a dor suportável, nos mostra que aquilo deveria acontecer,  o coração fica partido mas você aprende a conviver com a saudade ela se torna uma amiga e não inimiga, você vai aceitar com o tempo.  — ele fala olhando para o lago.

— Você ja perdeu alguém Justin?  — Pergunto.

— Já, elas me fazem falta, mas sei que não poderia fazer nada naquele tempo, eu era imaturo e fiz tudo errado, e com o tempo aprendi a não cometer mais os mesmo erros.

— Quem você perdeu? — Ele não me olha, continua fixado ao lago.

— Isso não faz a menor importância nesse momento, quem sabe eu te conto em outra oportunidade, agora vamos entrar está começando a nevar.

— Ah eu não quero, gosto de ver a neve caindo.  — Falo estendendo a palma da mão e pegando um floco de neve.

— Você precisa entrar, sua mãe deve precisar de você nesse momento.

Lembro de minha mãe o quanto está sofrendo pelo pai dela, ele não era só meu avô, ele era um pai que ficou ausente por muito tempo e que estava recuperando o tempo perdido, minha mãe precisa de mim.

Concordo com Justin e ele me acompanha até entrarmos em casa, me despeço dele e vou para o quarto de mamãe.

Dou três batidas e ela me pede para entrar, vejo a deitada na cama parece que não dorme a semanas e sei que estou parecida com ela.

Ela me olha e sorri fraco, sei que está pensando o mesmo que eu, se meu avô nos visse agora diria que somos idiotas por estar chorando já que agora não se podia fazer mais nada.

Meus olhos se enchem de lágrimas e corro para mamãe, ela me abraça e sinto as lágrimas dela cair sobre o cobertor.

— Xiu... Xiu.... Tudo bem, vai ficar tudo bem, estou aqui por você.  — Digo a abraçando forte.

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