Capítulo 17

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    — Avisei ao meu pai e a Helena que não vou voltar hoje — Diz a Elise saindo do banheiro do hotel.

Sorrio. Estou sentado no chão, perto da cama com a comida e o champanhe. A Elise se senta na minha frente, o quarto está escuro e a única luz que entra é da janela de vidro e dos dois abajur acesos.

Ela já tirou o casaco e deixou ao lado do meu, no sofá. Sirvo um pedaço de pudim de limão para ela e um pedaço para mim.

— Partilhamos do mesmo gosto por coisas não muito doces — Comento.

— Quando eu estava na instituição costumava ir até a cozinha para conseguir algumas guloseimas. Às cozinheiras da semana sempre me tratavam bem e fazia um pouco de pudim de limão. É minha sobremesa preferida.

— Você nunca me fala sobre sua vida durante os anos que passou na instituição. Percebi que evita o assunto.

Ela deixa o prato de lado e bebe um pouco de água. Sua expressão está distante, tensa como a que vi da última vez que citei Luxemburgo.

— Os anos que passei lá não foram os melhores da minha vida, mas me ensinou muitas coisas. Na verdade, sinto que ter sido oprimida de todas as formas me deixou com mais voz e audácia. A cada vez que alguém me trancava em um sótão eu pensava comigo mesma que nada poderia me machucar desde que eu cuidasse de mim mesma.

Eu sabia. A determinação e a tenacidade dela não poderia ter vindo de uma criação sem uma parte dolorosa. Além de perder a mãe, ela teve que passar por um inferno.

— Você nunca contou ao seu pai o que acontecia com você lá? Por quê?

Ela balança a cabeça.

— Meu pai fez de tudo para que eu tivesse a melhor educação, consigo até imaginar os gastos que teve me mandando estudar fora. Não poderia falar a ele.

— Ah, Elise... — Lamento.

Com um sorriso ela volta a comer seu pudim como se não tivesse nem um pouco triste.

— O que aconteceu comigo me fez ser como sou hoje e tenho muito orgulho. Aliás, sua avó me alertou sobre sua família, mas é bom deixar claro com você que eu não sou intimidada tão fácil.

Tiro o prato da sua mão e me arrasto até ela passando meus braços a sua volta do mesmo jeito que ela me abraçou para me confortar do tapa que levei da minha mãe.

— Eu quero te fazer feliz, Elise. Não vou deixar mais nada assim acontecer com você. Daqui pra frente, eu serei uma montanha ao redor de você.

Suas mãos acaricia minhas costas e seu rosto mergulha no meu ombro. Ficamos abraçados por tempo suficiente para sentir a atmosfera que ficou no ar desde aquele final de tarde na minha casa, no meu quarto.

Olho para o rosto dela levando minha mão até seu rosto iluminado pela luz que vem da janela. Os olhos dela estão mais claros que nunca e seus lábios me convidam. Respiro fundo acariciando sua pele macia.

Circulo seus lábios com os meus dedos sentindo meu corpo enrijecer. A Elise me olha com a boca entreaberta, lentamente, uno nossos lábios levando minhas mãos para seus braços que estão descobertos. Estou tão afoito por sentir sua pele e a ter que qualquer movimento agora é decisivo.

Me afasto por um momento e a encaro com a respiração ofegante.

— Não consigo mais me controlar — Confesso.

Ela me olha com atenção e faz um maneio de cabeça consentindo.

— Tem certeza? — Pergunto.

Senhor E Senhora HartmannOnde histórias criam vida. Descubra agora