14. DEPOIS DA FESTA

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Minha mãe provavelmente está dormindo. Ela não respondeu. Eu ainda me sinto como uma merda. Inferno, eu sou uma merda.

Gemendo, eu puxo a minha camiseta sobre meus joelhos e envolvo meus braços em volta das minhas pernas; então eu enterro meu rosto lá. Eu fico aqui por um tempo, quando eu ouço a campainha lá embaixo. Eu não vou responder. Eu realmente não vou. A terceira vez que soa, eu desisto e dou uma resposta da cozinha.

— Sim?

— Sou eu. Christian.

Eu olho freneticamente em torno do lugar que eu compartilho com Kate. É uma fábrica-que-virou-prédio-de-apartamentos em Chicago. As portas para os nossos quartos estão ambas em um curto corredor, um no lado direito, um no esquerdo. Estantes de madeira pintadas e colunas de metal emolduradas ficam entre a cozinha e a sala de estar. Nós temos um buraco na parede entre a sala de jantar e despensa, e a alternativa mais barata que poderíamos pensar na época era pendurar uma enorme lousa sobre ela do lado da sala de jantar, onde nós escrevemos coisas quando chegarmos bêbadas ou apenas queremos fazê-lo. Ela costumava ser minha placa de ideias, mas as meninas a sequestraram.

Essa... Casa. Minha casa.

O que ele vai pensar disso?

Este apartamento é meu orgulho, meu pequeno local de paz, e agora ele vai estar nele e será intenso. Já faz um tempo desde que minhas amigas e eu tivemos essa conversa, mas nenhum homem tem atravessado a barreira sagrada do limiar do meu apartamento. Nunca. Ele é o primeiro. O primeiro.

Estou nervosa sobre ele vendo a minha casa, minha zona segura, meu orgulho e alegria, através dos olhos que têm visto muito de grande parte do mundo. Muito mais do que eu. O que é bastante para mim, pode ser simples e desinteressante para ele.

— Suba — murmuro e o deixo entrar, em seguida, corro de volta para o meu quarto, vestindo uma legging e trocando a minha camiseta por uma longa blusa, verifico o meu reflexo no espelho do banheiro. Suspirando em desespero devido as minhas pálpebras inchadas, eu esfrego meu rosto com sabonete e sigo para a porta.

Ele está esperando lá fora quando eu abro, se inclinando contra a parede, com uma mão no bolso, olhando para o seus sapatos, as sobrancelhas franzidas. Ele olha para mim. Minhas pernas estão paralisadas, como se elas não estivessem recebendo sangue suficiente. Ele não sabe como monumental é dar um passo atrás e acenar-lhe para vir para dentro. Deus, ele parece tão bom, tão bom quanto ele estava minutos ou horas atrás - que eu quase tropecei no tapete.

— Você quer café?

Ele olha em volta da minha casa com um aceno de cabeça. Sua gravata está desprendida e pendurada no pescoço, os botões de sua camisa desfeitos. Os cachos do cabelo estão no colarinho de sua camisa e quando ele enruga e continua observando a minha casa, ele se sobressai com toda a cabeça, escura e bonita. Eu tenho que lutar contra a vontade de estender a mão e tocá-lo. Em vez disso, nos trago duas xícaras para a mesa de café. Eu fico no sofá e o vejo se sentar na minha poltrona grande de leitura favorita, onde me ocorrem as melhores ideias. Eu estou com um pouco de medo agora, que eu nunca mais vá usá-la novamente sem me lembrar que ele esteve sentado ali.

— Me desculpe, eu saí sem falar com você. — eu sussurro, deslizando uma xícara sobre a mesa e recuperando a minha mão antes que ele pudesse alcançá-la.

— Ouvi dizer que você não estava se sentindo bem. — Ele se inclina para frente, ignorando o café. Ignorando meu apartamento e tudo com exceção de mim. Seu olhar dissecando, me faz abaixar meu rosto e expirar.

— Sim, eu acho — eu concordo.

— Alguém te perturbou, Anastasia?

— Pode ser... — Eu levanto minha cabeça, diante do protecionismo em seu tom e cruzo os braços sobre o peito. Uma figura masculina nunca foi responsável pela minha proteção. Eu gosto tanto, que eu sorrio um pouco feliz, em diversão. — Você vai dar um soco nela para mim?

Santo ou Pecador {Completa}Onde histórias criam vida. Descubra agora