29. PESQUISAS

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Um pouco mais tarde eu vou para o meu quarto, em minhas meias e a camisa dele, e olho para o meu notebook. Inalo, ao mesmo tempo em que trago a minha caixa de sapatos cheia com cartões de anotações, para o pequeno tapete ao lado da cama. Eu sento em estilo indiano no chão e leio as minhas anotações, uma por uma. Anotações sobre ele. Verdade e lealdade, eu tinha escrito. Traços que ele provavelmente admira em seus melhores amigos. Traços que ele provavelmente nunca encontrou nas mulheres que estão atrás dele. Verdade e lealdade... Isso é tudo sobre o que posso escrever. O resto do que eu aprendi é muito cru para eu compartilhar. Mas a verdade e a lealdade. Coisas que Grey valoriza acima de amor. Coisas que ele não encontrou em mim. Eu li a parte traseira do cartão, minha anotação rabiscada, está falando de mim.

EU SOU HORRÍVELLL.

Ele estava ali falando de verdade e lealdade, enquanto eu me sentei lá tocada por tudo o que ele falou, sabendo absolutamente que eu estava me apaixonando, impotente para detê-lo. E ainda assim, eu estava anotando. O estudando como um rato de laboratório. Como se ele não fosse humano. Como se ele não fosse impulsionado pelas mesmas coisas que todo mundo é: Um coração, uma mente, um corpo, hormônios; como se ele não precisasse de ar e água e talvez até mesmo de amor; como se ele fosse um robô para ser examinado e comido para a diversão do mundo.

Mesmo? O que importa se ele esteve com mil e uma mulheres? O que importa se ele é a obsessão da cidade e agora também a minha? Ele é humano. Ele tem direito à pouca privacidade que tem. Ele é tão malditamente fechado, ele raramente se abre a alguém e eu sei que é porque ele é sempre muito julgado e examinado. Meus olhos estão cheios de água, e de repente, eu pego os cartões e começo a rasgá-los, um por um. Então eu deito com todas as anotações espalhadas em torno de mim e choro um pouco. Então eu olho para a bagunça dispersa.

O que eu fiz? Oh, Deus. Se eu quiser salvar a revista, eu preciso entregar algo. Eu inspiro e expiro.

— Anastasia? — Eu ouço Kate chamando. Ela espia dentro e verifica a confusão de blocos de notas rasgados, e depois a mim. Tão destruída quanto o papel em volta de mim. — Oh, Ana.

Eu começo a chorar.

— Eu preciso escrever.

— Ana, diga-lhe a verdade. Diga-lhe a verdade. Se ele te conhece realmente, ele vai entender.

— O quê? Que eu sou uma mentirosa?

— Diga a ele que você o ama — diz ela.

— Ele não quer o meu amor. Ele valoriza... Verdade e honestidade, qualidades que não possuo.

— Você as possui de monte. Você é leal e honesta com todos.

— Mas não com ele.

— A partir do momento que você falar com ele e contar a verdade, você será. Faça-o ver a situação pelos seus olhos. Talvez você possa ter tudo.

— Quem consegue tudo, Kate? Ninguém. Ninguém.

— Mas ainda nós todos acreditamos que podemos. Não é esse o ponto de tudo o que fazemos? Nós queremos tudo. Assim escreva este artigo. E se você ainda o quer, então você deve ir buscá-lo.

Faço uma pausa.

— Eu o quero — eu sussurro, limpando meu rosto molhado com as costas da minha mão. — São milhões de pequenas coisas que, somadas, me dizem que não há ninguém neste mundo, e nunca haverá, que tem este efeito espetacular sobre mim, apenas ele. Às vezes eu não consigo me ver quando estamos juntos, por que estou tão perdida nele. — Eu limpo os meus olhos. — Ele é o único homem com quem eu sonho à noite e o único que eu quero acordar ao lado de manhã. Todo mundo está atrás da fama ou do dinheiro dele, mas eu não o amo por causa de qualquer coisa que ele tem, mas porque ele me tem...

Santo ou Pecador {Completa}Onde histórias criam vida. Descubra agora