Capítulo 39

5K 501 153
                                    


— Então, você vai mesmo renunciar a empresa e todos os privilégios para ter uma vida normal? — Pergunto.

O Dener assente.

— Tem certeza que vai conseguir se adaptar a uma vida comum, Dener Hartmann? — Me ajeito sobre suas pernas — Meu salário é suficiente para duas pessoas, posso cuidar de você enquanto não encontrar outro emprego.

Ele ri e me abraça mergulhando o rosto no meu pescoço antes de me olhar.

— Eu não ficarei pobre. Tenho investimento por todo país e essa casa é minha, querida. Só irei deixar minha família e a empresa, mas terei que cuidar dos meus próprios negócios.

Suspiro.

— Achei que teríamos uma casa normal com varanda e uma cerca branca e seríamos um casal de trabalhadores comuns. Sonhei alto demais.

Ele segura meu queixo trazendo sua boca para a minha em um beijo rápido.

— Jura que se eu perdesse tudo ao renunciar minha família você ficaria ao meu lado? — Pergunta.

Seguro seu rosto.

— Eu me apaixonei por você, Dener. Não pela sua riqueza. E quando eu aceitei me casar com você foi porquê conseguia enxergar você pelo que é e não pelo que tem.

Um sorriso desenha seus lábios e ele me abraça. Ele está sentado na cama e eu estou sobre suas pernas. É uma quarta-feira a noite e os tios do Dener foram para a casa da vovó. Voltamos ser apenas o Dener e eu.

— Mas se você quiser podemos nos desfazer dessa casa e comprar uma com varanda e cerca branca — Sugere.

Sorrio.

— Seria muito bom, mas não vou tirar você do seu conforto. Você ama essa casa e a projetou. Meu lar é onde você estiver.

Ele suspira e me derruba na cama ficando sobre mim. Levo minha mão até seu rosto e o mesmo beija a palma da minha mão esquerda.

— Como vou ficar sem você por uma semana? Eu deveria apenas arrumar minhas malas e ir com você para Luxemburgo.

Só nele falar sobre a viajem a Luxemburgo meu coração aperta no peito. Estou embarcando daqui a dois dias para ir ao encontro de uma das freiras que cuidaram de mim na instituição. A irmã Tereza está no hospital e seu estado é grave, a velhice está consumindo o último suspiro dela e só de lembrar disso meu coração aperta.

Ela foi como uma mãe para mim e me disciplinou o suficiente para que eu fosse como sou hoje e não tenho como  expressar como a notícia dela está no hospital está me deixando de coração partido.

O Dener não sai do meu pé no dia antes da minha viagem, todos os momentos que ele encontra para fazer contato físico não deixa uma oportunidade passar. Só será uma semana que ficarei longe mas ele está se comportando como se fosse anos.

A noite, depois do jantar deixo ele no escritório e vou tomar banho. Nos últimos dias ele anda preocupado com alguma coisa e sempre que questiono esse sentimento parece sumir dele, entendo isso como um alerta para não me meter no seu assunto. Tem coisas que não podemos ajudar ou saber, a vida como advogada me ensinou isso.

Arrumo minha mala e entro no banheiro para tomar um banho. Cantaloro uma música francesa enquanto me banho, demoro um bom tempo no chuveiro e saio vestindo um roupão.

Verifico às horas no meu celular notando que o Dener já está fora por duas horas. Estranho. Tem uma mensagem dele, abro ela e franzo o cenho ao ler.

Desculpe, não vou conseguir acompanhar você até o aeroporto amanhã. Surgiu um trabalho de última hora e terei que passar a noite no escritório. Tenha um bom vôo.

Senhor E Senhora HartmannOnde histórias criam vida. Descubra agora