Capítulo 1

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             Entro com a minha comitiva dentro da sala de reuniões da Holfman, a empresa de investimento que se tornou uma multinacional há 50 anos atrás. Todos os advogados se levantam quando entro, me sento na cadeira da presidência dando permissão para os demais fazer o mesmo.

Hoje estamos reunidos para discutir o investimento em uma empresa de tecnologia a qual vem desenvolvendo aplicativos populares e lucrativos.

— Podemos começar. — Declaro.

A porta da sala se abre interrompendo o momento, uma mulher de altura mediana, de traços fortes e cabelo longo vestindo um terno cinza entra na sala. Seu rosto é impassível e ela não mostra nenhum desconforto por ter chegado atrasada.

— Desculpem o atraso. — Sua voz firme e baixa ressoa pela sala.

Observo ela caminhar e sentar do lado da empresa de tecnologia. Não consigo explicar como sua presença e sua voz fez algo repercutir na minha mente.

— Estão todos aqui, afinal? — Pergunto, o meu tom saindo mais impaciente que o normal.

O meu assistente assente e a reunião tem início. Fico me perguntando durante a reunião o que essa mulher faz no meio de tantos homens, e enquanto os advogados discutem entre si, eu me inclino na direção do Ismar, meu secretário pessoal.

— Quem é essa mulher?

Ele levanta os olhos para a morena de cabelo longo e liso que debate com o Richard, nosso principal advogado.

— A nova contratada do Dr.Richard, senhor.

O rosto dela é estranhamente intrigante para mim. Embora seja uma mulher notavelmente bonita, seu rosto é como um livro ao qual não consigo ler e ler pessoas é minha especialidade.

— Richard, os termos da empresa são claros nesse contrato. Queremos assumir a patente em troca de dar a outra empresa livre vontade para fabricar o que eles quiserem criar com a supervisão de um dos nossos diretores. — Específico.

Quando espero que todos fiquem em silêncio, ela limpa a garganta chamando a atenção de todos.

— Estamos fazendo um contrato justo e não uma amarração, presidente Hartmann.

Olho na sua direção.

— Meu cliente não concorda em dar o uso da patente inteiramente para a empresa Holfman, ao invés disso, uma divisão. Quanto a supervisão, concordamos desde que seja realizado uma vez no mês e não diariamente — Continua.

Sua voz é extremamente firme como nunca vi antes em uma mulher assim como sua postura. Os olhos redondos de azul acinzentado são um poço de mistério... Tentar ler ela está me deixando frustado.

— A senhorita não é advogada da empresa? — Pergunto. Olho para o Richard: — Ela não está com você?

O Richard se posiciona na cadeira.

— Ela trabalha comigo, mas não está representando a nossa empresa, Presidente. O Presidente da outra empresa pediu um advogado competente e especialista e eu recomendei a Advogada Muller.

Brinco com a caneta na minha mão medindo a situação.

— Está dando nossos advogados para a empresa de tecnologia?

— Acho que está equivocado, presidente. Eu não estou indo contra o senhor. Nesse momento estamos discutindo a parceira e não a separação. Se nesse momento eu estivesse como uma rival pode ter certeza que eu teria trazido mais do quê uma refutação sobre seus termos. — Diz ela, com uma calma que não dá a entender que ela acabou de me desafiar.

Senhor E Senhora HartmannOnde histórias criam vida. Descubra agora