O Dener está sentado na nossa cama e eu limpo o ferimento na sua testa, ele se negou ir a delegacia e deixou o Ismar cuidando de tudo. Limpo a ferida com um antisséptico e ele faz uma careta.
Seus olhos estão vidrados no meu rosto como se tentasse formular um pensamento.— Como sabe manejar uma arma? — Pergunta, o tom de voz sério.
— Meu pai me ensinou quando eu tinha 18 anos, ele também me fez treinar judô quando soube que eu iria lidar com criminosos.
O Dener parece assustado.
— Por quê? Isso te incomoda? — Questiono.
— Um pouco. Eu não sabia que andava com uma arma e você foi tão fria e firme ao ponto de eu achar que realmente iria atirar.
— E iria. Era a vida de duas pessoas que estavam em risco, se fosse preciso atirar, eu faria. Ninguém aprende a manejar uma arma se não tem a intenção de usar.
Coloco um band-aid na sua testa e finalizo o curativo colocando a caixa de primeiros socorros sobre a mesa de cabeceira. O Dener continua olhando para mim.
— Eu não sabia desse lado frio, não conseguiria nem imaginar que tivesse um. Você é tão amorosa, gentil e carismática — Diz.
Suspiro.
— Querido, eu sou uma advogada com duas especialização e entre elas está a área criminal. Conheço vários tipos de pessoas e já estive muitas vezes em presídios e cenas de crime. Não tem como não adquirir um lado frio.
Ele passa a mão no rosto e se inclina na minha direção segurando minhas mãos. Agora, ele parece angustiado e com um certo olhar de preocupação.
— Quando a vi entrar naquela sala sozinha... Meu Deus. Eu fiquei com tanto medo. Você não deveria ter ido lá sozinha. Não faça mais isso, por favor! Nunca mais coloque sua vida em risco por ninguém, nem mesmo por mim — Implora.
— Está tudo bem, de verdade. Eu não sou frágil ou tão fácil de ser machucada, querido. Tenho uma defesa muito boa.
Ele junta nossas duas mãos e baixa a cabeça como se um peso estivesse no seus ombros. Levo minhas mãos até seu cabelo e beijo sua cabeça.
— Como soube que eu estava em perigo? — Pergunta.
— Quando sair do almoxarifado depois da chegada da Amélie notei uma movimentação estranha daquele homem indo até o andar da presidência. Eu estava quase entrando no carro quando vi o Ismar indo embora e me dei conta de que você não iria sair sem ele. Como os seguranças estavam todos no andar de baixo e a empresa vazia, percebi que algo estava errado. Eu peguei a arma e subir. Ver que estava certa também me assustou.
Ergo seu rosto para que olhe para mim.
— Você conversou com a Amélie? — Pergunto.
— Sim. Desculpe, eu deveria ter falado sobre a gravidez, mas é um assunto que decidir não tocar nunca mais. A Amélie foi embora logo após sofrer esse aborto e minha mãe deve achar que ela teve o bebê no exterior — Ele acaricia minhas mãos — Foi isso que te deixou tão preocupada esses dias, não foi? Por quê não me perguntou nada?
— Não é uma história a qual eu deveria me meter. E depois de pensar eu cheguei a conclusão de que você nunca esconderia um filho seu, então tive medo de você ter um filho e não saber. Por isso, fui procurar a Amélie.
— Obrigado por compreender e ficar do meu lado.
Acaricio seu rosto.
— Tem certeza que não quer ir ao hospital?
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Senhor E Senhora Hartmann
RomanceA família alemã Hartmann é como uma família real para todo o país. O filho mais velho se chama Dener Hartmann, ele tem 34 anos e está a frente dos negócios. É um homem sério e inteligente, muito cobiçado, seus pais querem que ele se case o quanto an...