Capítulo 4

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          A noite de ontem não foi as das mais agradáveis, muito longe disso. Voltar a morar em Berlim me fez ter um choque de realidade quanto a violência das ruas, principalmente nos subúrbios. Em Luxemburgo eu fui criada dentro de uma instituição, ao ingressar na faculdade eu não saia muito. Minhas experiências com violência foram mínimas.

Hoje é meu terceiro dia em uma firma de advocacia ativista, uma das únicas que existe na Alemanha. Estou na frente de uma caso sobre colheita ilegal de provas em uma outra firma de advocacia.

Fico tão aturdida com o trabalho e com o que presenciei ontem que esqueço completamente de que o presidente Hartmann estava presente na situação. Eu devo um pedido de desculpas que não pude fazer porque ele foi embora antes de eu ter a oportunidade... Algo rude, devo dizer.

Mas tem algo que está me incomodando mais e isso é o fato de eu ter um encontro às cegas essa noite. Meu pai marcou esse encontro desde a semana passada e desde então não consigo me concentrar em nada inteiramente. Não faço idéia da pessoa que vou encontrar e como vou me sair já que minha experiência romântica é zero.

Só espero que tudo saia bem e eu me livre dessa sensação de estupor.

Quando cai a noite eu começo a me arrumar. Escolho um vestido azul claro com decote canoa, justo, e um pouco acima do joelho. Deixo meu cabelo escovado solto e faço uma maquiagem suave para a noite que realce o vestido.

Chamo um táxi passando as coordenadas de um restaurante refinado que me foi instruído. Durante o percurso eu contenho meu nervosismo apertando a minha bolsa e respirando fundo.

O restaurante é muito refinado, por dentro o luxo e elegância exala por todas as partes desde às pessoas, garçons bem uniformizados a decoração estilo vitoriana.

— A senhorita tem reserva? — Pergunta a recepcionista.

Tudo que tenho é um cartão com um número escrito que meu pai me entregou na noite passada, tiro o cartão escuro da bolsa, com letras pratas entalhadas, e passo para a mulher. Ela dá uma olhada e levanta os olhos com surpresa, mas logo disfarça.

— Me acompanhe, senhorita.

Sigo ela através do espaço do salão até subir uma escada de aço em aspiral e chegar a um corredor de madeira estilo oriental. Caminho sobre meus saltos fazendo o possível para parecer confiante e não demonstrar meu nervosismo.

— O garçom logo vai chegar. Fique a vontade e qualquer coisa nos chame.

Uma porta de correr é aberta e meu coração acelera quando imagino que do outro lado esteja o homem com quem vou me encontrar. Porém, eu relaxo logo ao perceber que não tem ninguém. Apenas uma mesa de dois assentos.

Olho para a jovem que me trouxe até aqui.

— Eu estou esperando alguém, eu... Hum... Não deveria ter alguém aqui? — Pergunto.

Ela abre um sorriso amigável.

— Iremos trazer essa pessoa aqui assim que ela chegar.

Concordo. Entro na pequena sala com apenas uma mesa de dois assentos com um papel de parede vinho, o chão escuro e uma música clássica no fundo.

Inspiro com calma. Eu cheguei na hora certa. Não fui adiantada ou me atrasei, ele quem está atrasado, mesmo assim eu verifico às horas para ter certeza.

O nervosismo está me consumindo. Eu geralmente sempre fico nervosa quando tenho uma audiência, porém tomo um calmamente e isso resolve uma parte dos problemas. Mas nesse momento nem o melhor dos calmantes poderia resolver.

Ouço passos no corredor e meu coração acelera. A porta é puxada e eu literalmente não acredito em quem eu vejo.

Nossos olhos se encontram e demonstram uma confusão nítida. A mesma recepcionista que me trouxe sai nos deixando sozinhos encarando um ao outro.

— Seu nome é Elise? — Pergunta.

Levanto da cadeira.

— Presidente Hartmann, o que faz aqui? — Pergunto, ignorando sua pergunta.

Senhor E Senhora HartmannOnde histórias criam vida. Descubra agora