Capítulo 30

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     — Tenho percebido que está mais feliz e flexível desde que se casou — Comenta meu pai, em uma terça-feira a noite quando vou lhe entregar os relatórios da empresa.

Como sempre, estamos trancados no escritório com alguns aperitivos entre nós.

— O que quer dizer com isso? — Pergunto.

Meu pai sorri e dá de ombros.

— A Elise está se saindo muito bem nas aparições em público. Ela é diferente da sua mãe e da sua avó. Ela é calorosa, discreta e sorridente. Como ela está se sentindo com tantos deveres sociais?

Respiro fundo. A Elise não tem reclamado de nada, ela é bem adequada para a posição de primeira nora.

Ao contrário das minhas cunhadas, a Elise não pode usar maquiagem forte ou batons de tons chamativos ou escuro, mas isso não fazia parte do seu estilo desde sempre.

— Sem problemas, mas percebo que ela fica cansada.

— Ela já sabe que vocês precisam viajar por dois meses para divulgar o novo carro autônomo que a Holfman está produzindo? — Pergunta.

Balanço a cabeça em sinal afirmativo.

— Sim, a contei sobre isso ontem depois da reunião na empresa.

— E o que ela acha disso? O emprego dela é importante também.

Suspiro guardando os papéis. Já passa das onze da noite.

— Ela concordou em me acompanhar depois de criar um cronograma de trabalho para quando voltar. E só serão dois meses para uma advogada competente como ela. A Elise é jovem, quero que ela conheça o mundo antes de ficar presa a profissão como eu. Boa noite, pai.

Saio do escritório esbarrando na minha mãe que está me esperando na sala. Seu rosto sério e a postura rígida já deixa a perceber que ela deseja falar comigo, e que seu humor não está dos melhores.

— Acha que não sei que foi você quem fez sua avó me tirar das aparições públicas? Só você poderia fazer sua avó se voltar contra mim — Sua voz soa rígida.

Me viro e a olho.

— A senhora tentou dar chá abortivo a minha esposa. Já imaginou se ela tivesse algo?

— Mas ela não teve! Dener, estou fazendo isso para o seu bem. Essa garota não é adequada para você.

Não evito de ri.

— Nenhuma mulher é adequada se você não pode manipular, mãe!

Me viro para sair, mas ela segura meu braço.

— Dener, vai mesmo levar aquela garota para viajar com você e a apresentar a todos como sua esposa? — Pergunta.

Rio.

— Ela já é minha esposa, mãe. Não tem nada que vá fazer para desfazer isso — Estou preste a sair, mas paro pra olhar pra minha mãe: — Aliás, por quê não gosta da Elise? Ela é bem educada, tem um pai militar conhecido e ético...

Ela cruza os braços.

— Eu apenas não gosto dela e você deveria me ouvir. Tem algo de errado com essa garota. Ela é impetuosa e  astúcia. Não ver como ela mexe com seu pai e avós? Já viu seu pai sendo tão próximo de alguém como é dessa garota?

Não evito de sorri. Então é isso. Minha mãe sente inveja da Elise por receber uma atenção que ela nunca recebeu do meu pai ou dos filhos, nem dos meus avós.

Minha mãe vem de uma família rica e é filha única, ela fez o meu pai corteja-la até que se casaram, meus avós maternos são ingleses que vivem na Alemanha, eles sempre trataram minha mãe muito bem a um ponto dela se tornar egocêntrica. Meus avós paternos não foram com a cara dela desde o primeiro momento, mas não impediram o casamento do primogênito.

Senhor E Senhora HartmannOnde histórias criam vida. Descubra agora