Capítulo 34

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— Onde você se machucou? — Pergunta meu pai, seu rosto transparece a frustração e preocupação que ele está sentindo.

Abro os dois botões da minha blusa e desço a parte esquerda da minha blusa mostrando minha omoplata. Ouço meu pai praguejar e me visto novamente me virando para ele.

— Não foi nada grave, não se preocupe. O senhor me ensinou onde ser atingida — Sorrio.

— Isso não tem graça, Elise. Algo pior poderia ter acontecido com você. Eu me ausento por três meses e isso acontece. Desde quando se tornou tão imprudente? Eu ensinei você o suficiente para desarmar o agressor, não se colocar na frente de uma faca.

Sua postura está rígida e seu rosto demonstra o desgosto que está sentindo. Sei que isso tudo é preocupação, mas ele não deveria ser tão duro assim.

— Sim, eu faria isso se ele não estivesse tão próximo, pai. Eu estou bem e feliz por ter voltado, sentir sua falta.

Ele se desarma. Nós dois estamos na casa dele, meu pai chegou hoje de manhã e me ligou, eu sair imediatamente do trabalho para cá.

— Vai ficar uma cicatriz — Diz.

Balanço a cabeça.

— Nada que uma boa pomada não resolva. O senhor nunca me deixou ter uma tatuagem, e agora tenho uma cicatriz — Não evito de sorri.

Sua expressão parece piorar e eu paro imediatamente de fazer piadas sobre isso. Meu pai serve duas xícaras de café para nós dois e nos sentamos na mesa da cozinha.

— Como foi no trabalho? O senhor levou mais tempo que o habitual em Bona — Comento.

— Sabe que não posso falar do meu trabalho, mas, de fato, foi bastante puxado. Acho que irei me aposentar em breve.

Arregalo os olhos.

— O quê? Finalmente está pensando em se aposentar?

— Estou velho e o trabalho está me consumindo muito. Você já está casada e tem seu próprio dinheiro. Sua mãe deixou um bom seguro de vida para você e meu salário foi direcionado para sua conta. Claro, eu também guardei um seguro para minha velhice. Posso descansar agora.

— Sim, pai. O senhor precisa descansar, esses anos todos já foram o suficiente. Trabalhou como ninguém e já faz anos que deveria ter se aposentado. Me sinto tão aliviada agora — Confesso.

Ele leva a xícara de café até os lábios.

— Sua tia me disse que você parece está se esforçando muito para família do seu marido e te achou cansada quando te viu. — Ele olha para mim: — Você perdeu peso.

Suspiro.

— Nada com o que se preocupar, Major Muller. Estou me alimentando bem, mas peguei um caso complicado.

Nós conversamos por mais um tempo antes de eu sair para o escritório. Vou receber uma cliente mas não estou me sentindo muito bem, por alguma razão, começo sentir uma cólica forte.

Converso com a minha cliente pressionando minha barriga que está doendo. Uma dor excruciante que nunca sentir antes.

Estou envergada na minha mesa quando a senhora Martina entra no meu escritório trazendo um pedaço de bolo.

— Por Deus, garota. Você está quase transparente de tão pálida! — Exclama.

Estou suando frio e meu rosto contraído. Me sento na cadeira tentando ficar reta.

— Pode me passar um copo com água, por favor? — Peço.

Ela serve um copo para mim e vem para o meu lado tocando minha testa para checar minha temperatura.

Senhor E Senhora HartmannOnde histórias criam vida. Descubra agora