51. Cereja Blues

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Eu acordo na minha cama domingo, muito tarde da noite, ou melhor, muito cedo na segunda-feira. Confusa, eu vou para fora da sala de estar, para encontrá-la vazia. Vou para o quarto de Kate.

— Lembre-me de não beber em um barco — Eu digo a Kate, agarrando minha cabeça, enquanto eu me inclino pesadamente na moldura da porta. Ela geme na cama. — Grey?

Kate mexe um pouco.

— Você estava desmaiada, ele te carregou.

— Por que ele não ficou?

— Ele ficou em seu quarto um pouco, e depois ele foi embora. Parecia que uma morta acordaria mais cedo do que você.

— Quando ele foi embora?

— Uma hora atrás.

— Me desculpe que eu te acordei, eu acho que eu ainda estou um pouco embriagada. — Eu me inclino em sua porta um pouco e suspiro. — Kate, tivemos um grande momento. Nós conversamos... nadamos... nós comemos cerejas... nós jantamos. Eu tomei apenas dois copos de vinho. Dois! E eu não me lembro do resto. — É o maldito vento e o movimento do balanço, ele sempre me afeta.

Eu gemo profundamente, lamentando muito aquelas bebidas que eu tomei.

— Feche a porta — ela murmura, quando eu saio.

De volta ao quarto, ligo a lâmpada e busco o meu telefone, e escrevo:

Obrigada por me trazer em casa.

Mas em vez de enviar a mensagem, eu tento ligar, para ver se ele responde. Quando ouço a sua voz, minhas veias começam zumbindo com algo ainda mais poderoso do que o álcool.

— Obrigada por me trazer para casa. Eu gostei muito de passar esse tempo com você — eu sussurro.

— Eu também.

Eu olho para o tempo; passou das 3 da manhã. Minha voz soa estranha, embriagada e sonolenta.

— Eu queria que você passasse a noite.

— Não há nenhuma maneira de descrever o que eu vou fazer com você quando eu passo a noite.

— Por favor, faça — eu imploro. Silêncio. — Eu te quero tanto, Pecado... — Silêncio. — Você pode fazer o que quiser comigo, desde que você prometa fazê-lo novamente.

— Essa é uma promessa que eu gostaria de manter — ele sussurra, com voz rouca.

— Eu sei que você não gosta de fazer promessas, mas a sua palavra é ouro, e se você tivesse ficado mais, eu teria deixado você me devorar. Mas não tudo de mim, você sabe. Você precisa deixar o suficiente... apenas para que amanhã, quando eu estiver sóbria, você possa me dizer o que você fez comigo.

— Então, eu consigo tudo, falando nas suas orelhas? — Sua voz soa perto do fone novamente e absolutamente divertido.

— Sim! — Eu digo, alegremente.

— E quando eu devoro cada parte de você com a minha boca?

Cada parte! Ohdeus, sim.

— Eu não tenho certeza que eu consigo resistir as suas orelhas — diz ele, em um tom trágico. O desejo continua se construindo.

— Ok — eu respiro. — Tome minhas orelhas também.

— Você tem certeza? Eu possuo todos os seus sentidos agora.

Eu expiro.

— Tenho certeza.

— Anastasia, eu quero você desfeita para mim, absolutamente destruída.

— Tudo bem, Grey. Eu estou!

— Tudo bem? — Ele persuade. Ainda divertido.

— Hmm. Estou no jogo, Grey. Bases carregadas.

— Passe o fim de semana comigo, depois da visita a sua mãe?

— Eu adoraria. Eu vou estar com todos os cinco sentidos. Muito em sintonia com seus planos impertinentes.

— Eu vou esconder o vinho — ele brinca.

— Christian! — Eu rio, então, preocupada: — Eu disse alguma coisa?

— Nada que você não disse antes.

— Christian! Porra, o que eu disse a você?

Ele ri.

— Nada que eu me importaria de ouvir novamente, Anastasia.

Quando desligamos, eu olho para o meu teto.

Oh Deus, eu disse a ele que eu o amava?

Bêbada?

Por que eu não posso dizer como uma pessoa normal, corajosa quando estou sóbria, olhando em seus olhos?

Tento me lembrar e eu não posso, eu simplesmente não consigo lembrar se eu disse isso. Mas se eu fiz... ele quer ouvir de novo?

Eu poderia ter apenas falado sujo, o que seria muuuito contrário a mim e algo que faria Grey provavelmente gostar de ouvir também.

Eu suspiro, arrumando meu travesseiro, e desligando a minha lâmpada, ficando assombrada e despertada pelo simples pensamento de uma haste de cereja amarrada.

Santo ou Pecador {Completa}Onde histórias criam vida. Descubra agora