Capítulo 57

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     Visto uma roupa confortável na Lotte e a coloco na cadeira, dou mamadeira a ela enquanto cuido de fazer um café da manhã para mim. Não estou falando com o Dener e o mesmo faz questão de fazer presença na cozinha e lançar olhares de cachorro sem dono, mas não terei pena. Ele errou e sabe disso.

Onde já se viu contratar uma ex para ser o rosto da empresa dele? Como eu deveria me sentir como esposa? Eu sei que o Dener nunca tentaria nada com ela e sou segura do seu amor por mim, mas se eu não fizer vista grossa e deixar isso passar em branco ele pode continuar cometendo os mesmos erros e isso eu não vou permitir.

— Vai ficar sem falar comigo mesmo? — Pergunta.

Tiro uma garrafa de suco da geladeira e vou até o balcão servindo a bebida em um copo e bebendo o mesmo em um só gole.

— Elise. Querida, por favor.

Respiro fundo e olho para ele.

— Quer que eu diga o quê? Não tenho nada para falar a você, Dener. Você contratou uma ex para ser o rosto da sua empresa e eu como esposa devo aplaudir? — Passo a mão pelo cabelo: — Não tinha mais ninguém para fazer isso?

Ele inspira se aproximando mais de mim, permaneço onde estou olhando para frente.

— Vou trocar a modelo. Eu não lembrava que algo já tinha acontecido entre eu e ela. Pode ter certeza de que quando me apresentaram ela para fazer a propaganda, nada me passou pela cabeça além de negócios — Explica.

— Não precisa trocar ela. Deixe como está. Eu não quero me meter nos seus negócios e depois ter a imprensa falando sobre mim mais do que já estão fazendo — Vou até a Lotte e limpo sua boca e mãos, tirando seu babador e a colocando nos meus braços. Olho para o Dener: — Vou voltar tarde hoje, não esqueça de ir pegar a Lotte às seis na casa dos seus tios.

Ele segura meu braço.

— Hoje terá uma recepção para a inauguração do nosso avião que adquirimos. Como você também é uma acionista e minha esposa eu gostaria muito que fosse.

— Que horas será?

— Às três da tarde. Voltamos mais cedo para pegar a Lotte e trazê-la para casa.

Concordo.

— Eu posso ir te buscar no escritório. — Oferece.

— Não. Eu vou sozinha.

Saio de casa com a Lotte nos braços e duas bolsas. Caminho até o carro colocando as bolsas na parte de trás e a Lotte na cadeirinha, fiscalizo três vezes para ver se está tudo certo antes de assumir a direção.

Por Deus, como o Dener pode ser tão ignorante ao fato dele já ter ficado com tantas mulheres e nem pensar em mim ao aceitar uma modelo para sua empresa? Estou brava por ele não ter pensado em mim.

Não lembra? Quem esquece de uma pessoa que teve relações íntimas? Foi tudo discreto e a mídia não soube já que só durou uma semana, porém isso não é algo que alguém vá esquecer. Eu lembro de cada beijo que dei na faculdade e em quem. Pensar no fato do Dener ter ficado com tantas mulheres que ele nem mesmo consegue lembrar causa uma certa irritação em mim, eu me casei com um verdadeiro Casanova.

Estaciono o carro na frente da mansão vendo a Valentina saindo para nos receber, sorrio na sua direção e vou até a parte de trás pegar a Lotte que balbucia suas palavras enroladas quando a pego no colo. Pego sua bolsa exageradamente bem equipada para um dia.

— Oi, minha princesa. Quantas saudades eu estava de você! — A Valentina estende os braços para a Lotte e a mesma vai na sua direção.

Sorrio para às duas vendo a Valentina brincar com a minha filha.

— Vou está com o celular ligado durante todo o tempo, não hesite em me ligar. Ela tomou café da manhã e sempre faz um lanche antes das 11 da manhã. Não esqueça de fazê-la arrotar — Digo.

A Valentina ri.

— Elise, não se preocupe. Não é minha primeira vez cuidando de uma criança e já estou acostumada a Lotte e ela a mim. Vá, resolva suas coisas e depois venha pegar sua filha.

