Capítulo 47

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  — A Adelaide está doente? — Pergunto, totalmente incrédula.

O Dener balança a cabeça em sinal positivo.

— Sim. Ela precisa de uma cirurgia de emergência, mas não quer fazer. Eu sinceramente não sei o que fazer, Elise.

Olho para o Dener sentado a mesa da copa. Seu café da manhã está a sua frente totalmente intocado e ele parece sobrecarregado.

— Você precisa contar isso ao seu pai, não fazer nada pode piorar a situação. Com a família sabendo sobre isso sua mãe não terá outra escolha a não ser fazer a cirurgia.

Ele suspira.

— Vou fazer isso logo após receber resposta de um neurologista da Inglaterra. A cirurgia pode deixar sequelas se ocorrer tudo bem.

Estico minha mão para segurar a sua, o Dener me olha e sorri de lábios fechados.

— Querido, vai dar tudo certo. Sua mãe não vai desistir tão fácil assim, você a conhece. Aconselho você a conversar com ela primeiro e tentar a persuadir. Mas antes, fale com seu pai e irmãos sobre isso.

— Vou fazer isso, querida. Obrigado.

Terminamos nosso café da manhã e o Dener vai até a casa dos seus pais enquanto eu vou para o jardim fazer uma caminhada para assimilar o que acabei de descobrir sobre a Adelaide.

Tumor cerebral? É uma das piores doenças e no caso dela sua visão está comprometida assim como seu sistema nervoso central... Deus, eu espero que dê tudo certo. Ela pode ser uma megera, mas não desejo nada assim nem para meu pior inimigo.

Paro na frente dos girassóis que estão cada vez maiores e acaricio minha barriga. O sol está quente e reflete de maneira brilhante o jardim. Sinto minha lombar doer e me sento em uma das cadeiras do jardim com um livro em mãos sobre recém-nascidos.

Não vejo o tempo passar quando estou lendo, nem mesmo noto quando a senhora Sophie coloca um prato com frutas a minha frente.

— Senhora Hartmann? — Chama.

Ergo o rosto.

— Sim?

— Seu celular está tocando, trouxe para a senhora — Estende na minha direção.

— Ah, obrigada.

Ela sorri e volta para dentro. No celular tem duas chamadas não atendida do meu pai. Retorno a ligação e o mesmo atende ela imediatamente.

— Oi, pai. Está tudo bem?

— Tudo bem, querida. Gostaria de saber se pode almoçar comigo hoje.

— Sim, é claro. Aconteceu alguma coisa?

Não, nada. Quero apenas comer com você e conversar um pouco. Faz um pouco de tempo que não nos vemos.

Sorrio.

— Certo, pai. Vou até aí daqui a pouco, então.

Desligo o celular e mando uma mensagem para o Dener avisando que vou almoçar com meu pai, ele me responde em minutos dizendo que tudo bem.

Quero saber como estão às coisas na casa dos seus pais, mas não me atrevo perguntar. Eu sei mais do quê ninguém como essa família reage a notícias ruins e essa notícia é péssima. Só espero que o Dener volte para casa a salvo. A carga que está em seus ombros é grande e eu me compadeço do meu marido.

A Adelaide é uma mulher indomável. Ela não aceitaria nenhuma cirurgia que a deixasse sobre cuidados de outras pessoas pelo resto da vida. A morte é mais convidativa. Deus... Que ela ceda ao apelo da família.

Senhor E Senhora HartmannOnde histórias criam vida. Descubra agora