Capítulo 41

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     Observo às coisas pessoais que trouxe da irmã Tereza. Não foram muitas coisas, apenas seu terço, a bíblia e algumas das cartas que enviei para ela há dois anos. Nós duas nunca perdemos o contato e ter passado um mês ao lado dela até seu falecimento foi algo que devo agradecer pelos momentos que tivemos.

O que me conforta ao pensar na sua partida é o fim do sofrimento dela. Eu não queria voltar tão cedo, mas não podia deixar o Dener correr perigo e já não tinha o que fazer em Madrid.

Estou me equilibrando nas pontas dos pés para colocar a caixa em uma das prateleiras do meu escritório em casa quando sinto um corpo atrás do meu. Olho para o lado vendo o Dener, ele coloca a caixa e se afasta, solto minha respiração quando ele se afasta.

— Elise, podemos conversar agora? Já faz três dias que você tem me evitado — Pergunta.

Suspiro passando a mão pelo meu cabelo. Eu tenho evitado ele de todas às formas possíveis. A imagem dele na cama da Amélie é tão vivida e desgastante que só de pensar nisso eu me sinto com raiva e enojada.

— O que você escreveu naquela nota... É verdade? Você quer o divórcio? — Indaga.

Olho para ele pela primeira vez em três dias vendo seu rosto angustiado.

— Você espera que eu esqueça o fato de ter pego você na cama da Amélie? — Questiono.

Ele respira, cansado.

— Eu não sei o que aconteceu naquela noite, é difícil de acreditar mas realmente não sei. Ela me ligou dizendo que tinha ingerido vários comprimidos como já fez antes, eu não pensei em muita coisa quando sair.

Balanço a cabeça.

— Você pensou o motivo de ter corrido para ir até ela ao invés de ligar para a emergência, Dener? E como você não sabe o que aconteceu? Eu vi claramente!

— A Amélie precisava ser persuadida, Elise. Ela não é uma pessoa fácil e se fosse algum desconhecido até o apartamento ela faria algo pior. Não é a primeira vez que ela faz isso — Responde. — Eu realmente não lembro o que aconteceu. Você acha que eu iria trair você com a Amélie? Realmente acha?

Passo mão pelo cabelo e me viro de costas para ele. Não consigo acreditar, mas ao mesmo tempo é um sentimento dividido.

— Elise... — Sinto sua mão no meu ombro.

Suas mãos abraçam minha cintura e eu fecho os olhos contendo a saudade que estava. Me mantenho firme quando ele me abraça apertado descansando seu queixo no meu ombro.

— Tenho quase certeza de que fui drogado, não tenho como provar mas nada explica o fato de eu não lembrar de nada. Você também não acha estranho? Eu só lembro de ter chegado lá e visto seu rosto...

Franzo o cenho e me viro para o Dener.

— Você realmente não lembra de nada? — Pergunto.

— Sim, eu só lembro de acordar ao lado da Amélie. Mas nada do que aconteceu... Não consigo lembrar.

Isso é suspeito.

— Você bebeu alguma coisa aquela noite? — Pergunto.

— Apenas aquela taça de vinho que você viu. Não bebi nada além disso.

— Nem na casa da Amélie?

Ele balança a cabeça frustado.

— Eu não lembro o que fiz depois de bater na porta, Elise. Por favor, acredite em mim!

Acalmo meu pensamento e tento pensar. Esse tempo fora eu cogitei várias opções do Dener ter ido para o apartamento da Amélie e acabado na cama dela, mas não pensei no uso de drogas.

Senhor E Senhora HartmannOnde histórias criam vida. Descubra agora