Olho para minha boneca de olhos escuros e redondos chupando chupeta e tenho uma vontade imensa de pegar ela em meus braços e apertar de tanta fofura e beleza que é minha filha. Não acredito que coloquei um ser humano tão lindo como ela no mundo.

— Estou exagerando, eu sei. Mas é a primeira vez desde o nascimento dela que passarei tantas horas distante dela. Meu coração está partido — Confesso.

A Valentina ri outra vez e eu a entrego a bolsa da Lotte dando um beijo na cabeça da minha filha.

— Nos encontramos mais tarde, querida.

Aceno na direção das duas e entro no carro buzinando em seguida.

Dirijo até o subúrbio e vou direto para o meu escritório. Felizmente, não está tão empoeirado como eu imaginei, a senhora Martina me ajuda a manter às coisas em ordem e eu pago a ela para isso.
Pego minhas correspondências verificando cada uma delas, encontro uma endereçada exclusivamente para mim com o nome " Lise Hans ". Só às pessoas da instituição e faculdade me chamavam assim. Abro a carta e leio o conteúdo.

Perdi seu número, mas felizmente conseguir o endereço do seu escritório e por alguma razão não conseguir entrar em contato pelo telefone, então, decidi escrever essa carta e enviar pra você.
Estou surpreso e abalado pelo seu casamento e não tive coragem de comparecer mesmo quando enviou seu convite de casamento. É claro, estou feliz por você mas me sinto triste por mim mesmo. Eu realmente gosto de você e sempre deixei claro que foi meu primeiro amor e não ter sido correspondido torna tudo mais difícil.
Sem mais delongas e lamentos vou direto ao ponto que me fizeram escrever para você. Preciso da sua ajuda em um caso de fraude tecnológica e você é a melhor que eu conheço. Os papéis estão anexados. Dê uma olhada assim que ver e ligue para mim.

                Com carinho, Isaac.

Deixo a carta de lado e dou uma olhada nos papéis que estão anexados. Leio tudo com calma e abro o jornal onde mostra a notícia de uma fraude milionária em uma senhora de 67 anos. Não é um caso simples já que a polícia não conseguiu resolver.

Pego meu celular e disco o número que veio na carta. Cinco toques antes de ser atendida.

— Alô? — A voz grossa do Isaac atende em francês.

— Isaac, sou eu Elise. Acabei de ver sua carta que me deixou bastante interessada. Desculpe a demora para responder, como deve saber eu tive uma filha.

— Lise! Como é bom ouvir sua voz. Achei que não iria me responder de volta, mas estou feliz que fez. Como você está?

— Bem. E você?

— Muito feliz por está falando com você.

Sento na minha cadeira e pego os papéis que ele me enviou. Não posso dar corda ao Isaac, ele é muito bom em flertar e não perde uma oportunidade e esse foi um dos motivos pelo qual não ficamos juntos.

— Estou interessada no caso. Pode me explicar melhor?

— Sim, é claro. Como você já deve ter lido foi uma fraude muito grande e a empresa a qual usaram o nome está negando ter sido responsável e nós não temos provas para conseguir o reembolso. Tudo o que podemos fazer é indiciar eles, mas pra isso precisamos de um bom advogado e eu sei o quão insistente você é.

Sorrio.

— Obrigada por ter pensando em mim para isso. Vou pegar um vôo até Luxemburgo na próxima semana.

Depois de nos despedimos eu desligo o celular e dou uma outra olhada nos papéis.

Minha atenção é desviada por alguns minutos até eu me lembrar do evento que o Dener me falou, verifico às horas vendo que está na hora de colocar meu plano em ação. O Dener vai aprender que eu não vou ficar parada vendo ele contratar a ex. Se é pra alguém ficar nervoso e sobre fofocas, então vai ser ele. Não sou de ficar quieta e nem fazer escândalo. Irei mostrar como lembrar ao Dener como pensar antes de fazer qualquer coisa.

Pego minha bolsa e vou em direção a um salão de beleza.

O que será que a Elise vai aprontar?? Beijos e desculpem a demora.

Senhor E Senhora HartmannOnde histórias criam vida. Descubra agora